O Vasco que venceu o Atlético-MG por 1 a 0 neste domingo, em jogo válido pela 20ª rodada, não é o mesmo Vasco que está na zona de rebaixamento do Brasileirão. Definitivamente não é. O time, que sob o comando de Ramón Díaz demonstra uma evolução cada vez mais visível, ganhou outra cara no Maracanã lotado, com mais de 55 mil vozes apoiando em uníssono.
A equipe assumiu uma versão que intimida, que vai para cima e que, sobretudo, acredita na vitória. Não fosse isso, no lance do único gol do jogo, Serginho não teria começado a correr na direção do rebote muito antes de Vegetti ganhar o duelo de cabeça e obrigar Everson a espalmar para frente. É como se ele já soubesse. Ele acreditou.
A relação retroalimentar de uma arquibancada pulsante e jogadores determinados a tirar o time dessa situação fizeram valer a pena todo o esforço feito pelo clube durante a semana para mudar o local do jogo. Em São Januário, de portões fechados, o caminho até a vitória seria mais íngreme e tortuoso - jogar no Maracanã foi um atalho.
O Vasco acima de tudo resgatou a sua força neste domingo, ainda que o Galo tenha jogado bola para não deixar os donos da cada sentirem-se confortáveis em momento algum. Na verdade, na base da técnica e da experiência, o Atlético de Hulk soube reverter um cenário desfavorável e poderia ter estragado a festa com um ou até dois gols. Mas no que diz respeito à entrega, nunca teve chance alguma.
Das tribunas do estádio, já que precisou cumprir suspensão pela expulsão na rodada passada, Ramón Díaz viu o time comandado por seu filho, Emiliano, ameaçar uma reação no campeonato. O Vasco está há três rodadas sem perder pela primeira vez neste Brasileirão e conquistou nesses três jogos (Grêmio, Bragantino e agora Atlético-MG) o que levou 12 rodadas para conseguir no primeiro turno: sete pontos.
Vasco fulminante
O Vasco teve contra o Atlético-MG um início de jogo que nesta temporada assemelha-se apenas ao que o time conseguiu fazer contra o próprio Galo e contra o Palmeiras no primeiro turno. Os minutos iniciais foram de uma pressão tremenda.
Mais importante do que abrir o placar, o gol aos quatro minutos serviu para inflamar o Maracanã e conectar o time aos torcedores que estavam impedidos de ir aos jogos desde junho, na derrota para o Goiás (11ª rodada). Serginho, o substituto do suspenso Orellano, aproveitou o rebote de Everson e saiu correndo desgovernado para comemorar, primeiro com a torcida e depois com jogadores e comissão técnica no banco de reservas.
Lucas Piton fez grande jogada pela esquerda, mas o detalhe determinante no lance foi a cabeçada de Vegetti, que não tomou conhecimento do zagueiro Jemerson no jogo inteiro e ganhou praticamente todos os duelos no alto. Oito minutos depois, lá estava ele de novo para completar o cruzamento de Piton e carimbar o travessão do Galo.
Aos 19 minutos, o Vasco tinha cinco finalizações, uma bola no travessão, 66% de posse de bola e 1 a 0 no placar.
A partir daí, vendo que o jogo da maneira que estava se desenrolando não era favorável, o Atlético-MG freou o ímpeto do adversário e teve muita competência para esfriar o termômetro da partida, com jogadas no campo ofensivo e passes de pé em pé. Nada contente, Emiliano Díaz esbravejava e esperneava na beira do campo, mas o jogo seguiu dessa forma até o intervalo.
Faltou capricho, sobrou entrega
A primeira chance da etapa complementar foi do Galo (um chutaço de Hulk que Léo Jardim espalmou), mas foi o Vasco que voltou melhor do intervalo e poderia ter matado o jogo se tivesse sido um pouquinho mais eficiente.
Gabriel Pec, que fez uma grande partida, por exemplo, poderia ter caprichado em duas ou três oportunidades que teve para cruzar - em uma delas, Vegetti estava sozinho e não ficou nada satisfeito. Aos 10, ele recebeu sozinho na área, mas foi atrapalhado por um puxão na camisa e chutou torto para fora. O árbitro mandou o jogo seguir, apesar das reclamações sobre um possível pênalti.
À medida que o jogo se aproximava do fim e a chuva apertava (castigando ainda mais o gramado do Maracanã), o Vasco foi segurando o resultado como pôde. É aí que entram as atuações de manual de jogadores como Praxedes, Paulinho, Medel e companhia.
Léo Jardim mais uma vez levou a melhor no duelo particular com Hulk, como já havia sido no primeiro turno. E Maicon e Rossi, que entraram no segundo tempo, por exemplo, não deixaram o nível da determinação cair. A nota triste ficou pela cena de Gabriel Dias, que voltou a jogar depois mais de um ano, mas ficou apenas 11 minutos em campo e saiu aparentemente sentindo dores musculares.
Com 16 pontos, o time subiu uma posição e está em 18º. Se não o suficiente para sair da zona de rebaixamento, ao menos o bastante para começar o segundo turno com o pé direito.