Pelos pés do lateral-direito Lanyan (17 anos), do zagueiro Victor (16), do meia Phillippe Coutinho (16), do atacante Willen (16), e pelas mãos do goleiro Rafael (17), renasce a esperança para um clube que sempre se orgulhou de suas revelações.
Dos cinco, Phillippe Coutinho é o mais conhecido. E o único que já está vendido para o exterior - a Inter de Milão o comprou por R$ 10 milhões. Mas, esquanto espera completar 18 anos para poder defender o clube italiano, o garoto conta as horas para retribuir, em campo, tudo o que o Vasco fez por ele em nove anos de convivência.
- Nos profissionais, imagino que a difuculdade maior seja a pressão. Em compensação, já percebi que o jogo tem mais espaço e menos correria - avalia Phillippe Coutinho, que treinou diversas vezes no time de cima no segundo semestre.
Recentemente, o meia esteve em Milão conhecendo as instalações da Inter, seus futuros companheiros, e o técnico português José Mourinho. No primeiro treino, pôs a bola debaixo das pernas do zagueiro Materazzi, o mesmo que levou uma cabeçada de Zidane na final da Copa do Mundo de 2002, e recebeu um aviso, em tom de brincadeira: \"Não faz mais isso, hein, garoto\".
- Fui muito bem tratado. A estrutura deles é excelente. Os campos, a sala de musculação, a concentração...Mas minha realidade é o Vasco. Quero muito jogar entre os profissionais e ajudar o time a subir. Essa vontade só cresceu nos últimos dias - completa Coutinho.
Quem quase também carimbou passaporte para a Itália foi o lateral Lanyan, que em abril foi sondado pela Juventus. Inteligente, comunicativo, o garoto explicou que o negócio não foi adiante porque as pessoas que se apresentaram \"não pareciam confiáveis\". Único dos cinco que não estuda no Colégio Vasco da Gama - está em uma escola da rede estadual -, Lanyan garante que a pouca experiência não é empecilho para quem tem tamanha vontade de ajudar o time cruzmaltino a se reerguer em 2009.
- Já passamos por muitas dificuldades. Uma vez, fomos disputar um jogo em Piabetá com 18 pessoas em uma kombi. Roí o osso, então é hora de comer o filé. Formamos uma família no clube. Todos querem participar dessa virada que o Vasco tem que dar - diz Lanyan.
Quem, segundo o fisiologista do Vasco, Daniel Gonçalves, já tem a estrutura física para agüentar o tranco dos profissionais é o atacante Willen, ou \"charuto\", como é apelidado. Ele e Phillippe Coutinho são os únicos com experiência em seleção brasileira de base. Na semana passada, participaram de um torneio nos Estados Unidos e se sagraram campeões. Ciente de que a torcida cruzmaltina é exigente com seus candidatos a artilheiros - Alan Kardec sofreu com as vaias neste ano -, Willen recorre à frieza dos goleadores e mostra coragem:
- A torcida gosta do atacante que procura o gol o tempo inteiro. Eu sou assim.
Lanyan atesta as qualidades do companheiro.
- Willen é frio demais. Impressionante. Parece que não vê nada ao redor. Quando subiu para o mirim, ninguém dava nada por ele. No primeiro clássico, contra o Fluminense, fez dois gols - relembra.
Lá atrás, o zagueiro Victor garante ter tirado lições do péssimo desempenho da defesa do Vasco neste Brasileiro (foi a segunda mais vazada).
- Os zagueiros de hoje em dia não sabem sair jogando. Eu tenho boa saída de bola e marco bem. Fico observando os profissionais para tentar não cometer os mesmos erros que eles em campo - diz Victor
Fã de Casillas e Taffarel, o goleiro Rafael, por jogar numa posição de alta concorrência, talvez seja quem tenha o caminho mais longo até os profissionais. Com fé na própria luva e obstinação, promete encurtar caminho.
- Já treinei algumas vezes com o Carlos Germano (preparador de goleiros do Vasco), e recebi conselhos. Nós só queremos uma chance para mostrar que a base do Vasco é forte.