O que faz Jorge Salgado no Vasco? Erguido ao trono com o respaldo da Justiça após confusas interpretações que deram margem a eleições virtuais e presenciais, com a pandemia como desculpa, o presidente vê o futebol do clube chegar pálido e moribundo à reta final da Série B. Eu disse Série Bê. Bê de balbúrdia, no caso do Vasco. Porque naquelas mesmas quatro linhas nas quais o Botafogo reage, o esporte praticado pelo Vasco de Salgado é outro, insosso e mambembe.
O Vasco deste desgoverno não tem treinador; tem bode expiatório, sobre quem recai a culpa pela incompetência alheia. A troca de técnico, solução mais fácil escolhida pelos dirigentes inábeis, não cola mais. Marcelo Cabo não serviu. Lisca não serviu. E agora, com o fracasso pulsando nas veias do time de Fernando Diniz, não será surpresa se para a próxima temporada aterrissar em São Januário um novo candidato ao desemprego, com o lema do "agora, vai", "o sentimento não pode parar".
Até o sentimento está parando. Ninguém espera que o torcedor vá para a beira da marquise de São Januário e anuncie o desatino como em 2008, mas, felizmente, não há mais o risco dessa condenável ameaça suicida. A falta de perspectivas gera a resiliência. Acabaram as expectativas, ninguém está se descabelando, e os 689 torcedores que assistiram ao Vitória sacramentar a permanência do Vasco na Série B, na última quarta-feira (10/11), não se surpreenderam com o que viram. Surpresa seria uma reação no melhor estilo "o Vasco é o time da virada". Foi-se o tempo. O Vasco de Salgado também não é isso. E o Caldeirão já não mete medo em ninguém.
Pior do que o rebaixamento é a permanência longe da elite, na Série B, com um elenco mais caro do que o dos adversários e desempenho bem mais medíocre. O Vasco não caiu. O Vasco está caído. Caiu, não se levantou, e nem demonstra força para tanto. Está desfalecido aos pés de uma administração apática que nem no discurso consegue dar um sopro de esperança ao coração de quem sofre por amor a um time de glórias e tradição.
Leio que Salgado vai começar a fazer o planejamento para 2022. Pois já deveria ter feito o de 2021.
O GOL DO MENINO SANTISTA
Entra para a história do futebol o menino santista de 9 anos que, na Vila Belmiro, ganhou a camisa de um ídolo seu do Palmeiras. Quem o criticou merece a insônia para o resto da vida. A idiotice desses vagabundos não pode vencer o que há de melhor no futebol: o amor e respeito ao adversário, o direito de escolha, a elegância de quem sabe torcer. Por mais vascaínos amando Zico, por favor.
A CANELADA DO COVEIRO
Nada mais ridículo do que um jogador correr pelo campo com dois caixões nas mãos, simbolizando a morte do adversário. Ao se posicionar como torcedor, o coveiro em questão deixa de lado o profissionalismo e o respeito, tão fundamentais em um esporte de massa no qual o ídolo pode servir de espelho para gerações.