Um Vasco apático, desligado, lento e sem atitude. Na derrota por 2 a 0 para o Botafogo, na noite deste sábado, o time não conseguiu repetir a postura dos dois últimos jogos sob o comando de Lisca e foi presa fácil no Nilton Santos. Pior: repetiu falhas bobas na linha defensiva e foi inofensivo no ataque. Um clássico para a torcida esquecer, mas ideal para comissão técnica e jogadores tirarem lições.
O gol de Chay no primeiro minuto determinou o rumo da partida e jogou o Vasco na lona. Em nenhum momento a equipe de Lisca mostrou poder de reação ou fez por merecer o empate. Apesar de ficar com a bola na maior parte do tempo (62% de posse), foi inoperante no ataque. Salve um ou outro lance esporádico, nada fez. Uma atuação sem fome e preocupante. O Vasco andou algumas casas para trás após um início animador com a nova comissão.
- É uma questão de atitude, de postura e imposição. Nós vamos cobrar muito isso. Precisamos dar uma resposta para todos e para nós mesmos. É algo corriqueiro, e temos de achar uma solução o mais rápido possível. O início de jogo é muito importante. Isso influencia muito na parte estratégica, principalmente em confiança. Também sofremos um gol no início contra o São Paulo. O Botafogo baixou bem o bloco, quebrou mais a bola, procurou não sair jogando e trabalhou em cima do nosso erro. Minimizar o erro e analisar qual vai ser a melhor estratégia. Se continuar assim, o Vasco vai permanecer na Série B. E o Vasco não pode permanecer na Série B. O objetivo do Vasco é o acesso, e vamos trabalhar em cima disso - alertou Lisca.
Apesar de mais um tropeço e da 10ª colocação, o Vasco está a quatro pontos do Avaí, o quarto colocado. O G-4 não desgarrou e está a uma boa sequência de resultados de distância. Preocupa, no entanto, o fato de clube ainda não ter conseguido encontrar seu rumo, viver na gangorra na Série B e não ter entrado na zona de classificação em 15 rodadas.
Vasco entra (novamente) desligado
O Vasco veio com três mudanças para o jogo. Andrey e Morato entraram por opção técnica, e MT substituiu Zeca, suspenso. Assim como ocorreu contra o São Paulo, o time começou desligado, sofrendo apagões na defesa. Guilherme Santos tabelou com Diego Gonçalves, envolveu Léo Matos e Ernando e cruzou para Chay marcar no primeiro minuto de jogo.
O lado direito da defesa, aliás, foi o setor mais vulnerável. Por ali, Diego Gonçalves fez um carnaval, o Botafogo criou suas melhores chances e poderia ter ampliado. Após o gol, no entanto, o alvinegro se fechou, entregou a bola para o Vasco e apostou nos contra-ataques.
- Nada justifica isso, não viemos aqui para dar desculpas. Situação que ficou bem visível, e o início da partida é fundamental. Erramos na cobertura e no nosso posicionamento na área. O time conseguiu a jogar, teve supremacia, entrou no campo do Botafogo, mas o placar já estava em 1 a 0. Isso dá segurança ao adversário, dificulta nossas ações ofensivas e facilita o bloco baixo do Botafogo – analisou Lisca.
O treinador tem razão. Com a bola nos pés - teve 61% de posse no primeiro tempo - diante de um adversário fechado -, o Vasco se enrolou. Lento e previsível, pouco criou. A primeira chance real aconteceu somente com 30 minutos de jogo. Morato fez boa jogada pela direita e cruzou para Cano pegar de primeira. O chute passou rente à trave. Um pouco depois Bruno Gomes levou perigo em chute de fora da área. E foi só.
Sem substituições e sem mudança de postura. O mesmo Vasco desligado que iniciou o jogo voltou para o segundo tempo. E quase sofreu o segundo nos primeiros minutos, quando Diego Gonçalves carimbou o travessão.
No geral, o Vasco foi um time passivo e sem a agressividade dos dois primeiros jogos sob o comando de Lisca. Os números refletem bem. Foram apenas oito desarmes em todo jogo, contra 23 do Botafogo. Muito pouco para um time que tinha como proposta pressionar o adversário e recuperar rapidamente a bola.
Apesar da apatia do time, Lisca demorou a mexer. Trocou Jabá e Andrey por Figueiredo e Juninho, aos 26 minutos. A dupla deu um pouco mais de movimentação ao time, mas não o suficiente para incomodar o Botafogo. Depois entraram Pec, Daniel e Sarrafiore. E foi o argentino, após passe de Cano, que deu o único chute perigoso do Vasco no segundo tempo. Quando o clássico se encaminhava para o fim, o Botafogo matou o jogo em um contra-ataque. Gabriel Pec, na entrada da área, carimbou a barreira em cobrança de falta. O time de Enderson Moreira saiu rapidamente, pegou o Vasco desprevenido e fez 2 a 0. Placar justo pelo o que se viu na noite deste sábado no Nilton Santos.