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Análise: Vasco vem fabricando, por conta própria, suas próprias fragilidades

Este é um clube que vem fabricando, por conta própria, suas próprias fragilidades. O Vasco de 2024 já mudou de treinador, diretor de futebol e até de dono. Viveu um projeto de montagem de elenco que pode não ter gasto a quantidade de dinheiro que a 777 insinuou ao vender à arquibancada a ideia de equipara forças com seu maior rival. Ainda assim, o time não foi barato, mas as ações de mercado resultaram num elenco cheio de desequilíbrios. Num clube sem norte, este elenco ficou um mês nas mãos de um interino, até entrar no clássico com um estreante que mal teve tempo de se adaptar a um novo clube, num novo país.

Do outro lado estava um Flamengo que, além do maior investimento e do elenco mais estelar do país, vem crescendo coletivamente. E terminou por fazer sua mais vistosa exibição no ano, liderado por um ajuste na posição de Arrascaeta que, alguns metros mais recuado, mandou na partida. Os contrastes dos dois lados já pareciam assustadores.

Mas, para um 6 a 1, seria preciso mais. E teve muito mais. Porque o Vasco até conseguiu competir por 20 minutos. E, embora o Flamengo assumisse o controle do jogo, tivesse volume, domínio territorial, nem criava chances claras. Até Maicon, surpreendentemente deslocado para o lado direito da defesa, errar um controle de bola e Cebolinha acertar um bonito chute. Depois, viriam duas bolas paradas pessimamente defendidas e, com o 3 a 1 no placar, um passe errado de Léo resultou na expulsão de João Victor. Ou seja, se já era inferior no papel e no campo, o Vasco terminou por cometer um excesso de erros primários que permitiram ao Flamengo ir para o intervalo com um 3 a 1 que nem equivalia a sua produção real. E com uma expulsão que terminava de condicionar o clássico.

A segunda etapa tem uma demonstração brutal de nível técnico do Flamengo, é verdade. A ponto de o placar de finalizações da partida terminar em surreais 30 a 2. Mas também é fato que Álvaro Pacheco, o treinador estreante, mostraria claramente os efeitos de sua escassa familiaridade com o contexto em que acabara de chegar. Suas escolhas não funcionaram.

Faz tempo que este Vasco, ao jogar com uma linha de cinco defensores, expõe o meio-campo. E fazer Payet recompor por um dos lados ajuda pouco. No intervalo, reduzido a dez jogadores e já com um defensor a menos, manteve Payet e devolveu ao campo um time fragilizado demais sem bola. Para piorar, a falta de organização defensiva crônica do time, algo anterior a Pacheco, permitiu total conforto ao Flamengo. Quando ele tratou de renovar o fôlego da equipe, o placar já era de 4 a 1. E o time já derretera em campo.

O Flamengo viveu seu grande momento de 2024, primeiro por saber controlar um jogo que começou perdendo, depois por se exibir de forma brilhante ao ter um jogador a mais – antes, não era tão criativo.

Já a tempestade perfeita que se abateu sobre o Vasco mostrou uma urgente e dura dificuldade de reconstrução, que vai do sistema defensivo a um clube sem norte.

IDENTIDADE

O erro de Fábio no 1 a 1 com o Juventude fez com que dedos fossem apontados para o “Dinizismo”, numa condenação ao estilo do técnico que deu a Libertadores ao Fluminense. Fábio se adaptou a novas exigências após os 40 anos, é um bonito processo com mais acertos do que erros. A questão atual do tricolor é como tem se afastado de seu jogo de aproximações em torno da bola. O problema não é ser “dinizista” de mais, é ser de menos.

CRUZAMENTO

A Libertadores fará o Botafogo reencontrar o Palmeiras, algoz na mais traumática derrota do último Brasileiro. E o fará em circunstâncias promissoras, com um time alvinegro consistente sob o comando de Artur Jorge. A interrogação, agora, está do lado paulista. O time de Abel Ferreira não vem jogando bem, mas até agosto terá um Dudu recuperado e o recém-contratado Felipe Anderson. Em futebol, dois meses são uma eternidade.

ROTEIRO FAMILIAR

A 15ª Champions do Real Madrid seguiu um enredo que se repete. Sua brutal reunião de talentos se vê superada tática e tecnicamente num jogo importante, até encontrar gols em caminhos improváveis. E, em ocasiões assim, é curioso como, embora o campo aponte o contrário, o mundo fica esperando pelo momento em que o time construirá sua vitória. O Dortmund jogou uma bela final, mas este Real é um desafio à compreensão.

Fonte: Agência O Globo
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