Na primeira tentativa de posar para a foto, Alecsandro sugeriu apontar para o símbolo da empresa de bebidas que fica bem ao lado da entrada do vestiário. \"Nesse calor uma Brahma cai bem\", brincou, para desespero de seus assessores. \"Calma gente! É o guaraná Brahma.\", emendou. A piada mostra o estilo brincalhão do atacante. Em 30 minutos de conversa, ele fechou a cara somente uma vez. Para falar das provocações feitas pelos rubro-negros ao longo da semana.
Quando você vai para uma guerra, cada um usa a arma que tem. Eles estão usando as deles. Nós vamos usar as nossas na hora certa. E, com certeza, dentro de campo.
Artilheiro do Estadual, com 12 gols, o camisa 9 é a esperança da torcida para eliminar o arquirrival de novo e decidir a Taça Rio. Não à toa ele foi o vascaíno mais requisitado pela imprensa durante a semana. Mais de 90 minutos após o fim do treino e Alecsandro ainda estava no clube respondendo a perguntas. Por conta disso, diz ele, não há como um jogo contra o Flamengo ser igual aos demais.
O gol no Flamengo é diferente. Eu costumo dizer que vale um gol e meio. Porque é contra o rival. É sempre mais gostoso fazer gol no clássico.
Mas nesse coração sedento por gols também há espaço para solidariedade. Até mesmo pelos rubro-negros. Que o diga Deivid, que, dias após perder aquele gol incrível na semifinal da Taça Guanabara, encontrou o vascaíno na rua e recebeu palavras de apoio. De 9 para 9.
O que eu pude falar para ele foi: \"Cara, você é artilheiro, é fazedor de gol, e o que aconteceu com você poderia ter acontecido comigo ou com qualquer outro centroavante que estivesse ali. Você vai fazer mais gols e acabou. O que não pode é você meter a cabeça dentro de um buraco e achar que o mundo acabou\".
Em seu 12 ano de carreira, Alecsandro acumula glórias, como a Libertadores de 2010 pelo Inter-RS; e vexames, como a eliminação do Mundial do mesmo ano para o Mazembe. No Vasco, já conquistou e foi artilheiro da Copa do Brasil. Em todo esse tempo, foi perseguido pela torcida por causa dos gols perdidos. Assim como Deivid.
Eu, se pudesse voltar atrás na minha carreira, não usaria mais a 9. Usaria a 7, 11... Porque se criou no futebol (a tese de) que quem veste a 9 é o cara que tem que fazer gol. Só que em alguns momentos o torcedor não entende isso e acha que o 9, além de fazer gols, tem que dar passe, driblar, marcar, fazer isso, fazer aquilo... Ele se confunde e nos confunde.
Mas Alecgol não se deixa abater. Ao falar sobre como planejou (e conseguiu) alcançar Somália na artilharia do Estadual mostrou que tem confiança em seu faro. A autoestima é tão elevada que ele não titubeia ao bancar que o time atual recuperou a confiança do torcedor em jogos contra o Flamengo.
Nesse grupo que está aqui não tem esse negócio de \"vice de novo\".
Falou e disse.