Time começa bem em campo alagado no Estádio Rei Pelé, se encolhe após abrir o placar, mas reage com boas mexidas.
A construção da frase é feia, porém compatível com o futebol do Vasco na Série B. A equipe é "regularmente irregular". Impressiona como consegue alternar bons e maus momentos em praticamente todas as partidas. E, nesta quarta-feira, nos 2 a 2 com o CSA, em Maceió, não foi diferente. O time começou bem, encolheu-se demais depois, mas salvou-se com boas mexidas e disposição dos reservas que entraram no segundo tempo.
Vale destacar que o gramado do Rei Pelé ficou em péssimas condições após forte chuva que caiu na capital alagoana, mas o Vasco soube encontrar saídas no início com criatividade. Pecou, porém, ao baixar excessivamente suas linhas após largar na frente.
O técnico Lisca, que será apresentado na próxima sexta-feira no CT do Almirante, receberá das mãos do interino Alexandre Gomes um time ainda sem identidade e com extrema dificuldade de realizar atuações consistentes.
Primeiro tempo é o retrato de um Vasco inconstante
O Vasco começou a partida com muita inteligência diante de um campo impraticável. Os jogadores apostavam na ligação na direta, tiravam as bolas das poças e faziam o simples.
Assim, logo abriu o placar. Zeca fez lançamento preciso "para a poça", Cano dominou e, ao ver Matheus Felipe escorregar e Yuri lhe virar as costas, soltou a bomba. Pec, esperto, dividiu e deixou Marquinhos Gabriel na boa para marcar. O camisa 31, aniversariante do dia, fez o gol em posição irregular segundo a Central do Apito.
Nos primeiros minutos após o gol, o Vasco ainda era melhor, mantinha o jogo seguro, mas tal postura durou pouco.
Assim como fazia nos tempos de Marcelo Cabo, o time de repente se encolheu muito, deu campo demais ao CSA e foi pressionado até o fim da etapa. Perdeu combatividade, dando a segunda bola e maioria dos rebotes ao adversário O empate que levou para o intervalo foi lucro.
Com as linhas muito baixas e acuado em sua área, o Vasco viu Gabriel, ex-Flamengo, ser a principal peça do rival. O camisa 27 do CSA explorou - e muito - o espaço às costas do jovem Riquelme. Empatou o jogo por ali e por pouco não conseguiu a virada pelo mesmo lado ainda na etapa inicial.
No intervalo, Marquinhos Gabriel citou que era necessário acertar a questão da segunda bola, que, em sua visão, vinha sendo decisiva para as chegadas do CSA.
Time volta mal do intervalo, mas reage com mexidas
Embora tenha sido emparedado pelo CSA no fim do primeiro tempo, o Vasco voltou do intervalo sem alterações, e o panorama do jogo não mudou.
Os donos da casa continuaram em cima e viraram aos sete minutos em falha geral do sistema defensivo. Silas cobrou falta, Vanderlei bateu roupa, e Zeca e Marquinhos Gabriel, que pedia atenção às segundas bolas, não acompanharam. Ernandes chegou na corrida e marcou.
Com o Vasco acuado, Alexandre Gomes mexeu - e bem. Mandou a campo o ponta Léo Jabá, que substituiu o lateral Riquelme (MT ocupou o setor), e o grandalhão Daniel Amorim - substituiu o meia Marquinhos Gabriel.
De imediato, a mudança não resultou em grandes progressos e, aos 20 minutos, o scout de finalizações mostrava 13 para o CSA e apenas cinco para o Vasco.
O time cresceu mesmo com a entrada de Juninho, aos 23 minutos. O garoto entrou com muita luta em todas as divididas, brigando pela segunda bola e mostrando talento com bons passes e dribles.
Foi ele quem iniciou a jogada do gol de empate. Brigou por bola na intermediária, avançou e cruzou. No rebote, Pec foi inteligente ao balançar e observar boa passada de Zeca, que encerrou a construção com lindo cruzamento. Daniel fez o que dele se esperava: subiu mais que a defesa e cabeceou com precisão.
Zeca, aliás, foi um dos jogadores que melhor soube se virar no gramado castigado. Cavava bolas e as tirava das poças. Priorizava sempre os levantamentos e foi feliz nos dois gols. Boa recuperação depois de uma sequência de jogos ruins.
Apesar da disposição da equipe no segundo tempo e das boas mexidas de Alexandre Gomes, o empate por 2 a 2 está longe de ser um bom resultado. Longe também está o Vasco do G-4. Ocupa o oitavo lugar, com 19 pontos, quatro a menos do que o Goiás, atualmente na quarta colocação.
Lisca terá de encontrar soluções rápidas e especialmente livrar o Vasco dessa insistente mania de baixar linhas após abrir os placares. Mais do que isso: precisa transformar um time "regularmente irregular" em confiável e consistente.