Um dos mais de 100 atletas contratados no projeto olímpico do Vasco no início dos anos 2000, o ex-jogador de vôlei Geovani conseguiu na 13ª Vara Cível ganho de causa para penhorar a verba de patrocínio da Caixa Econômica Federal para o clube de São Januário. O departamento jurídico do clube entrou com recurso pedindo redução da penhora dos R$ 15 milhões que o banco público vai pagar aos vascaínos. O ex-atleta cobra pouco mais de R$ 1 milhão por falta de pagamento do contrato de cessão de direitos de imagem e prestação de serviço em sua curta passagem pelo clube carioca.
A informação, veiculada na coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, trata de uma causa antiga. Geovani Gávio, bicampeão olímpico em 1992 e 2006, jogou no Vasco em 2000, quando a equipe de vôlei tinha sede em Três Corações (MG), cidade onde nasceu Pelé, e atuava com a camisa vascaína. Através da sua empresa Geovani Gávio Promoções Ltda, ele assinou contrato de dois anos para receber R$ 75 mil por mês. O projeto olímpico vascaíno não durou muito e o jogador logo deixou São Januário, mas reclamou na Justiça atraso no pagamento.
Em 10 de outubro de 2007, Vasco assinou documento reconhecendo dever R$ 963 mil a Geovani. O pagamento seria feito da seguinte maneira: As duas primeiras parcelas quitariam R$ 63 mil, sendo um pagamento à vista na assinatura do acordo e outra 30 dias depois. O restante, R$ 900 mil, seria pago em 30 parcelas de R$ 30 mil. Porém, o Vasco só pagou as primeiras parcela e depois deixou de pagar o ex-jogador de vôlei. Geovani, então, cobrou a dívida em penhoras de jogos e rendas do futebol, mas não deu resultado, pois o clube muitas vezes se recusava a assinar o mandado de penhora. Segundo o advogado de Geovani, Claudio Daólio, o ex-presidente tentou novos acordos com o atleta.
- Na época do Eurico eles ainda o chamavam para conversar, para tentar diminuir o valor, mas quando mudou a administração, esse contato encerrou de vez - explica o advogado de Geovani Gávio, hoje treinador de vôlei.
Sem pagar as parcelas de R$ 30 mil, o Vasco efetuou pagamentos em quantias mínimas, de 10% das receitas com as lojas do Vasco, segundo redução da ação obtido pelo departamento jurídico vascaíno.
- Era um pagamento de R$ 200, R$ 300. Pensar que um clube do tamanho do Vasco faturou apenas R$ 2 mil ou R$ 3 mil num mês com seus produtos licenciados é muito pouco. Só uma camisa do Vasco custa quase R$ 200. Era para dizer que estava pagando a dívida e para não ficar inadimplente. Mas assim levaria 20 anos para pagar tudo que deve ao Geovani - conta o advogado do ex-jogador.
O advogado resolveu então adotar outra estratégia para cobrar o débito com o Vasco. A solução encontrada foi penhorar o contrato do novo patrocinador. A Caixa e o Vasco assinaram o acordo de patrocínio até agosto de 2014 na última sexta-feira. O clube, inclusive, já até pagou o mês de setembro que estava atrasado.
- Pedimos a penhora do contrato público de patrocínio feito com a Caixa. O juiz determinou que a Caixa tirasse do processo esse valor e pagasse ao Geovani. Ainda não foi cumprida a determinação, mas o juiz já expediu o mandato de penhora. Agora, como o Vasco nunca recebe as citações, nunca colabora, o mandato vai direto para a Caixa, para ela retirar o valor da dívida - conta Daólio.
Procurado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, o advogado do Vasco Marcello Macedo disse que o clube já entrou com recurso há mais de uma semana. Ele pretende despachar nesta quinta-feira com o Judiciário e conseguir a redução da penhora para menos de 10% do valor do pagamento da Caixa Econômica Federal. Nos balanços financeiros do clube, constava até 2011 um débito de R$ 570 mil com o ex-jogador de vôlei. Em 2012, porém, esta quantia não aparecia mais no documento oficial vascaíno.
Questionado sobre a possibilidade de um novo acordo, o advogado de Geovani não descartou uma redução no valor, descontando juros e multas, porém quer resolver logo o assunto.
- Da parte do Geovani sempre houve a tentativa de acordo. Mas o clube faz acordo para não cumprir. Pode haver redução e desconto, mas qualquer acordo passaria por um pagamento de toda a dívida - diz Daólio, advogado de Geovani.