Alfredo Sampaio terminou o silêncio. Neste sábado, o treinador comentou a discussão com Edmundo e a saída do preparador físico Luiz Flávio. Calmo e sem fugir de qualquer assunto, disse que não é um sargento, mas não aceita atos de indisciplina.
Alfredo Sampaio enfatizou que Edmundo não abandonou o coletivo. Foi ele quem mandou o Animal para o chuveiro mais cedo na sexta-feira. Sobre o motivo da discussão, disse que foi apenas por uma questão de como o treinamento era conduzido. E garante não guardar mágoas do atacante, que classificou como um excelente jogador, importante para o Vasco, mas de personalidade forte e pavio curto.
Para a partida da próxima quarta-feira, contra o Itabaiana, Edmundo é presença incerta. Neste sábado, o Animal não quis subir para treinar com bola. Preferiu ficar no vestiário fazendo musculação. Abaixo, os principais trechos da entrevista do técnico Alfredo Sampaio após comandar o treino do Vasco.
CONFUSÃO COM EDMUNDO - O treino estava rolando e era em dois toques. Em determinado momento alguns jogadores davam três toques. E se for involuntário costumo não interferir, deixo rolar. E em determinado momento ele mandou os titulares passarem a dar três toques também. Parei e falei que não. Aí a conversa foi para outro caminho e ele se exaltou um pouco. Mas é importante dizer que ele não saiu do treino, eu tirei o Edmundo do treino. O comando é um só. A gente conhece o Edmundo, sabe que tem um temperamento forte, é pavio curto. Mas do comando eu não abro mão. Procuro entender, analisar. Mas há determinadas decisões que não podemos deixar de tomar.
MOTIVO BOBO - Cada um tem um temperamento. Foi algo realmente pequeno para mim para gerar aquela reação do Edmundo. Aqui não é um quartel, nem eu sou um sargento. Até entendo muitas coisas. Mas a disciplina eu exijo. E não me arrependo das decisões.
INSULTO - Não ouvi o Edmundo me xingar. Ele falou algumas palavras. Eu respondi. Mas nada que deixe um ou outro com a moral ofendida.
É até bom porque assim abaixa a poeira. Mas qualquer indisciplina dele ou de qualquer outro não vou aceitar.
Sobre a ausência de Edmundo do treino deste sábado
AUSÊNCIA DO EDMUNDO DO TREINO - É até bom porque assim abaixa a poeira. Ele é um jogador de qualidade e importante para o Vasco. Não tive a oportunidade de conversar com ele ainda porque cheguei e fui direto para o campo. Mas qualquer indisciplina dele ou de qualquer outro não vou aceitar.
PRESENÇA DO ANIMAL CONTRA O ITABAIANA - Se ele treinar normalmente, sim.
RELACIONAMENTO COM O ATACANTE - O atleta precisa treinar e jogar. E ter disciplina. Por mim não vai ter problema algum. Vamos seguir a vida normalmente. Se ele tentou testar a minha autoridade eu não sei. Se tentou não conseguiu. Não estou decepcionado. O Edmundo tem essa personalidade. Só acho que as atitudes estavam atingindo o profissional. E profissionalmente tive que tomar esta atitude.
PUNIÇÃO - Deixo para a diretoria. Cabe a mim colocar os pingos nos "is" e só. O Vasco tem um comando rígido que todos conhecem. Essa decisão pertence à diretoria.
Em um grupo de 30, 35 jogadores nem todo mundo precisa te achar bacana. Mas precisa ter um respeito e isso posso garantir que há aqui dentro. Sobre a ausência de Edmundo do treino deste sábado
REAÇÃO DO GRUPO - A situação não desestabiliza o grupo. Os jogadores precisam estar blindados e protegidos dessas coisas. Eles precisam sempre estar focados nos jogos. Esse é um assunto que a comissão técnica e a diretoria precisam resolver e o grupo não tem que deixar se influenciar nisso. Em um grupo de 30, 35 jogadores nem todo mundo precisa te achar bacana. Mas precisa ter um respeito e isso posso garantir que há aqui dentro.
CASO LUIZ FLÁVIO - O Luiz Flávio pediu demissão. Ninguém o mandou embora. Temos reunião periódicas da comissão técnica para discutir erros e acertos. Somos oito pessoas. Se em todas as reuniões alguém que tiver o trabalho questionado pedir demissão teríamos que ter um comissão de uma pessoa só. Não quero mais comentar isso. Ele pediu demissão pela segunda vez. Na primeira, por causa de um problema com o Romário, conseguimos contornar e ele voltou atrás. Agora ele pediu demissão novamente e o presidente aceitou.
REUNIÃO COM A DIRETORIA - No Vasco é tudo muito fácil. Quando você chega sabe que há regras e conceitos. A conversa não tem curva. A intenção da reunião era arrumar tudo. Foi ótimo. Recebi o apoio senão nem estava aqui. Estou feliz no Vasco. Serei etermamente grato ao Vasco e ao Eurico porque foi o primeiro grande clube que viu o meu trabalho e me deu uma grande chance.
FUTURO - Quero ficar aqui muito tempo e com o trabalho sendo reconhecido. E isso só vai acontecer vencendo. Vivo o hoje. Estou feliz e tranqüilo agora. Se acontecer algo ruim na quarta-feira no jogo contra o Itabaiana (neste momento o treinador bate três vezes na mesa), sei como é o futebol. Não quero ser problema para o Vasco ou clube nenhum. Quando senti que isso acontece pego as minhas coisas e peço para sair. Quero ficar no lugar onde todos me querem e me sinto útil.