Com uma herança de dívidas ocasionadas pelas gestões anteriores de Eurico Miranda e Roberto Dinamite, o presidente Alexandre Campello tem recorrido a empréstimos em um primeiro momento para lidar com o cenário sombrio das finanças do Vasco. Desde que assumiu, em janeiro deste ano, o mandatário já obteve R$ 41 milhões deste modo.
A primeira vez que recorreu a tal caminho foi de maneira privada com o empresário Carlos Leite, que agencia vários jogadores cruzmaltinos. Com juros mais em conta, o agente emprestou cerca de R$ 10 milhões. O valor foi pago posteriormente com parte da venda do atacante Paulinho para o Bayer Leverkusen por 18,5 milhões de euros (cerca de R$ 76 milhões).
Divulgação
Prestação de contas da venda de Paulinho feita por Campello para conselheiros
Leite, aliás, já havia sido solicitado para ajuda no último ano da gestão Eurico Miranda, quando emprestou cerca de R$ 20 milhões que foram pagos na sequência com a venda de atletas do próprio empresário, como Luan, Mateus Vital e Madson.
Na última segunda-feira, o Conselho Deliberativo aprovou após muita polêmica um novo empréstimo, desta vez junto ao sistema bancário, no valor de R$ 31 milhões. Como garantia, o clube colocou à disposição cotas da TV Globo e da Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro).
Divulgação
Fluxo de caixa do Vasco até julho de 2018 apresentado por Campello
Inicialmente, a intenção de Campello era obter R$ 38 milhões no mês passado, mas como os conselheiros decidiram por adiar a votação para que a diretoria explicasse de forma mais detalhada a necessidade da cota, os juros mudaram, e no novo cálculo houve a redução em R$ 7 milhões.
Após realizar o processo burocrático para a obtenção dos R$ 31 milhões, o Vasco pretende quitar os salários do mês de agosto em atraso e honrar os compromissos até o fim da temporada. Porém, de acordo com o vice-presidente de Controladoria, Adriano Mendes, para que o clube não feche o ano no vermelho, outras engenharias financeiras terão de ser feitas.
"É possível que se tenha a necessidade de um algo a mais porque, na verdade, o buraco de caixa deve ser em torno de R$ 50 milhões, talvez um pouco mais. Então falta alguma coisa a mais que a gente pretende suprir com a eficiência do clube na redução de gastos e no aumento de receitas, algo que já está acontecendo com o programa de sócios, inclusive", declarou à "Rádio Brasil" o dirigente, fazendo um adendo: "Ele (empréstimo) não entra para fechar um ano. Ele entra para sustentar um planejamento de três anos".
Divulgação
Fluxo de caixa de agosto até dezembro de 2018 apresentado por Campello
Apesar de votarem em favor do empréstimo na segunda reunião, os conselheiros cobraram maior transparência em prestações de contas, além da entrega de mais documentos ao Conselho Fiscal. Até o momento, o presidente do Vasco encaminhou somente o balanço do primeiro trimestre.
Segundo Adriano Mendes, a ideia é depender cada vez menos de empréstimos:
"O que queremos mudar, e que é a batalha dessa administração, é que a gente dependa menos de empréstimo para pagar folha, que o Vasco ande sozinho, se torne sustentável, e que retorne a grandeza que na verdade ele nunca deixou de ter, mas uma grandeza que não espelha, que é limitada pela falta de dinheiro que a gente vê no clube hoje em dia".
Plano de 100 mil sócios até 2020
A principal bandeira da gestão Campello para levantar as finanças do clube está no plano de sócios. Atualmente com cerca de 20 mil, o Vasco quer alcançar 100 mil até 2020.
"O Vasco ter 20 milhões de receita líquida com sócios acho até pouco dado o tamanho da paixão que o Vasco tem. A receita praticamente já dobrou, mas queremos muito mais. Queremos chegar em 100 mil sócios em 2020", declarou Mendes.