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Análise: 'Vasco estragou uma noite que deveria ser só de festa'

O Vasco estragou uma noite que deveria ser só de festa. No dia em que Alex Teixeira foi apresentado à torcida, com direito a fogos e programação especial em São Januário, a equipe comandada pelo técnico Maurício Souza só empatou com o Ituano por 1 a 1 e encerrou sua participação no primeiro turno da Série B. A titubeada justamente a meio caminho do acesso, apesar dos 35 pontos e dos sete à frente do quinto colocado, causa inquietação na torcida.

Foi uma partida marcada por vaias e protestos em vários momentos: no primeiro tempo, no segundo, no intervalo... O maior alvo foi Maurício, que comentou na coletiva que até prefere ser o foco das reclamações desde que os jogadores sejam poupados. Mas não foram: Edimar e Gabriel Pec também sentiram o gostinho da insatisfação dos vascaínos nesta terça.

É uma reação impulsionada pelos resultados recentes. Nos últimos cinco jogos, o Vasco venceu apenas um (o Criciúma fora de casa). Também conheceu nesse meio tempo suas duas primeiras derrotas na competição, para Novorizontino e Sampaio Corrêa. O Ituano está na beira da zona do rebaixamento, o que, somado ao fato de que uma vitória aumentaria para nove pontos a distância para o quinto, só serve para aumentar a frustração.

Os resultados da rodada (empates de Sport, Grêmio, Bahia e Tombense) são um consolo, sim, mas não podem servir sempre como parâmetro. Nesta terça, diferente do jogo em São Luís, o Vasco foi a campo com o time praticamente completo e não houve falhas comprometedoras, mesmo assim teve dificuldade para furar a defesa de um time que já havia sofrido 19 gols na competição e ia amargando uma derrota em casa até o goleiro adversário entregar uma bola nos pés de Raniel.

Para além das escolhas de Maurício Souza, que é o que abordaremos adiante no texto, qualquer análise deve partir do princípio de que o Vasco precisa de reforços com certa urgência. Alex Teixeira, o personagem da noite e único nome apresentado até o momento, está confiante de que poderá estrear na 22ª rodada, contra a Chapecoense.

Imbuído num clima de festa graças à apresentação de Alex Teixeira, o Vasco viu o caldo entornar com a torcida antes mesmo da metade do primeiro tempo. A equipe desperdiçou o embalo de São Januário, não conseguiu acoar o Ituano nos primeiros minutos e ainda sofreu o gol aos 15.

Num contra-ataque, Aylon conseguiu a finalização na área e obrigou Thiago Rodrigues a operar quase que um milagre à queima-roupa, mas Rafael Elias empurrou para a rede no rebote. O detalhe no lance foi que Gabriel Pec chegou atrasado para recompor o lado direito e não evitou de Mário Sérgio. A transição defensiva, que já havia dado dor de cabeça ao Vasco em São Luís, foi um grande problema na partida.

Enquanto os jogadores do Ituano comemoravam, Erick aguardava cabisbaixo próximo ao círculo central. Segundo antes do gol do adversário, no lance que originou o contragolpe, ele furou na pequena área perdeu grande chance para o Vasco. Depois disso, pouco apareceu.

O Vasco só melhorou quando Andrey entrou no jogo. O volante de 18 anos, aliás, viveu noite de Neymar em São Januário: foi caçado durante o jogo inteiro e sofreu nove das 21 faltas cometidas pelo Ituano, mais do que qualquer outro jogador em campo. Quando conseguiu escapar da marcação acirrada, foi o responsável por construir as melhores chances da equipe, com triangulações e passes precisos.

Àquela altura, alguns torcedores já ameaçavam vaias. Tudo apontava para um protesto uníssono no intervalo, mas o crescimento do Vasco nos minutos finais do primeiro tempo amenizou a situação. A equipe acertou a trave duas vezes: uma em cobrança de falta de Nenê e outra em uma pancada de Raniel de fora da área - o atacante fez boa partida, finalizou cinco vezes e foi um dos melhores em campo.

O segundo tempo se arrastou da maneira que o Ituano queria. A equipe do técnico Carlos Pimentel abaixou ainda mais as linhas e se armou para contra-atacar. Foi o momento em que a dupla de zaga formada por Anderson Conceição e Quintero mostrou segurança, levou a melhor nas tentativas de ligação direta e afastou o perigo da meta de Thiago Rodrigues - o vacilo de Quintero foi ter cometido um possível pênalti em Neto Berola ainda no primeiro tempo, mas o árbitro não marcou.

As primeiras mexidas de Maurício Souza se deram aos 15 minutos: Léo Matos, Riquelme e Juninho entraram nos lugares de Gabriel Dias, Edimar e Yuri Lara. Juninho passou a compartilhar com Andrey a responsabilidade de organizar o meio de campo e levar o time da defesa ao ataque, embora em nenhum momento tenha havido uma grande pressão do Vasco.

Aniversariante do dia, Nenê teve atuação apagada, mas ficou em campo em busca de uma bola que decidisse. Encontrou um passe para Raniel aos 16 em que o atacante soltou a bomba para cima do goleiro Filipe. E cobrou o escanteio para o gol do camisa 9, aos 32, no momento em que o Vasco parecia não ter mais forças para buscar o empate. A cabeçada de Quintero saiu fraca, mas o goleiro do Ituano vacilou e entregou o rebote nos pés do artilheiro, que agora tem seis gols na Série B.

O gol foi só o que o Vasco fez no segundo tempo, que ainda teve as estreias de Eguinaldo e Marlon Gomes pelo time profissional. Os meninos entraram bem e por alguns instantes preservaram a chama da esperança pela virada, mas o time não fez por onde. A responsabilidade recai no colo de Maurício Souza, bastante hostilizado ao fim da partida.

O trabalho treinador que chegou ao clube com a responsabilidade de manter a solidez defensiva e buscar melhorias ofensivas mostrou poucos resultados na prática. Os jogos contra Sampaio e Ituano, os únicos nesta Série B em que o Vasco ultrapassou os 60% de posse de bola, evidenciaram um domínio nas ações, mas as vitórias são fundamentais nesse processo. Até porque, sob o comando do antecessor Zé Ricardo, o time só venceu quando teve menos a bola que o adversário.

Fonte: ge
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