A falta de tempo para treinar e os desfalques aos montes conseguiram complicar a já difícil missão de substituir Cano. Porém, as escolhas de Lisca não deram certo e, apesar da vitória sobre o Vila Nova, terça-feira à noite em São Januário, a evolução ofensiva do time com o novo treinador estagnou. Se ele havia conseguido dar um norte no principal problema do time na temporada, bastou perder seu principal jogador e enfrentar um time extremamente defensivo para o nível de atuação cair.
Verdade que o Vasco, pela primeira vez em 17 rodadas, conseguiu entrar no G-4 da Série B. O momento é de bons resultados: duas vitórias consecutivas e três triunfos nos quatro jogos com o técnico na competição. Mas depender da sorte, como ocorreu nas três chances desperdiçadas pelo time goiano, pode custar caro. Contar com o imponderável para fincar pés no grupo do acesso não é recomendável.
Se a análise da atuação no 1 a 0 sobre o Vitória foi prejudicada pelas péssimas condições do gramado do Barradão, nesta terça, o contexto dos desfalques deve ser lembrado. Cano estava suspenso. Daniel Amorim, substituto imediato, sentiu dores na coxa direita. Além dele, Morato testou positivo para a Covid-19 e foi vetado. Bruno Gomes completou a lista de baixas.
Lisca apostou em Figueiredo como centroavante e em Léo Jabá (direita) e Marquinhos Gabriel (esquerda) como extremas. Assim, Serrafiore foi o meia. Se o início indicou boa atuação, com ações envolventes especialmente criadas por Juninho, logo se percebeu a superioridade da defesa do Vila Nova. O Vasco não soube vazar a linha de cinco defensores adversários e praticamente nada produziu.
Faltou, na linguagem popular, criatividade e bola. O gol de Jabá, sublinhe-se, saiu de uma tentativa de cruzamento que desviou na defesa e enganou o goleiro Georgemy. Cano fez falta não apenas pelo poder de finalização, mas também pelo posicionamento. Por sair da área e dar opção de passe e movimentação dos colegas. Fazer o time jogar. Sem isso, Figueiredo não conseguiu tabelar com os companheiros e, com Marquinhos Gabriel apagado e Jabá bem marcado, faltou profundidade.
Lisca poderia ter lançado Pec como alternativa no segundo tempo. Não o fez. Deu a entender que pode usá-lo diante do Remo na sexta, afinal, à exceção de Cano, os desfalquem devem continuar sendo desfalques. Arthur Sales, promessa da base, ficou no banco e também era uma alternativa ao técnico para mudar o panorama da partida. Ele optou por atletas que ajudassem na sustentação do posicionamento defensivo e do resultado. Escolhas que se revelaram, como a vitória foi alcançada, acertadas. Apesar dos sustos.
Como o Vasco não conseguiu aproveitar os espaços deixados pelo Vila para ampliar o placar, o jogo ficou perigoso. Rafael Donato (com duas cabeçadas) e Clayton (chute rasteiro) quase empataram.
A sorte ajudou e ainda assim a baixa produção ofensiva foi suficiente para vencer - esse mesmo Vasco fez quatro gols no Guarani e envolveu o São Paulo no jogo de volta na Copa do Brasil. Muito porque Romulo foi um ponto positivo: boas soluções no desafogo, bem no combate e no apoio e preciso na já conhecida qualidade no jogo aéreo. Além disso, o time marca mais em bloco. Não apenas individualmente. Não foi envolvido, as chances rivais foram de bola parada e de chute da entrada da área.
O fato é que o Vasco ganhou apesar de problemas pontuais. E, com a tranquilidade do resultado positivo, pode achar meios para evoluir para finalmente jogar bem.