Alexandre Campello está sendo bombardeado. Com a alegação de tentar "ter uma eleição limpa" no Vasco, o presidente iniciou uma crise com opositores e até aliados da gestão. O dirigente já admite: novamente o processo eleitoral do clube deve parar na Justiça.
Entre 1º de julho, quando o valor da joia para se tornar sócio votante caiu para R$ 750, e o fim de agosto, quando acabou o prazo para que o associado tivesse condição de voto já em 2020, cerca de 1.300 novas associações ocorreram. Até o momento, algo em torno de 600 pedidos foram aprovados. Campello afirma que outros 150 já foram recusados e que o levantamento total dos novos pedidos deve acontecer até o fim da próxima semana.
- Fizemos um levantamento. Tem casos com preenchimento errado, assinatura que não confere. Tem casos de ficha paga pelo proponente. Muitos pagamentos via boleto bancário de novos sócios que vieram de um mesmo proponente. O que chamam de associação em massa hoje, antigamente chamavam de mensalão - alfinetou, sem dizer nomes.
O problema maior, na visão do dirigente, é outro. Segundo ele, foram negados os pedidos cujo proponente — sócio que faz o convite para a entrada de um novo — tenha assinado mais de cinco fichas. Campello disse existir caso de proponentes que assinaram 130 fichas:
- Foi tudo articulado. Desde o ano passado que eu peço para baixar o preço da joia, por que só baixaram este ano? Porque assim fica barato fazer o mensalão, precisam pagar apenas durante um ano, não durante dois. Outra coisa: a grita maior é dos proponentes, não das pessoas que tiveram o pedido negado. Para mim são indícios de um novo mensalão.
Esse problemas, entretanto, não foram imediatamente repassados às pessoas que tiveram o pedido negado. Desde a semana passada que o clube começou a notificar os torcedores que foram recusados. Baseado no artigo 14 do estatuto, negou-se a dar explicações e se comprometeu a devolver o dinheiro investido.
Sindicância
Diversas correntes do Vasco reclamaram de falta de transparência e se manifestaram contrariamente ao critério, depois que Campello começou a dar explicações nos bastidores.
"A diretoria deveria divulgar a lista que afirma haver aprovado, com seus respectivos sócios proponentes. Isso deixaria claro se o referido critério foi aplicado de maneira geral ou seletiva" sugeriu Luis Fernandes, possível candidato à presidência, nas redes sociais.
Uma série de relatos de torcedores vascaínos que tiveram a associação recusada chegou à internet. Carlos Leão, conselheiro do Vasco e da “Cruzada Vascaína”, grupo de apoio a Campello, pronunciou-se em uma rede social:
"Entendo que há uma minoria com problemas, sim! Mas um grande contingente de pessoas de boa fé está sendo afetado".
Adversários acusam o presidente de ter vetado a entrada de sócios cujos proponentes são sabidamente opositores. Eles alegam que não consta no estatuto algo que impeça o sócio de assinar o número de fichas que quiser e que a assinatura não prova pagamento por parte do proponente.
Há uma movimentação em curso para que uma reunião do Conselho Deliberativo seja convocada para discutir o assunto e pedir a abertura de sindicância. Caso não consigam solução administrativa, já se preparam para acionar a Justiça.
Alexandre Campello admitiu que considera a possibilidade de rever o pedido de associação de quem tiver sido negado e recorrer da decisão da diretoria. A questão, segundo ele, ainda está sendo analisada internamente:
- Estou relutando muito com isso porque eu queria uma eleição limpa. Não quero ser lembrado como um presidente que fez uma eleição com mensalão. É lamentável, mas o Vasco mais uma vez deve ter uma eleição levada para a Justiça. Se eu libero os mensaleiros, vai ter gente entrando. Se eu não libero, também.