Não foi um jogo ruim do Vasco, mas o resultado foi péssimo. Perder por 2 a 1 para o Grêmio em Porto Alegre não chega a ser uma tragédia, mas a sequência de derrotas colocou um acesso que estava encaminhado em risco. A gordura para o quinto colocado, que chegou a ser de nove pontos em determinado momento, derreteu. Hoje a vantagem para o Londrina é de apenas um ponto. E o retrospecto recente liga o sinal de alerta.
O Vasco conquistou apenas três dos últimos 15 pontos disputados. Se ainda está no G-4, deve muito à campanha no primeiro turno. O desempenho no returno é fraco. O clube carioca tem a 15ª melhor campanha do segundo turno da Série B e disputa vaga contra equipes que estão em ascensão. O Ituano, por exemplo, é o líder do returno. O Londrina está em terceiro.
O Vasco não consegue pontuar fora de casa. Perdeu os últimos sete jogos como visitante, marca negativa inédita em sua história. Na estreia de Jorginho, o time teve bons momentos, atuou melhor do que vinha jogando, mas pagou pela desatenção e pelos erros bobos.
Bom início ofuscado por virada
O início foi animador. O Vasco entrou em campo organizado, combativo e com iniciativa. Uma postura bem diferente da que teve nos últimos jogos como visitante. Foi para cima nos primeiros minutos e marcou um belo gol com Léo Matos de fora da área. Teve na sequência chance de ampliar após uma boa jogada pela esquerda entre Alex Teixeira e Nenê. Parecia controlar o jogo, mas um misto de vacilo e azar mudou o ritmo do jogo.
Alex Teixeira recuou mal e entregou a bola ao Grêmio. Na sequência, Edilson cruzou sem marcação. Bitello pegou a sobra, a bola bateu na mão de Quintero e enganou Thiago Rodrigues, que escorregou e viu a bola entrar lentamente no gol.
O time sentiu o baque e levou a virada em outro lance de desatenção. Yuri foi ao banco beber água durante uma cobrança de falta do Vasco no ataque. O Grêmio, no entanto, recuperou a bola rapidamente, saiu em contra-ataque e pegou o time carioca desarrumado. O volante retornou ao campo, mas fora de posição. O time gaúcho virou, cresceu, o Vasco se abateu, e a equipe de Renato Gaúcho poderia ter ampliado. Teve bola na trave, defesa de Thiago Rodrigues...
Foram uns 10 minutos de pressão total do Grêmio. Aos poucos, no entanto, o Vasco se acalmou, colocou a bola no chão e teve duas boas oportunidades de empatar antes do fim do primeiro tempo. Ambas com Nenê. Na primeira o goleiro Breno fez um milagre e na segunda o camisa 10 parou na trave, em cobrança de falta.
Nenê, aliás, foi a maior arma de fogo do Vasco no primeiro tempo. E lhe faltou companhia. Alex Teixeira fez mais um jogo apagado, Marlon Gomes teve atuação discreta e Raniel, novidade na escalação de Jorginho, praticamente não foi acionado.
Mudanças melhoram o time, mas não mudam o placar
A organização do começo do jogo não deu as caras na volta do intervalo. Vulnerável defensivamente, o Vasco viu o Grêmio perder seguidas chances no início da etapa final. O time gaúcho encontrava facilidade para criar pelo lado esquerdo da defesa do Vasco. Alex Teixeira já parecia cansado para voltar e Edimar teve muito trabalho. Andrey e Yuri ficaram sobrecarregados.
Ofensivamente, um time previsível e sem velocidade, que dependia excessivamente das movimentações de Andrey e Nenê. Jorginho percebeu e trocou os pontas. Bruno Tubarão e Figueiredo entraram nos lugares de Alex Teixeira e Marlon Gomes, respectivamente.
Situação que Jorginho terá de trabalhar ao longo da semana. Alex Teixeira não vem rendendo o esperado. Com ele, Nenê e Raniel, o Vasco fica lento, com pouca mobilidade.
- A possibilidade (de mudanças) sempre existe. A gente não pode se fechar diante de uma escalação, diante da minha definição de uma equipe. Foi o que aconteceu. A gente percebeu que precisava de velocidade pelos lados e força também. Colocamos Tubarão e Figueiredo. A gente acabou trocando, mais forte do lado direito do que pelo esquerdo. E as coisas começaram a acontecer - analisou o treinador.
Jorginho tem razão. Com as trocas, o Vasco se reorganizou, conteve o ímpeto do Grêmio e passou a atacar. Tubarão e Figueiredo deram mais velocidade e mobilidade ao ataque, mas o time continuou com dificuldade na criação. O único lance perigoso, de fato, na etapa final foi uma cabeçada de Andrey, defendida pelo goleiro Breno.
O Vasco agora junta os cacos e retorna ao Rio de Janeiro, onde tem feito o dever de casa. Com aproveitamento de 76% como mandante e São Januário lotado jogo após jogo, o time agora aposta na força da torcida para voltar a vencer e navegar por mares mais tranquilos na turbulenta Série B. Na sexta, o adversário será o Náutico, lanterna da competição. Não há mais espaço para desatenções, erros e tropeços.