Autor de frases cáusticas e de muito efeito, Romário calou-se por alguns dias sobre a história que mais o persegue: o milésimo gol da carreira. No Vasco, o assunto é tratado como segredo de estado. Ninguém fala, ninguém se pronuncia, todos se calam. Ontem não foi diferente. O atacante foi direto de Búzios para São Januário, onde ficou pouco tempo, e mais uma vez não falou com ninguém.
No Botafogo, adversário da semifinal de amanhã, a conversa não é proibida. Técnicos e jogadores alvinegros disseram que esperam um Baixinho capaz de apresentar muitas surpresas, quando pisar no gramado do Maracanã.
Perigoso como uma fera acuada, Romário sequer poupou de venenosas palavras o técnico do Vasco, Renato Gaúcho, e o seu companheiro de ataque Leandro Amaral, que o teriam criticado pela frenética busca do gol 1.000.
Posteriormente às flechadas do Baixinho, Renato Gaúcho desconversou. Disse não ter visto a entrevista na qual fora o alvo preferido do artilheiro. Nos bastidores do clube da Colina, há até rumores de que o treinador até não escalaria Romário para enfrentar o Botafogo.
O técnico Cuca, do Botafogo, disse que a ansiedade em General Severiano em relação ao milésimo gol de Romário é grande entre todos.
Se tivéssemos um jogador com 999 gols a expectativa seria a mesma. Espero que, contra nós, ele não consiga. Mas, se derrotarmos o Vasco, não faz mal, disse Cuca.
No dia 1 de abril passado, após a vitória sobre o Vasco, alguns jogadores do Botafogo pareciam estar a cavaleiro por terem impedido Romário de marcar o milésimo gol. Ontem, o discurso teve um tom mais moderado. Não podemos dar nenhum espaço para ele, disse o zagueiro Juninho.