🇦🇷 Gosto da contratação de Benjamin Garré!
Em que pese não ter acumulado números ofensivos muito bons nessa temporada pelo Krylya Sovetov, até por vir de um pós-lesão, ter tido um papel tático bem maior e não ter tido suas chances criadas aproveitadas pelos companheiros, ainda é um ponta construtor/driblador de bastante qualidade e ótima relação com a bola.
Acredito que, com tempo de adaptação devido a ele, pode se tornar uma peça importante pro Vasco.
Segue a thread que eu falo mais sobre ele! 🧵
📊 ANÁLISE DE DADOS - COMPARAÇÃO DOS SEUS NÚMEROS COM OS PONTAS DA LIGA RUSSA EM 23/24
O gráfico abaixo nos mostra o quão superior, em média, ele foi em relação aos outros atacantes de lado da Premier Liga Russa em 23/24 em diversas métricas. Traduzindo-o de forma mais clara, Garré, nessa temporada, foi elite (Top 10% da liga) ou acima da média em:
- Acerto no passe curto e médio;
- Conduções progressivas;
- Acelerações com a bola;
- Gols por chute no alvo;
- Acerto no cruzamento;
- Assistências;
- Passes inteligentes;
- Passes progressivos;
- Gols, gols esperados e volume de finalizações.
Foi abaixo da média em ações defensivas e ações na área adversária.
Esses números estão bastante de acordo com características visíveis do atleta dentro de campo.
- É um ponta com alto volume de conduções e dribles. Sendo ágil, capaz de conduzir a bola perto de pé e de mudar rapidamente de direção, ele é muito útil em espaços curtos. Essa característica vai ser de bastante ajuda contra times mais fechados, onde ele pode criar chances ou desafogar a equipe em espaços mais congestionados;
- Ele consegue se colocar em situações perigosas para finalizar a gol mais constantemente do que consegue criar chances para companheiros. Embora seja um ponta criativo e driblador, ele costuma se aproveitar bastante da sua capacidade de condução/drible para chegar em posições perigosas perto da área adversária e finalizar, muitas vezes dando preferência ao chute e não ao passe;
- Apesar disso, ele não tende a ter muitas ações com bola dentro da área adversária, influenciando mais o jogo na amplitude, na linha de fundo ou em frente à área;
- Ele tem um ótimo domínio orientado, seja recebendo a bola no corredor lateral ou no entrelinhas e já girando o corpo para conduzi-la de frente em direção à defesa adversária ou controlando a bola para um chute. No nosso modelo de jogo, onde, muitas vezes, são os laterais que guardam a amplitude e os pontas atuam por dentro, isso é bastante útil. A forma como conduz a bola em direção à defesa abre espaços a serem explorados por alguém ter que subir para marcá-lo.
No entanto, obviamente, nenhum jogador é perfeito. Benjamin Garré, assim como Adson, é um ponta com preferência de receber a bola no pé e não se destaca por possuir uma movimentação ofensiva mais qualificada, assim como muitos jogadores do nosso setor ofensivo são (com exceção ao Rayan e, talvez, ao David). Seu movimento sem bola para receber no espaço não é frequente.
Ter muitos jogadores de característica mais técnica, criativa e poucos jogadores de maior qualidade no movimento sem bola podem fazer o nosso setor ofensivo ficar mais estático, mais reduzido à criação de chances por meio de associações nas laterais, cruzamentos ou lances mais individuais e pouco por meio de movimentos de ataque ao espaço por dentro, infiltrações (para aproveitarem a qualidade técnica e visão de jogo que nossos meias e pontas possuem).
É por isso que acredito que o complemento ideal para o lado esquerdo seria um jogador com maior capacidade de infiltração e de condução da bola por grandes distâncias. Isso nos permite lidar melhor com situações de jogo diferentes.
Loide Augusto, embora não possua tanta qualidade na finalização e não seja um ponta muto goleador, como eu gostaria que o contratado para esse lado fosse, ao menos possui um perfil que se encaixa nesse aspecto. É bastante capaz de ajudar o time a sair em velocidade em transições ofensivas e também possui um movimento de ataque à última linha mais frequente.
