Time sofre com marcação alta da Ferroviária, tem dificuldades na saída de bola e peca na criação; goleiro Thiago Rodrigues garante avanço na Copa do Brasil após 22 finalizações do adversário.
Apesar da vitória sobre a Ferroviária e da classificação para a segunda fase da Copa do Brasil, a atuação do Vasco no Estádio Fonte Luminosa, na última quarta-feira, acende o alerta e traz mais pressão para o trabalho de Zé Ricardo, que já tinha assistido ao time desempenhar mal no último sábado, contra o Fluminense, pelo Carioca. Foi um jogo de ataque contra defesa em Araraquara.
Mudanças na escalação não alteram postura
Zé optou por tirar Bruno Nazário e ir para o jogo com três volantes, mas não conseguiu fechar o meio-campo do Vasco. O time não ganhou qualidade na saída de bola com a entrada de Zé Gabriel e muito menos foi agressivo no setor, que também teve Matheus Barbosa e Juninho. Esse último acabou deslocado para o lado direito e ficou escondido na partida.
Se a ideia era chamar a marcação da Ferroviária para buscar os espaços na saída, o Vasco falhou. A pressão adversária funcionou muito bem, e o time carioca teve dificuldades de sair com a bola e de encontrar o jogo por dentro. Com marcação baixa, a equipe teve postura totalmente defensiva.
Outra alteração foi a estreia de Juan Quintero na vaga de Ulisses. O zagueiro não garantiu a segurança defensiva do Vasco, errou passes e prejudicou a saída de bola. Sorte que teve Anderson Conceição ao seu lado. O defensor cortou várias investidas da Ferroviária e foi destaque junto com Thiago Rodrigues, o melhor vascaíno em campo.
Graças ao goleiro, o time saiu classificado de Araraquara. Após o jogo, o técnico Zé Ricardo e o atacante Raniel disseram que o Vasco soube sofrer. Mas quem sofreu de verdade foi Thiago Rodrigues, que defendeu oito das 22 finalizações da Ferroviária. O adversário encontrou a defesa desprotegida em boa parte dos 90 minutos. Thiago não teve tempo nem para beber água, até porque a equipe da casa chegou a ter mais que o dobro da posse de bola em certo momento.
- Com paciência, com calma e sabedoria o Vasco vai seguir seu planejamento. Num elenco em construção, as oscilações vão ocorrer. Claro que não estamos satisfeitos com tudo, mas a primeira fase do Carioca e essa primeira fase da Copa do Brasil vão dar um pouco mais de confiança aos nossos atletas. A gente tenta diminuir essa pressão trabalho após trabalho, dia após dia - avaliou Zé Ricardo.
Dupla entrosada minimiza o problema
O Vasco foi pobre em sua estreia na Copa do Brasil 2022. Não à toa saiu de campo com apenas quatro finalizações, sendo somente uma no segundo tempo, quando recuou e sofreu ainda mais pressão.
Com Juninho inativo na direita e sem Nazário, o Vasco perdeu dois jogadores na criação das jogadas. O volante, que costuma ajudar bem na saída e nas construções por dentro, foi peça neutra. O time ainda permaneceu lento e não viu Gabriel Pec agregar na descidas pela lateral. Weverton e Edimar foram irrelevantes.
As três melhores chances do Vasco no primeiro tempo saíram dos pés de Nenê, figura importantíssima no elenco de Zé Ricardo. Mesmo não conseguindo manter o fôlego nos 90 minutos e jogar todos os jogos em alto nível, o meia-atacante é o mais decisivo. Depois de duas tentativas, com Pec furando e corte da zaga, Nenê achou Raniel aos 23 minutos. O centroavante, em sua única chance na partida, cabeceou com categoria para garantir o resultado.
A dupla tem sido a válvula de escape do Vasco na temporada. Foi a terceira assistência de Nenê para Raniel, que já soma seis gols em 10 jogos. Salvaram o time de uma atuação desastrosa na estreia da Copa do Brasil. Depois do gol, a equipe recuou e a pressão da Ferroviária foi absurda. O adversário chegou a empatar logo em seguida, mas o gol foi incorretamente anulado, já que Tcharlles estava em posição regular quando mandou para a rede vascaína.
Atuação escancara necessidade de reforços
O Vasco teve a oportunidade de assistir ao jogo de dentro de campo. No segundo tempo, o time manteve as linhas baixas e, totalmente recuado, viu a Ferroviária jogar. Sem combatividade e competitividade, faltou velocidade para aproveitar os contra-ataques.
Estratégica ou não, a postura dos minutos finais foi perigosa. O Vasco se apegou à vantagem mínima, deu campo para a Ferroviária jogar e lá na frente quase ninguém encostou mais na bola. A atuação é preocupante e escancara a necessidade de ajustes e de reforços para a Série B do Brasileiro, principalmente opções de velocidade.
A certeza de que esses reforços chegarão aumenta a margem para ter paciência com Zé Ricardo, que já tirou boas coisas desse time nos primeiros jogos. O técnico ainda está fazendo testes e colocando à prova jogadores que recém chegaram, como aconteceu com Quintero e Zé Gabriel diante da Ferroviária. O entrosamento e a organização devem melhorar nas próximas semanas, como prevê o próprio treinador. Dos males o menor: o Vasco cumpriu o objetivo, está na segunda fase da Copa do Brasil e, com isso, garante R$ 1.370.000,00 com premiações da CBF.
O Vasco enfrenta a Juazeirense na próxima fase da Copa do Brasil, com data que ainda será definida pela CBF. Diferentemente da primeira fase, quando o time de Zé Ricardo tinha vantagem em caso de empate com a Ferroviária, a vaga na terceira fase será decidida nos pênaltis se o placar terminar empatado em Juazeiro, na Bahia.