Análise: Etapa inicial contra o Remo foi desastrosa

O Vasco mais uma vez desperdiçou chance de entrar no G-4 ao perder por 2 a 1 para o Remo, em Belém, na noite de sexta-feira. E novamente com atuação bastante preocupante, principalmente no primeiro tempo, quando escapou de ir para o intervalo com uma goleada. Até começou bem, mas os gols em sequência abalaram demais os jogadores. Não fosse Vanderlei e a trave, o prejuízo seria maior.

A derrota com erro de encaixe da marcação no primeiro gol (apesar de este ter sido marcado em posição irregular) e desatenção geral no segundo - mais uma vez na bola aérea - escancarou lições bem claras:

- MT não é lateral:

O próprio Lisca admitiu na coletiva pós-jogo que o jogador sofreu muito por atuar improvisado no setor e assumiu a responsabilidade pela opção errada. MT, de 20 anos, até quebrou galho no estadual, onde o nível dos adversários é bem inferior, mas definitivamente ali não é a sua praia.

- Reforçar é preciso:

Com a inconstância demonstrada pelo Vasco na Série B e um elenco composto por 63% de jogadores formados em casa (até 23 anos), a necessidade de trazer caras novas é urgente, principalmente para a lateral esquerda.

Apesar de cheio de potencial, o talentoso Riquelme não parece 100% preparado para ser o substituto imediato de Zeca. Colocá-lo na fogueira não é a opção mais razoável. MT é um meia muito promissor, com chegada na área e bom poder de finalização, mas não é lateral.

O meio-campo, com apenas dois jogadores fundamentalmente de criação; e a zaga, setor que só conta com dois jogadores experientes (Castan e Ernando), um deles em baixa, também merece atenção.

- Zaga Miranda e Ricardo Graça como melhor opção na ausência de Castan:

Ernando mais uma vez não teve atuação segura e, ao lado de Zeca, falhou no gol de Renan Gorne. A entrada de Ernando no time força a ida de Miranda para a esquerda, o que o faz perder tempo para executar a boa saída de bola que tem com o pé direito. Além disso, pratas da casa, Miranda e Ricardo se conhecem de longa data e encaixam bem dentro de campo.

- "Intensivão" na bola aérea pra já:

Lisca lamentou o fato de ainda não ter conseguido um tempo para acertar a bola aérea desde que chegou a São Januário. E sua queixa tem razão, afinal foram sete jogos em 21 dias. Agora, com o Vasco jogando somente na próxima quarta-feira, o que constitui o maior espaçamento entre uma partida e outra com Lisca no comando, o momento é esse de trabalhar à exaustão o fundamento.

No primeiro tempo, além dos dois gols de cabeça, qualquer bola área do Vasco foi um "Deus nos acuda". E isso já havia acontecido contra o Vila Nova, quando Rafael Donato esteve perto de empatar o jogo com duas cabeçadas em que superou a defesa vascaína com muita facilidade.

Isso sem falar dos gols sofridos contra Guarani e São Paulo (nos dois jogos) já com Lisca, além dos inúmeros que levou desde janeiro.
 

Primeiro tempo recheado de erros

A etapa inicial do Vasco foi desastrosa. Lisca entrou com Juninho aberto pela direita e Jabá pela esquerda, com Andrey como novidade no meio. Outra mudança de posicionamento foi provocada pela entrada de Ernando. Miranda, destro, foi para o lado esquerdo e, por jogar "torto", perdeu tempo na saída de bola. O time até começou tomando conta do jogo, porém esse predomínio durou pouquíssimo. Rapidamente foi vazado num lance que sintetizou os principais erros da equipe na etapa: avenida pelo lado esquerdo da defesa e desatenção total no jogo aéreo.

Com MT marcando bem à distância, Matheus Oliveira achou Erick Flores - impedido segundo a Central do Apito - completamente livre. O 11 do Remo cruzou, e Renan Gorne, também sem ser incomodado, cabeceou no fundo do gol. Impressionou como Erick passou facilmente às costas de MT para cruzar e como Zeca e Ernando largaram Gorne.

- Ficou uma boa lição de que o MT está com dificuldade na lateral, principalmente no sistema defensivo para fechar o fundo. No primeiro gol, ele entrou por dentro e deixou o fundo aberto. A responsabilidade ali é minha - afirmou Lisca após o jogo.

O segundo gol veio no velho problema da bola aérea. Em escanteio, Vanderlei não saiu, Léo Jabá cochilou, e Romércio testou como manda o figurino.

Ainda na primeira etapa, Romércio ainda teria duas excelentes chances de marcar dentro da área, mas vacilou em uma e carimbou a trave na outra. Vanderlei foi fundamental ao fazer grandes defesas em duas finalizações de Erick Flores.

Enfim, o Vasco teve péssima atuação na etapa e escapou de uma goleada. Sarrafiore, autor do gol, mais uma vez foi a exceção. Além de finalizar certeiramente boa jogada que contou com lançamento de Zeca e a habilidade de Jabá, o argentino se movimentou bastante e achou passes interessantes.

Início sem reação e expulsão para abalar de vez

Lisca voltou do intervalo com Figueiredo no lugar de Juninho, e a opção não deu certo. Até os 20 minutos, a equipe não havia levado qualquer perigo. Circulava muito a bola, mas pouco penetrava e não conseguia chegar de maneira contundente.

Um lance, aos 10 minutos, mostrou o quão fácil estava de entrar na defesa vascaína. Matheus Oliveira recebeu em profundidade e ganhou tranquilamente de Zeca, que deu bote completamente errado. Na sequência, Victor Andrade recebeu cruzamento e, com muito espaço, ajeitou de peito para Arthur bater errada, porém também com bastante liberdade.

Se já estava difícil com 11 em campo, aos 21 Vanderlei foi expulso em erro grosseiro. Calculou mal o tempo de bola ao sair da área para cobrir a saída da defesa e, ao ver que Renan Gorne sairia livre, deu um tapa na bola fora da área. Acabou expulso justamente.

O Vasco, que já demonstrava um paupérrimo poder de reação, não conseguiu mais ser incisivo nem com as entradas dos garotos Cayo Tenório, Pec e Caio Lopes. Na reta final do jogo, apostou no abafa e no chuveirinho, mas não teve sucesso.

Mais uma partida para deixar o vascaíno bastante preocupado. Se o elenco não for encorpado e o time não conseguir entrar com a faca nos dentes em todos os jogos, a torcida viverá fortes emoções até o fim da Série B.