Futebol

Advogados dos clubes do Rio se unem em canal para compartilhar experiências

Embora não entrem em campo, os advogados dos clubes têm participação fundamental no futebol. Defesas precisas evitam perdas de pontos, contratos bem feitos protegem os times de possíveis rescisões unilaterais e podem garantir contratações de impacto. Pequenos vacilos como uma vírgula mal colocada, porém, podem custar caro.

Rivais nos tribunais por muitas vezes, advogados de Fluminense, Flamengo e Vasco se uniram no canal "FUTJUR", perfil que criaram no Instagram para compartilhar experiências de suas respectivas atuações - o Botafogo também teria um representante, mas, por falta de agenda, Aníbal Rouxinol não seguiu no projeto.

O Fluminense tem dois advogados no grupo: Roberta Fernandes e Bernardo Leal, diretora jurídica do clube e advogado do futebol profissional respectivamente. Fernando Lamar, gerente jurídico de futebol do Vasco, e André Galdeano, que faz a mesma função no Flamengo, completam o quarteto.

Experiências dos quatro são compartilhadas, e dirigentes, ex-jogadores e advogados, é claro, são convidados para tratarem do tema na plataforma. Para entender quais os principais objetivos do "FUTJUR", o ge fez uma pergunta individual a cada um dos advogados e uma em comum para o quarteto.

Confira as perguntas:

Roberta (no Fluminense desde 2005), como surgiu a ideia de unir os advogados dos grandes para passar conteúdo a torcedores e profissionais do futebol?

- Nós já trocávamos experiências e mantínhamos um grupo de WhatsApp há muitos anos. Já nos ajudamos em inúmeras situações relacionadas aos nossos clubes. Com a pandemia e a imposição de um distanciamento obrigatório, era chegado o momento de transformar essa parceria em algo que pudesse beneficiar outras pessoas, algo que pudesse de alguma maneira transformar o mercado do Direito Desportivo. Cada um de nós tem mais de uma década de experiência. Com a criação do Futjur estamos buscando ser a referência que não tivemos quando começamos nossas carreiras. Para nós, conhecimento precisa ser compartilhado. Ainda é um mercado muito fechado. Poucos tem a possibilidade e a disponibilidade de trazer a parte prática como nós temos.
 

Bernardo (no Fluminense desde 2008), qual o objetivo de vocês, advogados, com este perfil?

- Na verdade, acho que todos nós concordamos que as discussões que tivemos ao longo desses anos sobre os temas relacionados ao nosso dia a dia, seja apenas entre nós advogados dos clubes do Rio de Janeiro ou com outros colegas dos outros estados, sempre foram extremamente enriquecedoras. No entanto, essas trocas sempre aconteceram em um ambiente privado nosso. Nesse sentido, com o advento das mídias sociais, a nossa intenção é justamente trazer essas discussões ou, ao menos uma parte delas, que são extremamente interessantes, para um ambiente público e, talvez, gerar um novo foro de debates.
 

Fernando (no Vasco desde 2008), no conteúdo de vocês, pretendem priorizar algum tema específico? Mais contratações, por exemplo? Ou então questão de infrações a regulamentos? Há algum ponto principal ou é possível atacar diversas questões?

- Vamos abordar diversas questões porque entendemos que todos os assuntos ligados ao Direito Desportivo são fundamentais e estão interligados. É óbvio que alguns temas geram maior interesse do público e da mídia em geral, porém eles só podem ser abordados corretamente levando-se em conta temas considerados menos importantes pelos leigos no assunto. O objetivo é levar conteúdo relevante e esclarecedor para os nossos seguidores.
 

Galdeano (no Flamengo desde 2010), você conta uma história pessoal no perfil e a maneira que seu trabalho te ajudou a superar. Por ser o advogado com mais tempo de casa dentre os quatro, novos casos serão relatados?

- Sim, pretendemos. Não só as minhas histórias, mas de todos os advogados envolvidos no projeto. Nosso lema é "Direito no futebol pelas mãos de quem faz". Todos nós temos, no mínimo, uma década trabalhando nessa área. Nesse sentido, acreditamos ser interessante compartilharmos essas histórias. Serão breves passagens, muito particulares, que refletem um pouco da experiência pessoal de cada um de nós e que demonstram o impacto do Direito Desportivo em nossas vidas, na vida dos clubes e na vida dos torcedores.
 

Uma para os quatro: o que vocês encaram como um gol de vocês?

- Consideramos cada negociação em que participamos e que é finalizada com contratos feitos por nós um gol marcado. E sempre que uma negociação é travada por uma questão técnica de direito apontada por nós, consideramos uma defesa de um pênalti, uma vez que, assim como um gol sofrido, uma contratação maléfica, juridicamente falando, pode prejudicar o clube.

Foto: Lucas MerçonBernardo Leal (Flu) André Galdeano (Fla) Roberta Fernandes (Flu) e Fernando Lamar (Vasco)
Bernardo Leal (Flu) André Galdeano (Fla) Roberta Fernandes (Flu) e Fernando Lamar (Vasco)

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Gostaria de contar um pouco da dinâmica de algumas histórias que julgo bem interessantes dos bastidores do futebol. Hoje gostaria de compartilhar com vocês a saga que foi a sistemática e a logística da contratação por empréstimo do atleta @rafaelcarioca5 pelo Vasco, junto ao Spartak de Moscou, em janeiro de 2010. Eu estava no Vasco há pouco mais de um ano e a situação era extremamente desfavorável para o clube, já que o jogador era ídolo do time russo e a diretoria não queria libera-lo em hipótese alguma. Depois de muita conversa entre os dois clubes, e muita pressão do jogador, que queria voltar ao Brasil, o Spartak resolveu aceitar a proposta de empréstimo, porém não aceitava encaminhar o contrato só por e-mail. Exigia a presença de um representante do Vasco na capital Russa para assinar o contrato pessoalmente. O problema é que estávamos na primeira semana de janeiro. O Natal na Rússia é comemorado no dia 07 do mesmo mês, e na semana do Natal é feriado no país, estando, inclusive, o Consulado Russo no Brasil fechado neste período do ano. Como então eu conseguiria viajar à Rússia, se eu precisava de um visto temporário e o Consulado estava fechado? Diante deste cenário, entramos em contato com o Spartak, que fez o meio de campo com o Consulado Russo e abriu excepcionalmente para atender o Vasco. Consegui o visto, que era de cinco dias. Me senti confortável porque a reunião já tinha data marcada. Porém ao chegarmos na Rússia, eu, o agente do jogador e o jogador, entramos em contato com os representantes do Spartak que desmarcaram a reunião, alegando ser feriado no país, sem data definida para um novo encontro. Depois de incansáveis e diárias ligações, a reunião só foi remarcada para o final da semana seguinte à nossa chegada à Moscou, ou seja, chegamos com visto para 5 dias, e com bagagem para 5 dias, levando-se em conta que fazia 20 graus negativos por lá, e tivemos que ficar aproximadamente 14 dias. ➡️ Continua nos comentários Crédito: @lucasmerconphotos

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Fonte: ge
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