Pouco mais de três meses separam o Clássico dos Milhões do primeiro turno deste reencontro entre Flamengo e Vasco, hoje, pela 26ª rodada do Brasileirão, no Maracanã. A goleada por 6 a 1, a maior já aplicada pelo rubro-negro sobre o cruz-maltino, marcou aquele momento. Todavia, se uma semana já muda cenários no futebol, 105 dias parecem uma eternidade. E foram suficientes para que a janela de transferências, algumas lesões e nuances do calendário reequilibrassem o confronto.
No Vasco, houve uma pequena revolução. O então estreante treinador português Álvaro Pacheco durou apenas mais duas partidas no cargo, num rápido desprestígio à medida que Pedrinho tomava as rédeas do futebol após o litígio judicial que afastou a 777 Partners do comando da SAF.
Rafael Paiva reassumiu interinamente o time e, pouco a pouco, estabeleceu uma nova identidade no Vasco, hoje semifinalista da Copa do Brasil e brigando na parte de cima da Série A, com uma equipe dura de enfrentar. Desde que Paiva — hoje tratado como efetivo — voltou, a equipe soma 10 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, entre mata-mata e pontos corridos (um aproveitamento de 62,9%).
Dos relacionados para aquela partida, o cruz-maltino já não tem mais Medel, Zé Gabriel, Praxedes e Clayton, que haviam sido reservas. Titulares na ocasião, Galdames e Pumita hoje ocupam o banco. Já o zagueiro Léo voltará a ganhar oportunidade hoje com a suspensão de João Victor.
O cruz-maltino também leva caras novas para o Brasileirão: os atacantes Jean David e Emerson Rodríguez já estrearam, enquanto o meia suíço Maxime Dominguez está apto a fazer sua primeira partida. A comissão técnica aguarda o meia Philippe Coutinho, principal contratação da janela, que tem boas chances de ser relacionado pela primeira vez desde o dia 2 de agosto. O lateral-esquerdo Lucas Piton também é dúvida, ainda com dores de uma pancada no tornozelo esquerdo. Outros reforços, reservas, são o volante Souza e o atacante Alex Teixeira, crias da base e nomes experientes.
Lesões e pretensões
O destaque da equipe é fácil de apontar: Pablo Vegetti. Herói na classificação à semifinal da Copa do Brasil, o atacante, que marcou o gol solitário do primeiro turno, chega como um dos goleadores do Brasileiro, com oito. O artilheiro da competição é justamente do rival: Pedro, com 11, ironicamente o maior desfalque do Flamengo para o clássico — e para o restante da temporada. O camisa 9 sofreu uma grave lesão a serviço da seleção brasileira: rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Passou por cirurgia na sexta-feira, não joga mais pelo rubro-negro na temporada e só volta em meados de 2025. Desde aquele clássico, as lesões viraram lugar-comum de um Flamengo que tenta manter o sarrafo alto enquanto disputa as retas finais de Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão.
Classificado à semifinal do primeiro torneio após vencer o Bahia novamente, na quinta-feira, o rubro-negro comemorou a volta do meia Arrascaeta, que marcou o gol, mas afirmou que não estava 100% na partida. O lateral-esquerdo Ayrton Lucas, que também sentiu durante o jogo, já seria baixa hoje por cumprir suspensão, o que levará à estreia de Alex Sandro pelo Flamengo.
A ida ao mercado foi uma realidade imposta sobre o clube, que perdeu por prazo longo outros dois titulares daquela partida do 6 a 1: o lateral-esquerdo Viña e o atacante Cebolinha, que tiveram lesões graves e voltam somente no ano que vem.
Além de Alex Sandro, o rubro-negro investiu pesado para tirar o meia Carlos Alcaraz do Southampton, mas ele está fora da partida de hoje após ter sido expulso na estreia. Outro reforço, o velho conhecido atacante Michael, também está afastado, com uma lesão no músculo posterior da coxa direita. A mesma de De La Cruz, que segue fora. Já outro que pode estrear é Gonzalo Plata, atacante equatoriano contratado do Al-Sadd.
Aquela goleada fez o Flamengo assumir a liderança do Brasileiro, posição hoje mais distante. As chances de título mais próximas na temporada estão no mata-mata: além da semifinal contra o Corinthians na Copa do Brasil, o time de Tite iniciará a disputa das quartas da Libertadores na quinta-feira, contra o Peñarol.
Crítico do calendário brasileiro, o técnico tenta amortecer a pressão sobre o rubro-negro. Mas, hoje, terá uma missão muito mais dura que a de 105 dias atrás.