Neste domingo, após duas vitórias seguidas (contra Fortaleza e Botafogo), o Vasco tentava emendar uma inédita terceira vitória consecutiva neste Brasileirão. Mas pela frente, além de enfrentar o bom time do Internacional, que ainda não tinha perdido em casa no campeonato, o Gigante da Colina precisaria vencer tambpem um tabu de 12 anos sem vencer em Porto Alegre. O Inter por sua vez, ainda com treinador interino, vinha de vitória diante do Avaí na Ressacada.
Ainda sem Talles Magno, que ainda ficará fora por um bom tempo devido ao Mundial Sub-17, e Raul, se recuperando de algumas dores, Luxemburgo optou por manter a mesma escalação do clássico e repetir o “ainda novo” esquema 4-2-3-1, com Bruno Gomes e Richard como dupla de volantes. Felipe Ferreira flutuando por dentro e encostando nos atacantes. Rossi e Marrony por fora e Ribamar de centroavante. Apesar das posições, o Vasco busca ataques rápidos, verticais e com muita movimentação dos homens de frente.
Com início de jogo equilibrado, o Vasco chegou a criar algumas boas chances, mas Ribamar teve alto índice de erros técnicos, comprometendo a qualidade dos ataques. O Inter ficava com a bola, e começou buscando atacar preferencialmente pelo lado esquerdo (direito de defesa vascaína). Por ali, Pikachu, Rossi e Henríquez, nas coberturas, estavam “dando conta” e levando a melhor nos duelos. Com isso, o Colorado passou a explorar mais o lado direito de ataque, e centralizou as ações ofensivas em D’Ale. O argentino foi o melhor jogador da primeira etapa e teve “passe livre” no meio campo vascaíno. Ora por fora, ora flutuando por dentro, ele conseguia encontrar espaços para criar e deu volume à pressão da equipe da casa. Esse espaço nas entrelinhas aconteceu,pois a equipe gaúcha conseguia superioridade numérica no meio campo e nos flancos de ataque. O Vasco, ainda acostumado a marcar no 4-1-4-1, vem se portando no 4-4-2 com a alteração no esquema. Isso ainda requer ajustes de posicionamento e leitura de jogo. Mesmo sofrendo, o Vasco criou boas chances de gol. Marrony e Rossi foram os destaques ofensivos, enquanto Felipe um pouco apagado e Ribamar bem abaixo tecnicamente, acabaram não influenciando positivamente.
Claramente era necessário Luxemburgo modificar pelo menos a disposição defensiva. Era preciso ocupar mais o setor de meio campo, ou retornar ao 4-1-4-1 para melhorar a ocupação, igualar em número de atletas no meio, e ser mais agressivo. E o professor tomou as duas atitudes de uma vez (e mudou a partida). Com a entrada de Guarín na vaga de Ribamar, o treinador empurrou Marrony para “referência”, e usou o colombiano de forma estratégica para ganhar o meio campo. Agora no antigo sistema de marcação, Richard fazia o elo, a equipe estava mais compacta, e não sofria mais por dentro. Marrony, que já fazia boa partida, ainda melhorou seu desempenho. Segurando a bola no ataque e levando vantagem nos duelos em velocidade e nos dribles, o jovem era a peça mais importante do ataque, na retenção preparação e definição das jogadas. O experiente meio campo colombiano também deu mais qualidade técnica e sobriedade nas ações. Não precisou de muito tempo para o Vasco abrir o placar. Em bate, rebate, a bola sobrou pra Marrony, que oportunista, fez o gol da vitória.
Como esperado, o Inter buscou pressionar, mas com meio campo mais sólido, a equipe gaúcha explorava inúmeros cruzamentos, buscando principalmente Cuesta, Guerrero e Patrick. O Vasco foi pressionado, e correu risco de tomar o empate, mas se defendeu de forma inteligente. O pecado do Vasco acabou sendo não conseguir reter a bola no meio e ataque, e matar o jogo nos contra-golpes. Isso ficou ainda mais nítido com a saída de Rossi e Felipe Ferreira. Gabriel Pec e Marcos Jr. (os substitutos), ficaram muito isolados, e sofreram nos duelos com os defensores colorados. Marcos Jr foi ainda mais prejudicado, pois precisou jogar “fora de posição”, aberto pela esquerda. O meia até participou mais do jogo, mas cometeu alguns erros técnicos e desperdiçou duas boas chances de contra-ataque.
Sem conseguir pensar as jogadas e construir de forma inteligente, abusando dos cruzamentos, o Inter viu na entrada de Sarrafiore uma melhora nas suas ações ofensivas, buscando associações e jogadas individuais o jovem virou a nova dor de cabeça da defesa vascaína, com a queda (inclusive física) de D’Alessandro. A dupla de zaga do cruzmaltino teve desempenho excelente nos duelos aéreos e coberturas dos seus laterais. Com muitos cruzamentos (com bola rolando e escanteios), Fernando Miguel foi peça decisiva na vitória. Fez excelentes intervenções em cabeçadas, numa finalização desviada de Sarrafiore, e em 1×1 diante do Guerrero.
Com bela e suada vitória o Gigante da Colina, chegou a 37 pontos e a tão sonhada terceira vitória consecutiva. Uma vitória do coletivo, mas com destaques para Luxemburgo, Marrony e Fernando Miguel, pilares dentro do contexto da partida. O Vasco agora vai à campo para enfrentar o Ceará, novamente fora de casa.