Outra solução seria usar o Rayan como atacante em jogos onde precisamos nos defender mais e houver mais chances de sair em velocidade.
Outra questão a ser analisada é a queda do seu desempenho de 23/24 para 24/25.
📊 Benjamin Garré pela Premier Liga Russa (médias por 90')
23/24 🆚 24/25
Jogos: 20 (18 titular) - 14 (11 titular)
Gols: 0.53 (!) - 0.09
Assistências: 0.17 - 0
Passes decisivos: 2.0 (!) - 1.56
Dribles certos: 2.4 (!) - 1.4
Finalizações (no gol): 38 (23) - 14 (3)
Pontaria na finalização: 61% - 21%
Bolas recuperadas: 4.3 - 5.3 (!)
Ações defensivas: 2.6 - 4.2 (!)
Claramente o jogador passa por uma fase ruim com o seu clube em 24/25, após ter sofrido com a lesão. Tem conseguido menos dribles, sua média de passes decisivos diminuiu e não tem acertado o gol tanto em suas finalizações.
Ao mesmo tempo, sua contribuição defensiva na equipe aumentou consideravelmente no período. Em 24/25, é o ponta com mais ações defensivas bem-sucedidas por 90’ (!) em campo dentro da Premier Liga Russa. Certamente é um contexto a ser considerado. É perceptível no seu mapa de calor que tem atuado, também, em zonas mais recuadas do que as de costume nessa temporada.
Seja por falta de confiança, por ainda estar se adaptando ao pós-lesão, pela maior entrega tática ao time ou por estar em um contexto diferente nesse momento, espero que Benjamin Garré consiga retornar à sua melhor forma, contribuindo ofensivamente para o Vasco.
Técnica para isso ele mais do que possui.
Também vi muitos compararem o estilo de jogo dele ao Adson. E, de fato, as semelhanças não são infundadas. Os dois possuem um estilo de jogo parecido.
Ambos são pontas construtores, dribladores e ágeis, com boa capacidade de drible curto e de conduzir a bola perto do pé. Além disso, se sentem mais confortáveis jogando pela direita, podendo fazer o movimento de cortar para dentro e se associar. Também se entregam taticamente ao time.
Uma diferença que vejo entre eles, entretanto, é em relação à preferência por chutar ou por criar. Vejo Garré como um jogador com uma intenção mais objetiva no drible, de conseguir criar espaço para si mesmo para finalizar. O Adson acaba sendo um jogador mais cadenciado, conseguindo ser criativo, mas com mais paciência, e não buscando tanto o drible para sua própria finalização, mas, sim, para assistir mais os companheiros. A objetividade no drible presente no Garré acaba sendo um fator novo pro time.
Bom afirmar também que, com essa contração, acredito que o Vasco tenha definido o lado direito de ataque, no 4-2-3-1, como sendo o lado de maior volume com a posse, de maior característica técnica e criativa.
O Paulo Henrique vai poder se aproveitar bastante disso para fazer ultrapassagens pelo corredor lateral e infiltrações na área quando possuir liberdade para tal, se aproveitando das características criativas de Adson e de Garré. Inversões de jogo também podem ser utilizadas para aproveitar o Piton com mais espaço para infiltrar. Laterais vão ser peça chave nesse setor de ataque.
No geral, gosto da contratação! O valor é interessante para um atleta com qualidade técnica elevada e baixa idade. Conseguindo se adaptar ao país e retornando sua condição física à de 23/24, tem tudo pra ajudar muito o time.
Vejo o Vasco com opções interessantes para o lado direito em 2025. Adson fez muita falta ao time quando se lesionou, justamente por ser um jogador bastante polivalente, ajudando na saída de bola, estando presente em todos os cantos do campo para se associar, sendo criativo com passes decisivos e auxiliando na marcação do time tanto em bloco alto quanto em bloco baixo. Espero que, voltando, consiga também atuar no mesmo nível em que esteve na reta de vitórias com o Paiva, quando foi essencial pro time.
Garré traz de volta ao Vasco um perfil semelhante de jogador para o lado direito da equipe.