No duelo dos maestros, aquele que suportou até o fim saiu vencedor. Com assistência cheia de raça de Juninho Pernambucano, Alecsandro marcou o único gol do clássico contra o Botafogo, na noite desta quarta-feira, no Engenhão, e fez o Vasco dormir na liderança do Campeonato Brasileiro, passando o Atlético-MG por um ponto.
Diante do panorama do início do jogo, era de se esperar que o Botafogo, aclamado pelo técnico cruz-maltino como um adversário de difícil encaixe para o Vasco, pudesse ser superior de novo, a exemplo dos outros dois encontros de 2012. Renato e Vitor Júnior, de longe, criaram as primeiras chances e inflamaram sua torcida. Posicionado à esquerda e recuado em relação à estreia, no último domingo, Seedorf ajudou a reduzir os espaços de Juninho, Carlos Alberto e dos laterais. Assim, o vice-líder do Brasileirão não mantinha a bola no campo de ataque.
Essa estrutura, porém, não durou muito mais do que dez minutos. A começar pelo alto, o Gigante da Colina começou a destruir o esquema de Oswaldo de Oliveira. De cabeça, Alecsandro parou em milagre de Jefferson, à queima-roupa, tentativa que se repetiria mais tarde. Logo depois, Nilton acertou chute de esquerda que também parou nas mãos do goleiro.
Assustado, o Glorioso perdeu o controle da partida, passou a errar passes antes mesmo de as jogadas chegarem a Vitor Júnior, Andrezinho e Elkeson, o trio avançado. Aos 14, a grande oportunidade da etapa: Carlos Alberto deixou dois no chão ao ameaçar bater e acertou a trave. Neste momento, já havia a inversão dos números gerais. Era o Vasco quem mandava. Ainda assim, os minutos seguintes foram de bola presa entre as intermediárias e pouca evolução.
Para estender a lista de lances desperdiçados, Wendel concluiu torto, sozinho na área, após Juninho achar Carlos Alberto, e este lhe passar a bola. Ao apito final, a equipe cruz-maltina somava nove finalizações, contra duas do rival, que, por sua vez, até melhorou no terço derradeiro, com Seedorf mais ousado, em busca de assistências. Nada que tirasse o sono do goleiro Fernando Prass, mero espectador em grande parte do tempo.
Na volta do intervalo, a única mudança foi ocorreu por ordem clínica e técnica. Saiu Lucas Zen, já com cartão amarelo e dores no joelho esquerdo, para a entrada de Jadson. Mas o vascaíno Wendel logo pediu para ser substituído e deu lugar a Fellipe Bastos. A alteração fundalmental para o clássico foi a de postura do Botafogo, que se adiantou e tornou a equilibrar as ações.
No entanto, três das investidas acabaram em impedimento, provando a eficiência da linha de defesa do Vasco. O restante se limitou a cruzamentos afastados por Dedé e Douglas. Pela esquerda, Márcio Azevedo fez um pouco mais: arriscou direto, sem ângulo, e Prass afastou com os pés, aos 11 minutos. Do outro lado, Bastos obrigou Jefferson a espalmar uma bola no cantinho, e ainda houve reclamação de pênalti de Lucas em Carlos Alberto.
Aparentando cansaço, a equipe de São Januário recuou. Cristóvão agiu e fez duas trocas: Carlos Alberto por Felipe - pela qual foi chamado de burro pela torcida - e Eder Luis por Barbio. No embalo, aos 29, Oswaldo sacou Seedorf, que chegou a jogar com uma pequena badagem na cabeça após choque e, desta vez, já foi bem mais participativo, para lançar Fellype Gabriel.
O Botafogo, então, tentou estabelecer uma pressão, mas não era organizado o suficiente. Já o rival parecia não ter meio-campo com a nova formação, embora Auremir, em jogada individual tenha deixado Alecsandro em boas condições na pequena área, mas o atacacante não alcançou. O ritmo que a partida havia perdido, porém, foi reencontrado, com fortes emoções. Os goleiros entraram em ação em lançamentos no mano a mano com as defesas.
Até que depois de erro na saída de bola de Antônio Carlos, Felipe tocou para Barbio, que passou para Juninho na área. Mesmo caído, o ídolo vascaíno conseguiu assistir Alecsandro, que, sozinho, só teve o trabalho de empurrar para a rede e comemorar o gol da vitória, aos 41.