Rio - O outro Anderson da zaga do Vasco não tem status de ídolo, muito menos o apelido de \"mito\" que Dedé (ou Anderson Vital) carrega. Mas a primeira impressão ao menos foi melhor que a do companheiro de zaga. Sem nunca ter marcado como profissional, Anderson Martins marcou de falta logo na estreia do Vasco na temporada, no amistoso contra o Cerro Porteño. Apesar do início irregular da defesa do Vasco, Anderson também marcou outro de cabeça no Campeonato Carioca, na goleada de 4 a 2 contra o Madureira.
Mas o cearense Anderson Martins não está preocupado em aparecer. Ele faz da discrição a melhor arma para ganhar a confiança da torcida vascaína. Magro, alto, tímido, mas bem articulado, o zagueiro de 23 anos que chegou no Vasco pensando em aprender com Dedé, de 22 anos e melhor zagueiro do Brasileiro no ano passado, tenta descontruir algumas frases feitas no futebol.
\"As pessoas rotulam que zagueiro tem que ser experiente, mas não é só idade que traz experiência e sim o que viveu, o que passou. Tenho cinco anos de divisões de base, uma certa bagagem. Claro que tenho muito a aprender, mas não é só por ser novo ou velho que o zagueiro vai ser considerado experiente. A questão da idade é relativa\", diz Anderson, que tem razão em defender esse argumento. Afinal, ele e David Luiz, atual zagueiro da seleção que também começou no Vitória, formavam uma dupla de área de respeito em Salvador, inclusive com passagens pelas seleções de base.
Da mesma forma que defende a ideia de que a idade não pesa na qualidade do jogador ou do setor defensivo, Anderson também não atesta que ele e Dedé por serem jovens são mais combativos ou tenham mais disposição que outras duplas mais velhas. \"É outro mito que às vezes eu não concordo. Não é só porque o jogador é jovem que ele corre mais. Isso depende de cada um\", disse Anderson, que chegou ao Vitória com 12 anos e sofreu uma lesão grave quando tinha 19 anos.
Dono de quatro títulos estaduais consecutivos pelo Vitória (2007 a 2010), Anderson, que foi considerado o melhor jogador do Campeonato Baiano de 2009, vê na recuperação um caminho correto para manter o ritmo de conquistas regionais no currículo. \"Sempre é bom ser campeão. No começo estávamos mal para caramba, mas conseguimos melhorar. Fizemos apenas um bom jogo contra o Botafogo, mas primeiro temos que pensar na Taça Rio para depois tentar o título\", afirma Anderson Martins.
Discrição
Dedé nunca foi um trapalhão, como poderia crer a piada fácil e a irregularidade do início no Vasco, mas é mais espalhafatoso que o companheiro de zaga. Para Anderson, é vantagem não ser notado. \"Procuro ser o mais discreto possível, zagueiro tem que ser assim mesmo. Apenas quero fazer bem a minha função e assim conquistar a torcida. No início eu e Dedé a gente estava um pouco desentrosado ainda, mas agora estamos bem melhor\", diz Anderson Martins.