Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, o Lisca, de 48 anos, foi recebido com esperança e emoção em São Januário.
Um sentimento recíproco.
O gaúcho há muito esperava a chance de dirigir um time com a histórica grandeza do Vasco e pareceu de fato emocionado ao conhecer as dependências do clube e receber a carta de boas vindas.
E o Vasco precisava de um treinador que transmitisse prazer e confiança para a difícil navegação pelos mares revoltos da segunda divisão.
Em conversa com um amigo, ele me pergunta se acho possível um profissional se emocionar com a simples admissão numa empresa?
Disse acreditar que sim, por vivências particulares de um chorão assumido, que ia às lágrimas até vendo e ouvindo a Xuxa cantando "Lua de Cristal"...
Lisca pode não ir às lágrimas tão "bobamente", mas já demonstrou nos clubes por onde passou ser 100% emoção.
Daí o apelido de "doido".
Porque doido é também aquele que não ajusta os sentimentos e expressa sua paixão exagerada.
O Vasco é um clube de colônia, São Januário tem energia cativante, e os vascaínos talvez sejam os que mais valorizam as relações sentimentais.
É da raiz, vem da origem lusitana, retratado nos fados e eternizado tanto no hino do clube quando conclama à "cantar de coração", quanto no cântico da torcida lembrando que o "sentimento não para"...
Lisca é dos mais elogiados nos bastidores por conhecer e saber montar sistemas competitivos.
Precisa então fugir da tentação do protagonismo, do heroísmo fugaz.
O futebol é jogado pelos jogadores e são eles os heróis, verdadeiros protagonistas do espetáculo.
Se bem assessorado por um escudeiro que anteveja as armadilhas dessa relação tantas vezes injusta, o treinador gaúcho tem tudo para, ao final dessa travessia da Série B, receber as honrarias que condecoravam os almirantes que singravam os mares na época do descobrimento...
Sobre a goleada por 4 a 1 sobre o Guarani em seu jogo de estreia falaremos no "Minhas Impressões" desta segunda-feira...