O calendário do futebol brasileiro foi apresentado na tarde de ontem (3), mas já causa um impasse entre a Confederação Brasileira de Futebol e as suas duas filiadas mais importantes e poderosas: a Federação Paulista de Futebol (FPF) e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj).
A rota de colisão que se anuncia deve-se ao fato de que, para que o Brasileiro pudesse ser paralisado durante as Datas Fifa, a CBF subtraiu duas datas do Carioca e do Paulista, o suficiente para gerar insatisfação no Rio de Janeiro e em São Paulo. Pelo que foi apresentado pela CBF, esses estaduais terão de ser jogados em 16 datas em vez das 18 imaginadas.
O plano, contudo, terá de enfrentar uma resistência para ir adiante, já que as duas entidades deixarão na mão dos clubes o poder de decisão. Com os clubes de menor investimento dependem majoritariamente destas competições, estes certamente votarão por uma competição mais elástica. Caso este formato prevaleça, uma solução possível seria marcar jogos dos estaduais em datas reservadas para seleções nacionais.
"Nós, da Federação da Futebol do Estado do Rio de Janeiro, vamos sentar e analisar o calendário nacional divulgado. Mas adianto que o Campeonato Carioca, que, reitero, é decidido pelos clubes do Rio de Janeiro, vai ter 18 datas para a realização da competição", afirmou Rubens Lopes, presidente da Ferj.
"Sou defensor do campeonato regional, acho que diminuir o número de datas é ruim, a cada dia se cria mais barreiras e dificuldade para as equipes menores", acrescentou o presidente vascaíno Alexandre Campello.
Este ajuste sugerido pela CBF também teria impacto nos torneios organizados pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), que também teria de ceder duas datas para que o encaixe se realizasse. Para que isso ocorresse, a entidade sul-americana teria de espalhar menos os seus jogos, marcando rodadas de fases decisivas da Sul-Americana e da Libertadores para a mesma semana, por exemplo.
Apesar desta "generosidade", a Conmebol surge como uma grande vilã na próxima temporada, visto que mais uma edição da Copa América poderá desfalcar times que tiverem jogadores convocados por nada menos que nove rodadas.
"Conseguimos respeitar as Datas Fifa neste calendário. Isto foi respeitado, conforme o compromisso de posse do nosso presidente Rogério Caboclo. A Copa América, além de ser uma competição que foi divulgada muito depois de ser pensado o calendário, seria inviável de contornarmos. O calendário é uma junção de compromissos contratuais de diversas esferas", ponderou Manoel Flores, diretor de Competições da CBF.