De um lado uma equipe tentando achar uma identidade, com um experiente técnico, mas novo no clube, tentando achar seu rumo. Do outro uma equipe consolidada, com modelo de jogo característico, com o técnico a mais tempo na seria A do Brasileirão, mas que há exatamente uma semana atrás sofria uma humilhante derrota no próprio Rio de Janeiro.
Vasco e Grêmio se encontraram no São Januário em um duelo de tempos distintos, seja dentro ou fora do campo. Dentro de campo o Vasco entrou com uma postura dos últimos jogos, priorizando a organização defensiva. Eram duas linhas na defesa, bem próximas e compactas, deixando à frente o colombiano Guarín, e Ribamar como pivô. Destaque para Marrony, que além de compor a linha defensiva pela esquerda, era a válvula de escape ofensiva, seja nos contra ataques, seja nas associações com Guarín e Ribamar, além disso, o atacante da base Cruzmaltina era fundamental na jogada área ofensiva e conseguia levar vantagem em alguma das ligações diretas de Leandro Castán. Aglumas variações foram vistas no momento sem bola, como o 4-1-4-1. Esse estilo de jogo vascaíno se acentuou após o primeiro gol, o primeiro de Guarín com a camisa cruzmaltina.
Por outro lado o Grêmio, com sete desfalques, entrou com escalação errada. O time que tem como princípio o controle do jogo e da posse de bola, onde o principal vértice é um dos “volantes”, entrou com dois jogadores que possuem o mesmo estilo de jogo: lentos e sem qualidade de passe – Rômulo e Michel. Além disso Thaciano (um volante) atuou como extrema direita, deixando assim os jovens Pepê e Darlan no banco de reservas. Mas as estrelas acompanhavam Renato na noite de São Januário. Primeiro com um cartão amarelo de Michel, entrando Pepê em seu lugar, que no seu primeiro toque na bola fez o gol de empate. Com isso a ideia foi de recuar Thaciano como volante, mas que não durou muito tempo, pois o jogador sentiu uma lesão e no seu lugar entrou Darlan.
Já no primeiro tempo via-se uma maior qualidade na saída de bola do tricolor. Darlan tem as características de Arthur e de Matheus Henrique, jogadores com visão de jogo, que prezam o jogo da bola e sempre são opções de passe aos companheiros. Essa dinâmica deu maior agilidade ao tricolor, porém, sem sucesso em romper as linhas defensivas vascaínas.
Buscando entrar na briga por uma vaga na Libertadores, Luxemburgo ousou no intervalo. Tirou Ribamar e colocou o garoto Bruno Pet, com isso Marrony era o jogador mais à frente. Luxemburgo tentou dar mais mobilidade ao ataque, entretanto a estratégia deu errada. O meio campo ficou mais leve e mais avançado, longe da linha de defesa, deixando o jogo como o Grêmio gosta, com espaço. Marrony sumiu do jogo, não conseguindo fazer as jogadas de ruptura como as do primeiro tempo. Guarín, ainda sem ritmo, não conseguia mais fazer a ligação do meio e ataque. A saída de Bruno Gomes fez a qualidade do meio cair mais ainda, sem sua vitalidade e qualidade de passe de ruptura o meio ficou ainda mais fácil para o Tricolor Gaúcho dominar o setor. Thiago Reis entrou em uma tentativa de explorar a bola área e ter um jogador com mais presença de área, sem êxito.
Além de Darlan fazendo a saída de bola, dois extremas de muita velocidade e habilidade (Everton e Pepê), o Grêmio também mostrou uma dupla que já havia dado certo contra o Botafogo: Luciano e Tardelli. Ambos sem posição fixa, se alternavam como armador, atacante e extrema. Algo interessante de se notar nos próximos jogos do Grêmio, haja visto as lesões de Luan e Jean Pyerre.
Em um embate em que o técnico Renato conseguiu acertar os erros que cometeu na escalação inicial, Luxemburgo pecou nas suas escolhas. Como contra o Ceara no último fim de semana, não conseguiu mudar a postura da equipe quando esteve sob pressão do adversário, mas desta vez foi fatal e custou os três pontos.
Tudo ao seu tempo, seja para construir, seja para reconstruir. Não adianta pressa, apesar de sabermos que no futebol brasileiro o tempo é o pior inimigo.
@mwgremio e @vieira_rodrygo