A Arena Joinville, palco de cenas de violência entre torcedores de Atlético-PR e Vasco no último domingo, recebeu investimento federal por ser candidata à sede de seleções na Copa do Mundo de 2014. Apesar disso, o estádio poderá ser fechado para jogos em razão de uma ação civil pública impetrada pelo MP-SC (Ministério Público de Santa Catarina).
O órgão público protocolou a ação no dia 2 deste mês e alega que foram encontradas irregularidades no estádio no sistema de prevenção de incêndio, separação de torcidas e falta de assentos numerados, entre outros problemas. O processo – que originou a decisão da PM em permanecer do lado de fora da arena - tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Joinville e ainda será julgado pelo Judiciário.
A cidade foi cadastrada pela Fifa como base para receber seleções na Copa. Além do estádio para treinamentos, o hotel Bourbon compõe a estrutura oferecida para os visitantes. Por conta disso, o município recebeu R$ 4,2 milhões do Ministério do Esporte para reformas como pintura, impermeabilização das arquibancadas e colocação de 18 mil cadeiras.
O dinheiro ainda aguarda liberação da Caixa por conta da burocracia de documentos. A prefeitura entrará com uma contrapartida de R$ 340 mil. A previsão da prefeitura é de que as obras comecem entre janeiro e fevereiro.
O presidente da Felej (Fundação Municipal de Esportes Lazer e Eventos de Joinville), responsável pela administração do estádio, Fernando Krelling, admite que a repercussão do episódio pode afastar interessados. A prefeitura teve conversas com a Suíça, mas o acordo regrediu e atualmente não existe uma seleção próxima de um acerto.
"É ruim para a imagem, mas depende exclusivamente das seleções. Não houve problema com o estádio, mas com a organização do evento, com a estratégia. De qualquer maneira, o investimento federal é um legado, ficará para a cidade. Poderíamos não receber ninguém", disse Krelling, que não teme problemas com a Fifa por conta de uma possível interdição da arena.
"Vamos regularizar e cumprir os itens pedidos pelo MP. Mas não vejo risco, já que o pedido de interdição é para jogos. As seleções apenas treinariam. Seria ruim para a população local apenas".
Inicialmente a discussão sobre o motivo que originou a batalha se concentrou na ausência de policiais dentro do estádio. No segundo momento, MP e Polícia Militar recuaram e afinaram o discurso. Segundo o promotor, Francisco de Paula Fernandes Neto, que ajuizou a ação, a Arena Joinville apresenta falhas estruturais que aumentaram o risco de confronto entre torcidas.
"Separar torcidas é questão estrutural do estádio, física. É desvio de finalidade colocar a Polícia Militar para algo que já deveria estar lá. É uma falha estrutural do estádio não ter uma separação", disse o promotor do MP.
Segundo o MP, desde 2006 a arena é alvo de seguidas vistorias, inclusive com a interdição no final de 2010. No ano seguinte, a prefeitura assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), mas cumpriu apenas partes do acordo. No mesmo ano, um novo inquérito civil público foi instaurado para apurar as irregularidades do local.