Muitas análises sobre o trabalho do Sá Pinto foram feitas antes do treinador chegar ao Brasil, e várias delas, apontavam que ele gostava, e não abria mão de forma alguma, de jogar no esquema 4 – 2 – 3 – 1.
E foi exatamente assim que ele começou a trabalhar logo quando chegou, porém, na medida em que as dificuldades foram surgindo, ele abriu mão dos seus conceitos, e desenvolveu um novo estilo de jogo para a equipe Cruzmaltina, que até então corrige alguns dos erros comuns que seus times cometiam.
Ofensivamente, a proposta é clara, o time tem que chegar ao ataque com pelo menos a mesma quantidade de jogadores contidos na linha de defesa adversária, e a movimentação dos atletas é primordial para que o ataque funcione.
O lance do primeiro gol do Vasco contra o Sport é um exemplo disso, onde tivemos um ataque de 3 x 3, com o diferencial sendo a movimentação do Léo Gil, ultrapassando pelas costas do Talles, e a do Cano, que se deslocou fora do campo de visão do zagueiro, no tempo certo, para chegar atacando a bola na disputa.
Além disso, vem sendo cada vez mais comum, ver o Vasco chegando à área adversária com 4 jogadores, quando Léo Mattos e Neto Borges surgem como elementos surpresa dentro da área.
Defensivamente, ele abre mão dos corredores laterais nos contra-ataques, o que justifica, inclusive, o fato dele reforçar a estatura da linha de três zagueiros, pois times velozes conseguirão alçar a bola na área do Vasco, e para que isso não gere nenhum lance de perigo, a defesa tem que estar afiada na bola aérea.
Era uma falha comum em seus times, a linha de defesa deixar espaços nos corredores internos, que são os mais propícios a dar ângulo para finalização para dos adversários. Esta linha com 3 zagueiros, sendo composta pelos dois volantes, ocupando os corredores internos e central, soluciona isso, porém, como já citado, abre espaços para cruzamentos na área em jogadas de contra-ataque. Este novo posicionamento defensivo do Vasco, lembra bastante o adotado pelo também português Luís Castro, no Shakhtar Donetsk.
O time do Vasco ainda sente peso na questão física, e isso atrapalha o trabalho do técnico, que depende muito da compactação de 5 metros entre as linhas, para fazer sua ideia de jogo funcionar, porém, deu pra ver que aos poucos o time vai ficando com mais fôlego do que de costume.
O fato é que no primeiro mês de trabalho frente ao Vasco, Sá Pinto aumenta seu repertório junto com o time, dando a lição de que convicções absolutas nem sempre são saudáveis, e todos podemos mudar nossas ideias, e adaptar nosso trabalho, de acordo com o ambiente em que vivemos.
Qual será o legado da passagem do Sá Pinto pelo Vasco? Ainda não temos esta resposta, porém, é seguro afirmar que para o treinador, o saldo já é positivo, pois ele vem se redescobrindo como profissional ante a este, que é um dos maiores desafios de sua carreira.