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Basquete: Vasco repete erros do passado e atrasa salários

Um dos temas mais impactantes do basquete nacional neste começo de temporada atende pelo nome de Vasco da Gama. E não é necessariamente pelo que (não) acontece dentro de quadra com o time de Dedé Barbosa que perdeu sete de suas dez primeiras partidas no campeonato, mas sim pelo absurdo que tem ocorrido fora dela.

De acordo com matéria veiculada pelo Jornal O Globo esta semana, o cruzmaltino deve três meses de salário aos atletas e comissão técnica. Se não estou maluco, os jogadores começaram a se preparar para o NBB, ganharam a Copa Avianca (torneio preparatório) jogando muitíssimo bem, atuaram em 10 partidas do campeonato e ainda não receberam um mísero centavo. Não há outra palavra pra definir isso que não inconcebível, me desculpem.

Se não fosse bizarro o fato de estarmos em 2018 e ainda vendo times atrasando pagamento a jogadores, há um agravante nesta história toda: o Vasco é, digamos, aluno repetente nesta matéria, já que na temporada passada, a primeira da volta da equipe à elite do basquete brasileiro, e lá no começo do século o clube já devia HORRORES a atletas. Alguns (e não são poucos) daquela geração vitoriosa comandada por Hélio Rubens recebem em parcelas até hoje (é sério!) pelo que jogavam 10, 15 anos atrás. Ou seja: esta mesma diretoria que aí está (Eurico Miranda como presidente e Fernando Lima como Diretor de Esportes Olímpicos) repete práticas do passado: contratar, contratar, contratar e… não pagar como se nada tivesse mudado. Será que não deu pra aprender nada com os erros? A dupla acha normal não olhar basicamente as condições das contas antes de sair despejando propostas no mercado?

Para piorar as coisas, um dado me chamou a atenção quando vi a previsão orçamentária para o ano de 2018.

É sério mesmo que o Vasco previa arrecadar com patrocínio a bagatela de R$ 8,4 milhões? Isso dá a quantia de R$ 700 mil/mês. Não precisa ser nenhum gênio do esporte pra saber que este valor é irreal, completamente fora dos padrões do esporte brasileiro. Ainda mais um esporte olímpico que, via de regra depois do Rio-2016, está falido.

E sabem o pior de tudo? A gente olha pra camisa do time nas quadras do NBB e… não vê nenhuma marca associada à camisa cruzmaltina (só a Umbro, fornecedora de material esportivo). Não é que os vascaínos esperavam captar R$ 8MM e chegaram, sei lá, a R$ 4MM, 5MM, mas sim que, pra usar algo comum no mundo ultimamente, o clube está com 0% da meta atingida. Sobram, então, duas linhas de receita (bilheteria e uma chamada de “outras”, que eu não sei dizer), mas que não representam nem 3% do orçado pra entrada.

O que me assusta nisso tudo é: mesmo com todos os problemas, mesmo sem ver uma luz de patrocínio no final do túnel, o Vasco foi contratando, logo depois de fechar o NBB passado em que já devia salários a atletas que participaram da campanha de 2016/2017, um jogador atrás do outro como se não houvesse amanhã. Vieram quase que em uma tacada só Lucas Mariano, Fúlvio, Dedé, Gui Deodato, Giovannoni, Renato, Hayes, Gustavo Basílio, além dos mantidos Nezinho e David Jackson.

Não precisa ser um administrador de sucesso pra ver que são quase todos atletas caros, com quilometragem, passagens por seleção brasileira e Europa. Como o orçamento mesmo previa, a “facada” sairia pesada e está aí uma folha salarial de quase R$ 435 mil/mês (R$ 5,1 milhões/ano) que não me deixa mentir. Muita coisa. E aí intriga, né? Ninguém na Colina de São Januário teve um momento de sabedoria e ponderou que, caramba, ei, “será que temos dinheiro pra pagar essa galera toda?”. Não, né…

Por vim, vale falar um pouco sobre o mega complicado papel da Liga Nacional de Basquete nisso tudo. Entendo as regras, e o Vasco acabou cumprindo todas elas (tinha salários atrasados da temporada passada ao final do certame, pagou aos que são filiados à Associação de Atletas e deu garantias à LNB que arcaria com os salários em dia neste campeonato de 2017/2018) para jogar este NBB em que está inserido, mas creio que a entidade que organiza incrivelmente bem o campeonato nos últimos anos deva fortemente procurar mecanismos de tentar blindar os atletas de sofrerem com isso no futuro.

É uma maneira de proteger, aliás, não só os jogadores, mas sim o nome de seu produto que tão bem tem sido cuidado desde seu surgimento. Por mais que não tenha ação direta, indiretamente a marca NBB fica em evidência não por culpa da Liga Nacional, mas sim devido a irresponsabilidades de uma de suas mais famosas agremiações.

Por fim, coloco uma provocação por aqui. Em um cenário diabólico, hoje em dia é possível que um time não pague NENHUM salário aos atletas durante a temporada, permaneça jogando o NBB INTEIRO, pague suas dívidas ao final do certame e, pro campeonato seguinte, continue entre os clubes da divisão de elite do basquete nacional. Torço pra não acontecer isso, mas é uma situação, com as regras atuais, possível e tirando o exagero é um pouco do que acontece no Vasco.

Vasco, aliás, que não é o único, e nem o último, que deve salários a atletas no Brasil. Choca, porém, a maneira repetida e pouco profissional que os mesmos dirigentes agem no desespero de montar um time competitivo. Não importam os meios (COMO e nem COM QUE grana aquele time está sendo projetado), mas sim os fins (ou os títulos possíveis). Em São Januário meteram os pés pelas mãos e hoje não conseguem pagar o prometido aos atletas.

Não dá, obviamente, pra tirar os problemas extra-quadra quando fizermos as análises sobre a fraqueza do time vascaíno neste NBB. Não é uma situação normal, nenhum profissional deve passar por isso e sem dúvida alguma isso afeta a atletas e comissão técnica.

Fonte: Bala na Cesta - UOL
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