O Vasco tem motivos para lamentar o empate sem gols com o Grêmio nesta quinta-feira que vão além da bola carimbada por Palacios no travessão. Contra um dos principais adversários desta Série B do Brasileirão, a equipe dominou as ações ofensivas, soube contornar a tentativa gremista de picar o jogo e (o mais importante!) conseguiu criar.
Ainda há muito para melhorar, mas o Vasco parece estar no caminho da evolução.
Uma amostra disso é a reação da torcida. No empate com o Vila Nova na estreia, até então a única partida em que a equipe havia perdido pontos em São Januário, os jogadores se retiraram de campo sob vaias e protestos. Contra o Grêmio, o clima foi de apoio e gritos de "vamos subir, Vasco!" após o apito final. A arquibancada reconheceu que a vitória não saiu por detalhe.
Defensivamente, houve sustos em descidas de Gabriel Teixeira que Thiago Rodrigues precisou intervir de maneira segura, o que já virou rotina em jogos do Vasco. Além de seguir invicta na Série B, a equipe chegou ao quinto jogo seguido sem sofrer gols. A última vez que isso aconteceu foi quando o time comandado por Cristóvão Borges engatou sete partidas sem ser vazado entre as rodadas 9 e 15 do Brasileirão de 2012. Dez anos atrás, portanto.
Com o segundo empate em casa, fica o alerta de que, mais cedo ou mais tarde, se quiser continuar no pelotão de cima da Série B, o Vasco precisa começar a vencer fora de casa. O próximo jogo contra o Náutico, que anda mal das pernas na competição e ocupa no momento a zona de rebaixamento, pode ser uma oportunidade.
Vasco começa bem, mas Grêmio esfria
Com Getúlio no comando do ataque no lugar de Raniel e a volta de Figueiredo ao time titular, o Vasco teve um bom início de jogo em São Januário. Aos 11 minutos, Figueiredo encontrou Nenê na entrada da área, e o camisa 10 bateu de perna direita para a boa defesa de Brenno. Mais tarde, depois de uma boa troca de passes no ataque, Edimar enfiou a bola para Gabriel Pec, que acabou finalizando torto.
Esse tipo de jogada era uma raridade até poucas rodadas atrás, quando o Vasco demonstrava um bloqueio criativo que dificultava a construção de chances de gol. Contra o Grêmio, os jogadores nitidamente se encontraram mais no campo ofensivo. O técnico Zé Ricardo falou na coletiva que o time está "trilhando um caminho" e que "tem coisas boas pela frente".
Apesar da crise, com cinco jogos sem vencer na Série B e o técnico Roger Machado balançando no cargo, o Grêmio contra-atacou sempre que pôde e deu trabalho na primeira metade do primeiro tempo. Os chutes de Thiago Santos e Benítez assustaram, e Gabriel Dias obrigou Thiago Rodrigues a fazer grande defesa aos 25 minutos. Líder em desarmes (3) da equipe ao lado de Figueiredo, Gabriel Dias foi quase impecável na marcação pela direita. Anderson Conceição também jogou bem.
Depois disso, a equipe tricolor acionou uma estratégia de picotar a partida e esfriou o ímpeto vascaíno com a colaboração do árbitro Luiz Flávio de Oliveira, que distribuiu cartões no primeiro tempo, quatro deles para o Vasco, e teve sua atuação bastante criticada por parte dos donos da casa.
Parou na trave
O Vasco ainda demorou para reagir no segundo tempo e quase viu Gabriel Teixeira marcar um golaço aos cinco minutos. Thiago Rodrigues, sempre ele, defendeu com os pés. O Time de Zé Ricardo perdeu um tempão nessa armadilha do Grêmio, mas conseguiu sair dela a partir do momento em que colocou sangue novo na partida. As entradas de Palacios e Raniel ajudaram a equipe a subir de produção. Matheus Barbosa, Weverton e Vinícius também entraram bem.
Nesse momento, a afobação pesou um pouco, reconheceu o próprio treinador na coletiva. Gabriel Pec, por exemplo, foi o maior finalizador do Vasco na partida: foram três chutes a gol. Mas faltou caprichar mais - no primeiro tempo, no lance em que chutou torto após passe de Edimar, Nenê reclamou bastante e chegou a fazer um gesto com a mão indicando como o camisa 7 deveria ter feito.
Pec também recebeu de calcanhar de Raniel aos 33, mas pegou muito mal na bola no chute. E, em seguida, num lance de contra-ataque que poderia ser perigoso, ele e Vinícius se atrapalharam com a bola. Essas precipitações acabaram pesando no placar final.
Já a bola de Palacios no travessão foi muito mais falta de sorte do que qualquer outra coisa. O chileno iniciou a jogada ainda no meio de campo, trabalhou com Pec na esquerda, limpou o marcador na área e bateu para onde o nariz apontou. Ele lamentou muito a chance perdida e deixou o gramado em prantos.