Antes de ser conhecido também pelo sobrenome, Ramon Motta era apenas Ramon e começou sua carreira no Inter. O lateral esquerdo tinha apenas 19 anos quando recebeu as primeiras oportunidades no time B do Colorado e, em meio aos carros de luxo dos colegas, chegava ao Beira-Rio de bicicleta. Depois de mudar de status, "forçou" a saída do clube rumo ao Vasco.
Muitas coisas eram diferentes em 2007, quando Ramon fazia parte do time B do Inter. Egresso da base colorada como um de seus principais destaques, não tinha o mesmo holofote que os meninos de hoje. A equipe suplente só foi utilizada porque a principal vinha da conquista do Mundial de Clubes do ano anterior e se apresentou com atraso, realizando pré-temporada na serra gaúcha enquanto os garotos representavam o clube no Gauchão.
Além de Ramon, a equipe treinada por Lisca, hoje no Ceará, tinha nomes conhecidos como o goleiro Renan, o zagueiro Gum, o atacante Márcio Mossoró e o centroavante Ricardo Jesus. Entre atletas não aproveitados no time de cima, que se recuperavam de lesão, e muitos jovens, o então meia chegava ao Beira-Rio e deixava sua bicicleta no estacionamento próximo ao campo suplementar utilizado para os treinos, junto aos veículos luxuosos de quem vivia outra fase da carreira.
O Inter B não foi bem naquele ano. Sem os melhores resultados, foi substituído às pressas pelo principal, que não conseguiu evitar a eliminação precoce no Gauchão.
Mas o status de promessa de Ramon acabou se confirmando. No ano seguinte, ele foi utilizado em 18 jogos pelo principal. Porém, na temporada posterior, saiu em empréstimo para o Vasco. Por lá, se consolidou e fez 55 partidas na temporada, marcando três gols.
Decidido a ficar no Rio de Janeiro, Ramon foi contrariado pela direção do Inter, que exigiu seu retorno em 2010. Queria utilizar o lateral no grupo que iniciava preparação. E por isso ofereceu renovação do contrato que estava por se encerrar.
Segundo o então vice de futebol Fernando Carvalho, o salário dele seria equiparado ao de Taison, principal promessa do grupo na ocasião. O atacante disputou a última Copa do Mundo pela seleção brasileira e atualmente defende o Shakhtar Donestk, da Ucrânia. Mas Ramon não aceitou. Rejeitou qualquer plano gaúcho e passou a treinar separado dos demais jogadores. Tanto fez que conseguiu forçar saída para o Vasco, então em definitivo.
Do Vasco de 2010 foi para Corinthians em 2011, Flamengo em 2012 e 2013 até receber a primeira oportunidade fora do país. Esteve no Besiktas, da Turquia, até 2015, depois no Antalayaspor, do mesmo país, e regressou ao Vasco em 2017.
Só que para voltar, de cara precisou resgatar uma situação do passado. Gravou um vídeo para explicar o comportamento de quando defendeu o Flamengo. Na ocasião, declarou-se torcedor do Rubro-Negro e fez piada com o Vasco. Por meio de sua conta no Instagram, pediu desculpas pelo que definiu como "imaturidade".
Atualmente é um dos líderes do elenco e se tornou capitão do time com a chegada de Alberto Valentim. Contra o Cruzeiro, exerceu sua liderança em favor de um colega. Com a torcida vaiando e pedindo a saída de Fabrício da equipe, Ramon, em nome do grupo, pediu para o técnico não substituir o companheiro, que ficou no time e deu assistência para o gol de Pikachu.
Internacional e Vasco jogam nesta sexta-feira (26) às 21h30 (de Brasília) em São Januário.