Política

Após perder homens de confiança, Campello precisa manter Vasco "sozinho"

O ano mal começou, mas no Vasco já há quem tenha optado por sair. Recentemente, o vice-presidente de finanças, João Marcos Amorim, renunciou ao cargo e foi seguido pouco tempo depois pelo então assessor da presidência, Horácio Junior. Na última quinta-feira (16), o grupo "Desenvolve Vasco" emitiu nota se retirando da base de apoio da diretoria, o que deve ocasionar também na saída do integrante Adriano Mendes, que é o vice de controladoria. Tudo isso, porém, parece não abalar o presidente do clube, Alexandre Campello, que resolveu abraçar suas convicções e seguir tocando a caravela sem seus, até então, homens de confiança.

O ponto central do "racha" foi o investimento no futebol. Campello entende que em 2020 se faz necessário um aporte mais considerável em relação ao do ano passado. Para sustentar sua tese, o mandatário acredita que com uma equipe mais forte, consequentemente, o clube obterá um maior retorno de bilheteria, de premiação nos campeonatos e também de sócio-torcedor, que hoje é o maior do Brasil, com mais de 185 mil associados.

Porém, Amorim e Mendes, responsáveis, até então, por dar as diretrizes financeiras do clube, têm outra interpretação, corroborada também por Horácio. Eles analisam que esta temporada ainda é de contenção de gastos e de cortes, mantendo a tentativa de austeridade. Como viram que suas recomendações não seriam seguidas à risca, optaram pela renúncia.

Presente na cerimônia de abertura do Campeonato Carioca na última quinta-feira, Campello ironizou a saída do "Desenvolve Vasco", que além de deixar sua base de apoio, ainda afirmou que não apoiará uma possível candidatura de reeleição do dirigente no pleito que acontecerá no clube no fim deste ano:

"Em relação à opção da Desenvolve Vasco de apoiar esse ou aquele grupo, ou estar ou não apoiando a gestão, eu encaro como um movimento político, meramente político. Este é um ano eleitoral, o tabuleiro já começou a se mexer". 

Em entrevista à Vasco TV na última quinta-feira (16), Campello revelou que os gestores financeiros queriam manter uma folha salarial do elenco para 2020 na faixa de R$ 3,3 milhões. Já ele entende que o ideal é algo na casa dos R$ 4 milhões ou R$ 4,3 milhões.

No caso do vice de controladoria, Adriano Mendes, sua saída deverá ser oficializada tão logo o clube finalize a operação para quitar dívidas e os salários atrasados, que hoje acumulam novembro, 13º e férias. 

Embora o Vasco prefira não dar prazo para estes pagamentos, a expectativa é a de que isso aconteça nos próximos dias. 

"Não estamos buscando um empréstimo propriamente dito. É um trabalho em cima de recebíveis, de parceria, com os patrocinadores... Tem evoluído, mas ainda não temos nada fechado para declarar um prazo", disse Campello ainda durante o evento. 

Na última quarta-feira (15) o Vasco chegou a um acordo com o atacante Jorge Henrique sobre a dívida de cerca de R$ 1 milhão. O clube deu um valor de entrada e parcelou o restante, feito que teve como consequência o desbloqueio do Cruz-Maltino na CBF e a possibilidade do mesmo registrar o atacante Germán Cano e habilitá-lo para estrear amanhã (19), contra o Bangu, em São Januário, pela primeira rodada do Campeonato Carioca. 

Diferentemente da "Desenvolve Vasco", de Adriano Mendes, a "Cruzada Vascaína", de João Marcos Amorim e Horácio Junior, ainda não oficializou sua saída da base de apoio da diretoria. Em contato recentemente com o UOL Esporte, o presidente do grupo, Carlos Leão, afirmou que o integrante João Ernesto, vice de relações especializadas, seguirá no cargo, assim como Amorim permanecerá atuante em assuntos relacionados ao Conselho Deliberativo.

Existe a possibilidade, porém, que o Desenvolve e o Cruzada se unam para a formação de uma chapa para a eleição do fim do ano.

Quatro vagas de vices em aberto

O Vasco está com quatro vice-presidências vagas desde que Alexandre Campello assumiu a gestão, no início de 2018. Todas com seus então ocupantes entregando seus respectivos cargos e sem serem repostos.

Os primeiros vices a deixarem suas pastas saíram logo em debandada. No total, foram 14. Todos do grupo político 'Identidade Vasco', que havia sido a base de apoio que fez Campello chegar ao poder.

De todas as saídas, as únicas duas vice-presidências que não foram repostas foram a de futebol, então comandada por Fred Lopes, e a médica, que era de Celso Monteiro.

Na época, Campello decidiu não ser necessário uma reposição delas e, no caso do Futebol, o dirigente acabou "acumulando" o cargo.

O desligamento em peso da 'Identidade Vasco' na época forçou o atual presidente a fazer uma costura política, e foi aí que ele conseguiu angariar dois grupos para sua diretoria administrativa: a "Cruzada Vascaína" e o "Desenvolve Vasco", de onde surgiu João Marcos Amorim (finanças) e Adriano Mendes (controladoria). No que se refere às saídas de vice-presidentes, teve ainda no fim do ano passado o desligamento de Bruno Maia, que comandava o marketing. Esta foi considerada a mais "amigável", já que o ex-dirigente alegou oportunidades profissionais para deixar a pasta. Porém, sua relação desgastada com Adriano Mendes já era notória.

Fonte: UOL Esporte
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