Futebol

Arena Pantanal suporta segundo teste antes da Copa, mas apresenta falhas

O principal problema da Arena Pantanal está explícito: trata-se de um estádio ainda em obras. A estrutura até que suportou bem seu segundo evento-teste, neste sábado, com partida entre Luverdense e Vasco, pela Série B do Campeonato Brasileiro. A entrada, os serviços - atendimento nos bares e orientação aos espectadores - e a segurança foram itens elogiados. Porém, partes inacabadas, máquinas e entulhos de construção dentro e fora do estádio e falhas nos banheiros ainda incomodaram muitos dos 17.808 torcedores presentes.

- Funcionou melhor do que no primeiro jogo, mas a obra ainda não acabou - resumiu o torcedor Ezemar Silva.

Quando o estádio abriu inacabado para sua primeira partida, no dia 2 de abril, entre Mixto e Santos, pela Copa do Brasil, o governo do Mato Grosso afirmou que tudo estaria pronto para o segundo teste. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Cerca de 10 mil cadeiras ainda não foram instaladas. Faltam também obras de acabamento na parte interna, principalmente no subsolo - área dos vestiários - e no nível superior.

- Evidentemente, falta muito ainda. Nós estamos em obras, vocês sabem. Ainda tem cadeira para instalar, isso requer depois uma limpeza mais aprofundada. Já fizemos uma limpeza pesada, mas muita coisa ainda precisa de limpeza. É o que precisamos aprofundar nos próximos dias. A operação funcionou tranquilamente. Um ou outro banheiro teve que ser interditado, relacionado para reparos. Ar condicionado funcionou muito bem, mas elevadores, nem todos. É por isso que existem os testes e vamos fazer outros três até entregar para a Fifa - avaliou ao fim da partida o secretário extraordinário da Copa no Mato Grosso, Maurício Guimarães.

O jogo deste sábado foi um evento-teste oficial do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo. Sete áreas - segurança, gramado, transporte das equipes, voluntários, serviços ao espectador, tecnologia e limpeza - tiveram esquema de operação semelhante ao que será executado nos quatro jogos da Copa do Mundo marcados para a Arena Pantanal. Apesar da avaliação positiva do teste por parte do Comitê, também foram identificados pontos que precisam ser melhorados.

- De forma geral, ficamos muito contentes com o teste. Nem todas as áreas foram de responsabilidade do COL, mas ficamos satisfeitos com as que testamos. Nem tudo saiu perfeito, e não havia essa expectativa. Foi apenas o segundo jogo, primeiro com nossa participação. Estamos cientes do que temos que melhorar, não só para os próximos testes, mas também para a Copa do Mundo - afirmou o gerente de integração operacional do COL, Tiago Paes.

A próxima partida na Arena Pantanal está marcada para o dia 1º de maio, entre Cuiabá e Internacional, pela Copa do Brasil, com operação sob responsabilidade do governo local e da CBF. Já no dia 7 ou 14 de maio, será feita a inauguração oficial, com um amistoso entre Seleção do Mato Grosso e Olímpia-PAR, que servirá como último evento-teste oficial do COL para a Copa. No dia 17 de maio, o estádio ainda será palco de Santos e Atlético-MG, pelo Campeonato Brasileiro.

ARQUIBANCADA INCOMPLETA E FALHAS NOS BANHEIROS

Com o atraso na instalação das cadeiras, apenas parte dos assentos estavam disponíveis nas arquibancadas superiores dos setores atrás dos gols. Não foi necessário que torcedores sentassem no concreto, como ocorreu no primeiro jogo, mas muitos tiveram que circular por espaços ainda em obras. Foi o caso do assessor parlamentar Reinaldo Henrique, que não ficou satisfeito.

- Está ruim. Eu sentei em uma cadeira, mas tive que mudar de lugar. Aqui está tudo inacabado. Ainda tem muito o que melhorar - afirmou.

No setor superior norte, percorrido pela reportagem do GloboEsporte.com, também foram encontrados andaimes nas escadas e restos de obra, além de banheiros com piso apenas de concreto e latas de tinta guardadas em algumas cabines.

