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Após desentendimento, Wilson Witzel e Campello caminham para trégua

Apesar de já ter assinado um acordo de cessão da gestão do Maracanã para a dupla Fla-Flu por seis meses e dizer que o Vasco estava "esperneando" ao ficar de fora, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, empunhou sua bandeira branca e convocou o presidente cruzmaltino, Alexandre Campello, para uma trégua sobre o assunto. 

A autoridade citou sua esposa e sua filha como torcedoras do clube e avaliou que não há necessidade de que as partes fiquem trocando farpas. 

"Eu estou convidando o presidente do Vasco para acabarmos com essa conversa para lá e para cá. O Maracanã é de todos. Se houve algum problema, vamos conversar. Não há necessidade de ficarmos nos digladiando sem que sente para conversar. Fui juiz por 17 anos e o que eu sei fazer é uma audiência de conciliação", disse o governador à Rádio Tupi antes de prosseguir: 

"Aí vai um recado para a torcida do Vasco: eu jamais prejudicaria o Vasco, até porque minha esposa e minha filhinha Bárbara são vascaínas, eu teria um gravíssimo problema na minha casa. Tenho um carinho profundo pelo Vasco, pelos jogadores, pelo presidente, que já estive lá com ele... Então, o que eu quero é que todos tenham a certeza de que ninguém será prejudicado. Quando tirei o Maracanã da mão do consórcio, é porque os clubes estavam sendo prejudicados". 

Alexandre Campello classificou como "interessante" a atitude de Wilson Witzel e se mostrou aberto ao diálogo, embora tenha enfatizado que o Vasco não abrirá mão do que entende como o melhor para o clube. 

"Acho que é bastante interessante que o governador queira nos ouvir e esteja, de fato, atento ao Maracanã porque é uma questão bastante sensível. Não interessa ao Vasco tê-lo somente para jogar como um campo. Precisamos entender que o Maracanã é um equipamento que custou ao estado mais de R$ 1 bilhão e é uma ferramenta que proporciona não só a possibilidade de mandar seus jogos, mas também de trazer uma série de possibilidades de arrecadação. Dar a um único clube a gestão significa provocar um desequilíbrio muito grande entre as equipes do Rio. É isso que o Vasco tem defendido e vai defender até o fim", declarou o Campello, desejando um "ponto de equilíbrio" entre as partes: 

"Se o governador está sensível a isso e está, de fato, disposto a sentar para conversar, acho isso bastante interessante. É uma pessoa inteligente, acostumada a mediar e é isso que a gente espera do governador. Que ele seja, de fato, um mediador. Foi isso que buscamos quando conversamos com a comissão que tratou desse novo modelo de gestão. E que busque um ponto de equilíbrio que seja interessante a todos os clubes do Rio, e não só ao Flamengo". 

Por qual motivo querer o Maracanã? 

Na entrevista à Rádio Tupi, Alexandre Campello também explicou os motivos do Vasco querer gerir o Maracanã mesmo já tendo São Januário como um estádio próprio para o clube. 

"O Vasco, quando quis um estádio, foi lá e construiu o seu. Hoje o Vasco tem um estádio que a capacidade é para 20 mil. Precisamos de um estádio para um público maior que 20 mil e, nesse caso, temos o Maracanã assim como os outros clubes têm. O Maracanã tem uma série de possibilidades de arrecadações comerciais e, se ficar na mão de um único clube, vai causar um desequilíbrio. Sabemos que resultado, montagem de equipe está diretamente relacionada aos resultados financeiros. Os clubes fortes financeiramente tendem a ser fortes desportivamente", concluiu o presidente do Vasco. 

Vasco entrou na Justiça contra decisão 

Discordante da decisão do governador de ceder a gestão do Maracanã para a dupla Fla-Flu por seis meses, o Vasco ingressou na Justiça numa tentativa de impedir que o acordo tenha validade. O clube também utilizou seu uniforme de jogo para protestar, exibindo em suas mangas a frase "O Maraca é de todos". 

No duelo com o Bangu, pela semifinal do Campeonato Carioca, o Cruzmaltino alegou ter sido censurado pelo Maracanã ao tentar transmitir nos telões do estádio um vídeo com momentos marcantes do clube no local. 

Vasco tentou se aproximar de Witzel 

Antes de declarar guerra ao governo do Rio, o Vasco tentou uma aproximação com o governador Wilson Witzel. O político foi convidado em novembro do ano passado a assistir a partida contra o Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro, na sala da presidência. 

Acompanhado de sua esposa Helena, o gestor público - que é torcedor do Flamengo - foi recebido pelo presidente Alexandre Campello, que o presenteou com uma camisa do Vasco personalizada. 

"Quero agradecer a receptividade do Presidente do Vasco, Alexandre Campello, os presentes recebidos pelo Club, as camisas com meu número, para a minha esposa Helena e minha filha Bárbara, que são vascaínas. Fico feliz também de estar aqui para ver o esporte carioca. A torcida do Vasco é muito aguerrida. Esporte tem que ser alegria. Fico triste quando vejo notícias de violência, torcidas que não podem mais vir uniformizadas. Estou aqui para prestigiar o Vasco, o futebol brasileiro e o futebol do nosso estado. Hoje a minha torcida é para o Vasco", disse ao site oficial do Vasco na época. 
 

Fonte: UOL
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