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Análise: Com retorno da liderança de Castan, jogo coletivo do Vasco aparece

Depois de uma trinca de derrotas em que jogou muito mal, o Vasco voltou a ser dominante numa partida ao bater a Ponte Preta por 2 a 0, no domingo, em São Januário. A semana cheia de treinamentos fez o time responder com ótimas triangulações, crescimento no jogo aéreo e muita concentração. Tal postura parece ter muita relação com a voz ativa de Leandro Castan, que gritou e pediu atenção do primeiro minuto aos acréscimos. Os jovens Caio Lopes e Andrey também foram gratas surpresas e se destacaram muito, mas o ponto alto da tarde vascaína foi o jogo coletivo.

Foto: Rafael Ribeiro/Vasco.com.br Força coletiva do Vasco foi fundamental para vitória sobre a Ponte Preta
Força coletiva do Vasco foi fundamental para vitória sobre a Ponte Preta


Disposição tática diferente com a entrada de Caio Lopes

Com Caio Lopes de primeiro volante como principal novidade, Lisca abriu Andrey na direita para dialogar com Pec e Léo Matos, e Marquinhos Gabriel pela esquerda para auxiliar Léo Jabá. Está sentindo a falta de alguém? Sim, Zeca não subiu tanto. Atuou como um volante no momento da construção o jogo, algo que gosta de fazer e que possibilitou a ele um posicionamento interessante para executar inversões e lançamentos. Embora marcasse aberto, atuar por dentro permitiu ao 37 vascaíno fazer tabelas, crescer e ganhar confiança.

Desta forma, com Zeca ficando mais centralizado e plantado durante as subidas do Vasco, os meias Andrey e Marquinhos Gabriel tiveram maior liberdade. Lisca comentou o fato após a vitória.

- A entrada do lateral por dentro foi algo que trabalhei em alguns momentos no América-MG. No segundo tempo contra o Operário fizemos isso. Zeca gosta de construir por dentro. É difícil construir por dentro e marcar por fora quando você perde a bola na linha de quatro. Quem pode ser considerado o destaque para termos essa alternância de sistema é o Zeca. Mas o destaque hoje foi o grupo. Coletivamente fomos muito fortes, e assertividade da comissão técnica também. O destaque é do clube todo e principalmente dos jogadores, que executam a estratégia - afirmou o técnico.

Primeiro tempo: ligado e com combinações, jogo coletivo aparece

As opções de Lisca deram certo logo de cara. Caio Lopes, a surpresa da escalação, foi o líder de desarmes (com quatro) na etapa, e Andrey, além de ter chegado bem ao ataque pela direita, ainda abriu o placar.

O gol do Vasco, aliás, mostrou que o time aproveitou bem a semana cheia de treinamentos. Léo Jabá insistiu após erro de passe, roubou bola e tocou na entrada da área. Cano recuou e de primeira entregou para Marquinhos Gabriel cruzar na medida para a cabeçada de Andrey. Bela jogada.

 

Outro fator preponderante para o Vasco ter feito um bom primeiro tempo foi a volta de Leandro Castan, desfalque nos três jogos anteriores. Além de ter feito desarmes e acertado quase que 100% dos passes tentados na primeira etapa (errou apenas um de 22 e fez lançamento), cobrou atenção da equipe a todo instante.

Aos 34 minutos, após Pec bater cabeça com Cano no campo ofensivo, gritou: "Pec, concentra na p... da jogada, c...!". Ele e Vanderlei, aos berros, orientaram o time o tempo inteiro do início ao fim.

Diante do exposto, o sistema defensivo funcionou bem e só cometeu um erro grave, quando, aos 12 minutos, Rafael Santos lançou de seu campo de defesa, e Marcos Júnior recebeu nas costas de Zeca, que perdeu na corrida, dominou no peito e quase marcou um golaço.

O Vasco, aliás, até merecia ir para o intervalo com melhor saldo. Outra jogada mostrou uma evolução no entrosamento do time, logo aos 11 minutos. Castan saiu jogando, Jabá disparou, tocou em Marquinhos Gabriel, que devolveu com cruzamento na medida. Jabá finalizou num bonito sem-pulo, mas parou em boa defesa de Ivan.
 

Volta do intervalo a todo vapor

O Vasco voltou do intervalo ligado mais uma vez e, com menos de 15 minutos jogados, já tinha finalizado quatro vezes. O entrosamento voltou a aparecer logo no início em jogada trabalhada. Gabriel Pec recebeu lançamento certeiro de Zeca, pedalou e tocou em Caio Lopes, que devolveu com a parte de fora do pé. Pec soltou a bomba, e Ivan fez ótima defesa. Na sequência, Caio bateu, e Cano tirou a bola da direção do gol com a cabeça sem querer.
 

Caio Lopes, que seguia fazendo bem seu papel defensivamente, marcou seu primeiro gol como profissional num lindo chute. Mas a participação de Léo Matos merece menção honrosa. O camisa 3 do Vasco, de 35 anos, carregou a bola do campo defensivo ao ataque e tabelou com Pec antes de dar a assistência a Caio num lance de raça, jogando-se no chão para executar o passe.

Depois do gol que definiu a partida, o Vasco seguiu seguro defensivamente, com Castan e Vanderlei berrando até o fim. Já nos acréscimos, depois de dar uma bronca num companheiro, o capitão vascaíno emendou: "É a nossa vida, c...". Aliás, manteve a concentração no topo e não errou nenhum dos 11 passes tentados na etapa. Lisca elogiou o capitão vascaíno na entrevista coletiva.

- A volta do Castan é muito importante, é o grande líder da equipe. Tem personalidade enorme, identificação com o clube, relação comigo e com o meu auxiliar Márcio, pois eles jogaram juntos. É um líder nato. Com o Castan jogando, não tínhamos tomado gols contra o Vila e contra o Vitória também. Muda o até treino. O ambiente com ele é um e sem ele é outro. Tem foco, liderança, coragem, confiança e acredita no time do Vasco.

Vasco tem dobro de desarmes da Ponte

Um fator que evidenciou o quão combativo e atento esteve o Vasco foi o desempenho nos desarmes. Com 24 no total, o time de Lisca registrou o dobro dos efetuados pela Ponte Preta. Destaque no quesito durante o primeiro tempo, Caio Lopes terminou como o maior desarmador do jogo, com cinco, mesmo número do também vascaíno Zeca.

Lisca elogiou a luta dos vascaínos, que como Castan pediu, deram a vida em campo pelos três pontos contra a Ponte. Equilíbrio só no desenho das camisas, pois o Vasco sobrou em produção e na combatividade.

- É isso que o torcedor do Vasco quer ver. Quando a gente compete forte, a nossa qualidade aflora. Isso que ficou de positivo, mas ainda temos muita coisa para crescer. Hoje era uma vitória para nos colocar um pouquinho mais perto do G-4. Para nós, não tem mais jogo tranquilo, é tudo decisão. Como a gente ficou para trás no fim do primeiro turno, a gente tem que recuperar o mais rápido possível - encerrou Lisca.

Com entrega e combinações aparecendo, o Vasco deu esperança à torcida que lutará com afinco não apenas pela bola, mas também pelo tão esperado acesso à Primeira Divisão.

Fonte: ge
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