Por Igor Ruffini
Poderia ser decisiva a vantagem vascaína. Poderia ser tudo aquilo que os torcedores vascaínos, que compareceram em peso em São Januário, esperavam. Ninguém contava, porém, com um adversário tão forte como foi o São Paulo. Ninguém contava, porém, com um zero a zero broxante, que fez com que o Vasco perdesse a liderança do campeonato.
Tudo era festa na colina. O Corinthians perdia, São Januário estava lotado, Juninho e Felipe finalmente voltavam a atuar juntos, e o adversário há muito não atuava bem, além do que vinha bastante desfalcado. Tudo tinha cheiro de vitória. No entanto, os obstáculos começaram a aparecer. O Corinthians virava a partida, e o adversário, antes fraco e desfalcado, mostrava que vinha para se recuperar no torneio, para alçar metas maiores. E o cheiro de vitória se transformava em um cheiro mentiroso.
O Vasco, sem Diego Souza e Fágner, vinha a campo em uma formação um pouco diferente. Um 4-2-2-2, que é o 4-4-2 brasileiro, nunca antes usado pelo time na temporada. O esquema, porém, continha boas variações, com destaque pelas que envolviam Felipe. O camisa 6 atuava originalmente na lateral esquerda, mas quando atacava, derivava para o meio, se transformando em um meia esquerdo, ao lado de Juninho. Jumar cobria a ação, e se transformava no lateral esquerdo da vez.
O tricolor paulista, por sua vez, vinha em um 3-6-1, abrindo interpretações para um 3-4-2-1, com Lucas e Marlos encostando em W. José. Um esquema muito utilizado nos anos 90 e no início dos anos 2000. Seria essa uma prova de que Emerson Leão está ultrapassado? A resposta é não. Apesar, de muito pouco utilizado atualmente, esse 3-6-1 tricolor ainda é bastante eficiente, e como provado, pode criar problemas para o adversário. As marcas de que Leão pode estar ultrapassado são seus dois últimos trabalhos: rebaixamento com o Goias no ano passado, e outro com o Sport em 2009. Esses sim, mas o esquema utilizado neste último domingo não há o que se queixar. Além de muito bem montado, a formação são-paulina foi muito bem executada, valendo lembrança.
Na segunda etapa, as equipes fizeram rapidamente suas três alterações permitidas. O que era até peculiar no Vasco, uma vez que, já é feitio da atual comissão técnica a demora por alterações, ou até mesmo as não alterações. No entanto, diante do São Paulo, a coisa foi diferente, as lesões de Juninho e Jumar foram determinantes. A saída de Jumar avacalhou toda a estrutura do time. Quem cobriria Felipe? Quem faria a lateral esquerda? Foi por isso que Cristóvão se viu na obrigação de sacar o maestro vascaíno, e colocar alguém que, de fato, pudesse marcar naquele setor. Como resultado, entrou o zagueiro Douglas.
Na nova configuração, o Vasco esteve de volta ao 4-3-2-1, usado na maioria da temporada. Douglas fazia a lateral esquerda, Nílton, que havia entrado no lugar de Jumar, atuava como o mais recuado do meio de campo, e Bernardo, na função que Diego Souza costuma desempenhar. A aposta de Cristóvão era, então, reorganizar a equipe, fazendo-a voltar ao esquema base da temporada.
As alterações de Leão, foram 6 por meia dúzia, e não alteraram o tricolor em quase nada. Dessa forma, veja a seguir o desenho tático da segunda etapa:
Com Dênis, o substituto do insubstituível Rogério Ceni, brilhando, o São Paulo conseguiu conter o líder e toda a pressão do caldeirão de São Januário. O zero a zero no placar deixou o cheiro de vitória, sentido pelos vascaínos, como um verdadeiro mentiroso. A lição do dia para o Vasco é, portanto: Nunca acredite em cheiros de vitórias, eles mentem. Ou, em outras palavras, o já ganhou não existe.
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