Com o encerramento do ano, a maioria dos clubes já aprovou o orçamento para o ano seguinte e tem portanto um cenário financeiro previsto para a temporada. O blog levantou os números disponíveis dos principais clubes para ter uma ideia do que cada um pode fazer na temporada. Pelos dados disponíveis, Flamengo e Palmeiras continuam com os clubes mais ricos do país.
É importante entender que orçamentos são previsões, portanto, sujeitos a variações que podem ser até extremas, e nem todos os dirigentes a seguem a risca. Mas, com a crescente profissionalização de parte das agremiações, já se tornaram uma referência para saber a força financeira de cada clube.
Não foi possível obter números de orçamento de Cruzeiro, Internacional, Fluminense e Botafogo. Ou não foram aprovados nos Conselhos Deliberativos ou não foi possível obter os dados. Vamos aos orçamentos.
Atlético-MG
A receita prevista pelo Atlético-MG é de R$ 304,8 milhões, com despesas de R$ 302,1 milhões, resultando em pequeno superávit. Desse total, são cerca de R$ 100 milhões para gastos com pessoal do futebol, mas ressalte-se que há outras despesas com esse departamento. O Galo prevê uma receita com venda de jogadores de R$ 70 milhões, com investimento em contratações de R$ 20 milhões. Desde 2018, o clube tem se reestruturado e reduzido despesas para enfrentar o endividamento alto causado por gastos excessivos em anos anteriores.
Cruzeiro
Não há orçamento disponível no site, nem diretores do clube responderam ao blog. Ao assumir, a atual gestão prometeu um modelo de transparência nas contas que não foi visto até agora. O balanço de 2017 teve de ser retificado em outubro do ano passado, sendo que o resultado que era de superávit se transformou em déficit de R$ 16 milhões. Até o fim de 2017, o clube acumulava dívidas de mais de R$ 400 milhões, sendo que as mais preocupantes eram por transferências não pagas que geraram ações em tribunais da Fifa.
Grêmio
O orçamento previsto do Grêmio foi conservador com R$ 307,4 milhões em receita para 2019, quase R$ 100 milhões a menos do que o clube deve arrecadar em 2018. Embora a receita não esteja entre as maiores do Brasil, a diretoria gremista tem reduzido passivo (principalmente bancário) durante os últimos anos: houve queda de R$ 96 milhões no último ano. Assim, há previsão de sobra de mais dinheiro para o futebol. As despesas com desportos estão estimadas em R$ 222 milhões.
Internacional
A previsão é de que o orçamento saia até o dia 3 de janeiro, segundo a assessoria do clube. Os últimos números divulgados pelo Inter são do terceiro trimestre de 2018, quando a receita era de R$ 217 milhões. Neste ritmo, a renda chegaria a R$ 289 milhões no final do ano. O clube somava R$ 700 milhões em dívidas no final de 2017.
Botafogo
A diretoria alvinegra ainda não levou para o orçamento à votação no Conselho Deliberativo. O último relatório financeiro de 2018 mostrava que o clube arrecadara R$ 75,6 milhões até o meio do ano, o que projetava uma receita de R$ 150 milhões ao fim do ano. Números dos balanços de 2017 mostram o clube com a maior dívida entre os grandes do Brasil, e há antecipações de cotas de televisão em torno de 10%.
Flamengo
Tem a maior receita estimada para 2019 com um total de R$ 750 milhões. Há uma projeção de aumento de rendimentos com televisão com o novo contrato do Brasileiro, mas manter os números dos patrocínios será um desafio pela renovação com a Caixa e incentivos fiscais que são incógnitas. Prevê R$ 100 milhões em contratações, mas vendas de direitos em um total de R$ 70 milhões.
Fluminense
O orçamento foi enviado ao Conselho Fiscal, mas não foi à votação no Deliberativo. A assessoria do clube disse que não divulgaria números. O Fluminense atravessou dificuldades durante o ano com salários atrasados e caos nas contas, que foram apresentadas incompletas no prazo de abril estabelecido em lei. Ao final de 2017, tinha a terceira maior dívida com R$ 560 milhões.
Vasco
O orçamento de 2019 estima uma receita bruta de R$ 238 milhões, com despesas na casa de R$ 152 milhões. A diferença prevista geraria um lucro de R$ 72 milhões, necessário para reduzir o passivo do clube, segundo plano feito pela atual gestão. De acordo com a diretoria vascaína, foram pagos R$ 80 milhões em débitos no último ano, e o plano é continua a diminuir as pendências por um ciclo de seis anos. Por isso, o investimento no futebol não poderá ser significativo em 2019.
Corinthians
É prática no Corinthians fazer orçamentos conservadores. Neste contexto, a receita líquida estimada foi de R$ 399 milhões, turbinado por aumento dos ganhos com contratos de televisão que atingirão R$ 240 milhões. Há ainda previsão de venda de R$ 54 milhões em jogadores. As despesas previstas são de R$ 387 milhões, números que costumam ser maiores ao fim do ano do clube alvinegro. O pagamento do estádio em um total de R$ 60 milhões por ano, com recursos de bilheteria, segue como um fardo.
Palmeiras
Sua receita prevista é de R$ 561 milhões, a segunda maior do Brasil. Só que é preciso ressaltar que o Palmeiras não incluiu estimativa de contratos de televisão Aberta e de pay-per-view nesses números que, portanto, tendem a ser mais altos caso a agremiação feche com a Globo. Por enquanto, as rendas da Turner, do patrocínio da Crefisa (que deve ser renovado) e do estádio são as mais significativas. Há uma previsão de vendas de jogadores de R$ 50 milhões. Para investir em novos atletas, o clube tem contado com essas negociações.
Santos
O orçamento prevê uma receita de R$ 379 milhões, o menor dos quatro grandes de São Paulo. As despesas estimadas são de R$ 210 milhões, com um superávit de R$ 135 milhões. Mas isso se explica porque boa parte é referente à venda do jogador Rodrygo, que já entrou e foi gasto.
São Paulo
Após passar por um processo de recuperação financeira, o São Paulo tem uma previsão de receita de R$ 471 milhões para a temporada de 2019. Isso também se explica pela estimativa alta de arrecadação com venda de jogadores em um total de R$ 120 milhões. É a mais significativa entre os clubes nacionais. Nos últimos anos, o clube tem conseguido atingir essas metas de negociações, mas, em compensação, desfalca bastante o time durante a temporada. Pelo orçamento, essa roda deve continuar a girar já que a previsão de contratações é de R$ 50 milhões, uma parte já comprometido com a compra parcelada de Pablo, do Athletico.