A arrancada não é mais a mesma do fim da década de 80. Os dribles desconcertantes mudaram de palco: foram do Mineirão para a várzea. Mas os atleticanos ainda podem conferir o atacante Sérgio Araújo em ação. Não que ele ainda jogue profissionalmente. No entanto, o ponta-direita sensação do Campeonato Brasileiro de 1987 é um dos "malabaristas" da seleção mineira de veteranos (Assista ao vídeo ao lado dos eternos ídolos do Atlético-MG).
- Pelo menos duas vezes por mês, bato uma bolinha ao lado de ex-jogadores do Atlético, Cruzeiro e América. O local não é empecilho. Jogamos em várias cidadezinhas do interior de Minas Gerais. Basta nos convidar - afirma o ex-camisa 7 alvinegro.
Dois momentos, duas velocidades
Diferentemente da rapidez dos gramados, Sérgio Araújo fala pausadamente de sua paixão pelo Atlético-MG. Embora tenha defendido 15 clubes na carreira, foi o Galo quem o revelou para o futebol. Gratidão que o ex-jogador faz questão de ressaltar um dia após o clube completar cem anos.
- Cheguei ao Galo no juvenil. Fiquei cinco anos na base. E fui lançado profissionalmente num timaço. Não tem como esquecer aquela geração de Paulo Isidoro, Eder Aleixo e Toninho Cerezo. Fizemos grandes jogos contra o Cruzeiro e em campeonatos brasileiros. Por isso, acho que escrevemos uma parte desta história de 100 anos do Atlético-MG. Sempre fui atleticano. E passei a gostar mais ainda do clube depois de ter jogado lá - garante o pai das gêmeas Rafaella e Ana Carolina, de 11 anos.
Acelera, Brasil
Atualmente técnico da equipe júnior do Villa Nova, Sérgio Araújo estimula seus pupilos a arriscar jogadas de efeito. Mas diz não ter a pretensão de mudar os rumos do futebol. Pelo contrário, lamenta uma transformação no esporte, e em especial no Brasil, do fim da década de 90 para cá.
- O futebol brasileiro não tem mais jogador veloz. Tudo bem que os pontas foram extintos. Mas custa dar chance aos atacantes rápidos? - diz o ex-atleta, aos 45 anos, 30 deles dedicados ao futebol.
Sucesso no Galo e na seleção brasileira
Sérgio Araújo participou da campanha vitoriosa do Brasil no Pré-Olímpico de 1987Hexacampeão mineiro (81, 82, 85, 86, 88 e 91) e campeão da Copa Conmebol (92) pelo Atlético-MG, Sérgio Araújo foi convocado dez vezes para defender a seleção brasileira. É verdade que o baixinho não chegou a balançar a rede, mas brilhou ao lado de Bebeto, Valdo, Raí, Müller & Cia. no Torneio Pré-Olímpico de 1987 em que o país conquistou a medalha de ouro.
- Vencemos a Bolívia na final por 2 a 1, em La Paz. Depois disso, ainda fui campeão brasileiro com o Bahia, em 88, e da Copa do Brasil com o Grêmio, em 89 - recorda o ponteiro, considerado pelos adversários como um jogador "ensaboado" devido à dificuldade em marcá-lo.
Não faltaram clubes na carreira
Recebido com pompas de craque, Sérgio Araújo não rendeu o esperado no Flamengo, um ano após disputar a semifinal do Brasileiro de 87 contra o próprio Rubro-Negro. De substituto à altura do atacante Renato Gaúcho, que se transferira para o Roma (Itália), o ponta-direita endiabrado do Atlético-MG não conseguiu se firmar na Gávea. Era só o segundo time desse mineiro de Timóteo que ainda passou por Avaí, Fluminense, Vasco, Grêmio, Guarani de Divinópolis (MG), Ponte Preta, XV de Piracicaba, América (SP), Inter de Limeira, Villa Nova (MG), Serra, Vitória de Setúbal (Portugal) e São Mateus (ES), onde se aposentou em 2000, aos 37 anos.