Em momento de variação nas atuações, o Vasco precisaria de uma “noite copeira” para arrancar pontos em clássico difícil em São Januário, ontem, contra um Botafogo que necessitava de um bom resultado para seguir agarrado à liderança. E foi o que fez: com um golaço de Paulo Henrique e uma atuação de muita solidez defensiva para garantir o placar, o cruz-maltino saiu da zona de rebaixamento “na marra”, vencendo por 1 a 0 e dando o troco do primeiro turno no rival, que vê a crise se ampliar.
O gol vascaíno é significativo para o trabalho de Ramón Díaz: nasce dos pés de dois jogadores que ganharam a confiança da comissão técnica para assumir vagas importantes nesta reta final de campeonato. Maicon, que virou titular na rodada passada, tirou na defesa em direção a Paulo Henrique, que correu o campo todo para bater de esquerda, no cantinho de Lucas Perri. O lateral-direito, até pouco tempo com pouquíssimo espaço no elenco, é outra aposta do treinador, e resolveu o problema que o time tinha na posição até poucas semanas atrás.
— Tanto ele como Medel transmitem essa experiência e tranquilidade — avisou Ramón Díaz sobre Maicon, ressaltando a importância da dupla para os jovens do time. Sobre Paulo, fez mais elogios:
— Fomos trabalhando, dando confiança. É um jogador muito rápido, agressivo, tem projeção. Estamos trabalhando. Estou muito feliz (pelo gol).
Com a vitória, o cruz-maltino chegou aos 37 pontos e empurrou o Cruzeiro, com a mesma pontuação, para o Z4. O próximo compromisso é no domingo, contra o América-MG, já pela 34ª rodada, novamente em casa. O confronto direto com a equipe celeste, pela 33ª rodada, foi adiado para 22 de novembro.
Gol vira cenário; defesa brilha
A confiança após a vitória de quinta-feira passada sobre o Cuiabá não evitou um início de clássico nervoso. O time enfrentava o líder do campeonato, afinal. E sofreu com o bom início do rival, que adiantava sua marcação e ganhava a primeira bola durante boa parte do primeiro tempo. Nas oportunidades em que teve de reter a bola, errava muitos passes e lançamentos pelo meio com Zé Gabriel e Praxedes.
O golaço de Paulo Henrique serviu para virar completamente esse cenário. Com a vantagem, o cruz-maltino adotou uma postura mais inteligente no jogo: com maior tranquilidade, viu seus meias crescerem e explorava os espaços que um Botafogo nervoso dava, em especial pela sua esquerda. O próprio Paulo encontrou muito campo nas costas de Marçal.
No segundo tempo, o time se retraiu. Demorou a acompanhar as alterações táticas do Botafogo e passou a sofrer mais, tanto pelas pontas, quanto pela intermediária. A saída de Erick Marcus, lesionado, que fechava o corredor, também diminuiu o arsenal ofensivo e o poder de recomposição da equipe. Alex Teixeira entrou em seu lugar, mas teve muitas dificuldades para conectar os contra-ataques. Paralelamente, a defesa cruz-maltina vivia ótima noite, evitando as investidas de um alvinegro que trocou um zagueiro (Bastos) por um atacante (Diego Costa).
A pressão do Botafogo continuava, mas a noite era mesmo do Vasco e de seu treinador. Se o torcedor em São Januário já começava a demonstrar impaciência pela demora nas alterações, as entradas de Jair e Léo nos últimos minutos da partida ajudaram o time a controlar o ímpeto alvinegro, garantindo o ótimo resultado.