O balanço financeiro dos clubes em 2012 é um fio de esperança para o futebol brasileiro. Apesar do aumento de despesas, o bloco dos 14 grandes fechou 2012 no azul. O superávit alcançado foi de R$ 32 milhões, segundo relatório da Mazars, sexta maior empresa de auditoria do país.
Parece pouco, mas é um cenário bem melhor que o dos anos anteriores. Em 2011, por exemplo, o prejuízo bateu na casa R$ 328 milhões. A diferença real de uma temporada para a outra foi de R$ 360 milhões.
Individualmente, sete clubes fecharam no azul. Corinthians e São Paulo são os únicos que tiveram lucros seguidos nos últimos quatro balanços.
Os resultados de Atlético-PR e Palmeiras, campeão e vice de lucro ano passado, puxaram os outros times a reboque. Mas é bom que os clubes coloquem os pés no chão, porque o lucro veio graças a uma injeção pontual de receitas relativas à reforma dos estádios de Furacão e Verdão e não um desenvolvimento mais consistente para acumular faturamento.
Os paranaenses tiveram um superávit aproximado de R$ 123 milhões. Mas esse valor foi fruto de uma lei municipal que aumentou o potencial construtivo para as obras da Arena da Baixada. Se esse incremento não tivesse existido, o Furacão fecharia o ano com déficit de R$ 200 mil.
No caso do Palmeiras, o doping das contas foi de R$ 57,9 milhões, correspondente à construção e à cessão de imóveis ao clube por parte da WTorre, responsável pela obra no Palestra Itália. Sem isso, o balanço palmeirense também fecharia no vermelho: R$ 26 milhões de prejuízo.
O efeito da retirada dos aditivos seria a reversão no cenário financeiro dos grandes, que fechariam 2012 com prejuízo de R$ 148,8 milhões. O lado bom? Pelo menos o rombo ainda diminuiria com relação aos três anos anteriores.
PREJUÍZO DE FLAMENGO, VASCO E CRUZEIRO AUMENTA
Flamengo, Cruzeiro e Vasco remaram contra a corrente em 2012. Os três clubes foram os únicos entre os 14 grandes brasileiros que aumentaram seu prejuízo ou, no caso vascaíno, entraram nele.
O déficit do Rubro-Negro aumentou de R$ 12,4 milhões em 2011 para R$ 60,5 milhões em 2012, o que rendeu aos cariocas a lanterna no ranking da temporada. Já o déficit cruzeirense foi de R$ 13,1 milhões em 2011 para R$ 31 milhões em 2012. O Vasco saiu do azul (R$ 4,6 milhões) e entrou no vermelho (R$ 300 mil).
O problema do Flamengo foi o aumento das dívidas, algumas reveladas após a auditoria promovida pela nova gestão.
Cruzeiro conseguiu um volume menor de receitas com televisão, marketing e transferência de atletas, além de um aumento no valor que teve que ser pago à Timemania em 2012. Pelo menos isso significa que o bolo a ser pago nos próximos anos deve encolher.
Quem deu o melhor exemplo de equacionamento de verbas, além do Atlético-PR, foi o Botafogo. Apesar de ter fechado no vermelho, o clube foi quem conseguiu maior redução dos prejuízos de R$ 117 milhões em relação ao ano anterior.
Academia LANCE!
Carlos Aragaki
Sócio da mazars e especialista em auditoria
\"Análise longa mostra a tendência real\"
O superávit ou o déficit de cada clube representa genericamente o resultado das receitas (equação entre custos e despesas de cada ano). Ele deve ser analisado em mais de um período para que se avalie a tendência de cada clube. Nesse contexto, sete times fecharam no azul em 2012, ou seja, apresentaram superávit, o que representa um recorde em relação aos anos anteriores.
Corinthians e São Paulo chamam a atenção, pois, nos últimos quatro anos, foram os únicos clubes que fecharam com superávits consecutivos. Os maiores lucros foram de Atlético-PR e Palmeiras. Como já foi informado na análise de receitas, tal resultado não representa superávit decorrente de atividades diretamente ligadas ao futebol, como negociação de atletas, patrocínios ou televisão. Nesses dois casos, os superávits de cada clube estavam relacionados às construções das respectivas arenas.