- No dia 1º de maio (jogo entre Cuiabá e Internacional) ainda não teremos todas as cadeiras instaladas. Ainda falta algo em torno de 9.800 cadeiras. Mas fizemos um compromisso com a Fifa e vamos trabalhar muito para que até o dia 5 de maio tenhamos as 41.380 cadeiras necessárias para a Copa do Mundo. No nível quarenta (arquibancadas superiores) também tem alguns detalhes de banheiros que precisam ser concluídos, mas é praticamente limpeza - justificou o secretário Maurício Guimarães.

Os banheiros, por sinal, foram alvo de muitas reclamações por parte dos torcedores. No nível inferior, uma unidade ficou sem energia.

- É um absurdo. Estamos a 50 dias da Copa e o banheiro ainda está sem luz - protestou o professor Roberto Toledo, que teve dificuldades para guiar o filho pequeno no escuro.

A limpeza dos banheiros foi outro aspecto bastante questionado. Em alguns casos, a sujeira acumulada chegou a entupir as pias e unidades precisaram ser totalmente interditadas.

- A área de limpeza foi o ponto mais crítico. É um trabalho conjunto do COL com a Secopa. Será nosso principal foco de melhoria para os próximos eventos. Vimos algumas pias entupidas por restos de obra. A própria falta de limpeza de obra gera entupimento nos ralos. Essa manutenção será feita daqui para a frente pelos operadores da arena - explicou o gerente do COL, Tiago Paes.

POSITIVO: SEGURANÇA, BARES E ORIENTAÇÃO

Cerca de 300 stewards (seguranças particulares) e policiais militares cuidaram da segurança na arena e foram aprovados pelos torcedores. Não houve registro de ocorrências graves e, mesmo com a presença de muitos torcedores com camisas de times rivais, o clima foi de paz.
- A segurança foi ótima. Não tivemos nenhum problema, mesmo vestidos com a camisa do Flamengo no meio do torcedores do Vasco - elogiou o contador Sidney Rosa.

A atuação dos stewards só não foi melhor porque eles tiveram muita dificuldade para manter corredores e escadas liberados. Um problema mais relacionado com a teimosia das pessoas do que exatamente com a atuação dos seguranças, segundo o torcedor Silvano Castilho.

- Atrapalha um pouco a visão. Os seguranças até tentam tirar, mas o pessoal gosta de ficar ali. O problema é que no Verdão (estádio demolido para a construção da Arena Pantanal) todo mundo era acostumado a ver o jogo em pé. Com o tempo, acho que todos vão se acostumar (com as cadeiras) - avaliou.

Os serviços ao espectador também foram elogiados. Não houve filas na entrada, apesar do atraso de quase uma hora na abertura dos portões. Os cerca de 130 voluntários responsáveis por orientar os torcedores para seus respectivos lugares também cumpriram bem a missão. No entanto, como o público foi abaixo do esperado (foram colocados 30 mil ingressos à venda), o COL acredita que será necessário reforçar este setor para jogos com mais torcedores.

Até mesmo em virtude do público menor, não foram registradas grandes filas nos bares. No intervalo da partida, quando o fluxo ficou bem maior, o tempo de espera girou em torno dos dez minutos e o serviço recebeu elogios.

- Não tivemos nenhum problema para comprar. Funcionou bem. Achei as filas normais para um estádio de futebol - afirmou a advogada Mayana Soares.

OBRAS NO ENTORNO

Problemas no entorno do estádio que preocuparam bastante no primeiro jogo, como alagamentos e escuridão, não puderam ser novamente avaliados na partida deste sábado, realizada à tarde e com sol. Porém, ficou explícito que o entorno da Arena Pantanal ainda precisa de ajustes.

Algumas rotas de acesso de torcedores estavam repletas de máquinas e restos de construção. Em outras, a pavimentação ainda não foi concluída. Canaletas preparadas para a fixação de postes de iluminação ficaram expostas ao redor do estádio.

- Ainda temos muitos postes para instalar no entorno. Mas de obra mesmo, falta apenas concluir a Avenida 8 de abril. O restante é recapeamento e calçadas, que estão sendo executadas. Mas a cada jogo vai estar melhor e na Copa estará 100% - garantiu o secretário Maurício Guimarães.

Fonte: ge
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