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Análise: 'Dentro de campo, a tendência é arrumar o time de trás para frente'

Lisca não é bobo, nem doido. Sabe usar bem o apelido "doido" na construção de um personagem carismático e midiático. A ponto de ser superestimado e colocado na lista de possíveis treinadores de times brasileiros com tamanhos e orçamentos para disputar os principais títulos

Não tem, ao menos hoje, aos 48 anos. Seu teto é bem mais baixo. Mas, como não é maluco, sabe fazer escolhas na carreira. Recusou proposta do Cruzeiro no ano passado para o lugar de Ney Franco e mais recentemente a do Botafogo, sucedendo Marcelo Chamusca. Mas aceitou a do Vasco, time maior em torcida, visibilidade e perspectivas em relação aos outros dois afundados em dívidas impagáveis.

O Cruzmaltino busca reestruturação na gestão de Jorge Salgado, que, inclusive, colocou dinheiro do próprio bolso no clube. A dívida também é gigante, perto de 900 milhões, porém o trabalho de equacionar débitos e ajustar o orçamento permite formar um elenco que tem todas as condições de fazer o Vasco voltar logo à Série A.

Basta olhar a tabela da segunda divisão. Se vencer o Guarani hoje, às 21h em São Januário, o time ficará a apenas um ponto do próprio time de Campinas, o terceiro colocado no início da rodada.

Na apresentação, Lisca já mencionou um dos pilares desse processo de reconstrução da equipe antes comandada por Marcelo Cabo: mobilização. Com sua energia, o treinador sabe trabalhar o aspecto emocional do grupo de jogadores, mas também do entorno, para transformar o ambiente.

Dentro de campo, a tendência é arrumar o time de trás para frente. As equipes de Lisca costumam se defender com linhas compactas e setores bem coordenados. É preciso mesmo proteger os zagueiros Ernando e Leandro Castan, enquanto Ricardo Graça não volta da Olimpíada. Até aqui, foram 14 gols sofridos em 13 partidas.

Mas o Vasco também pode produzir bem mais ofensivamente. Para isso é preciso potencializar o inconstante Marquinhos Gabriel, que muitas vezes não ajusta a intensidade à qualidade técnica.

Assim como aproveitar melhor jovens como Galarza, MT, Riquelme e Arthur Sales, o mais promissor dos garotos, dentro de uma equipe organizada, que trabalhe coletivamente para explorar com mais frequência a eficiência de Gérman Cano nas finalizações. O centroavante argentino já marcou cinco dos 15 gols vascaínos na competição.

A missão não é das mais complicadas e deve ser cumprida sem maiores sustos. E ainda tem o "plus" de seguir vivo na Copa do Brasil. É claro que o contexto coloca o time como "zebra" na disputa com o São Paulo nas oitavas. Mas o Vasco já mostrou que, quando desafiado, pode responder com grandeza. Como nos 3 a 1 sobre o Flamengo bicampeão brasileiro no Carioca.

Quem sabe? Parece improvável, mas o time do Morumbi, embora sinalize recuperação e tenha demonstrado força em disputas de mata-mata, ainda é muito inconstante e pode vacilar.

De qualquer forma, a prioridade deve ser a volta à Série A. Para recuperar fôlego financeiro, atrair investidores e recuperar a receita de TV. Lisca tem potencial nas mãos para fazer acontecer. Sem loucuras, apenas com inteligência.

Fonte: Blog do André Rocha - UOL
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