Na década de 1980, Jorge Sampaoli comprou uma camisa vascaína em uma viagem às Cataratas do Iguaçu; na Sul-Americana de 2011, a La U, sob comando dele, venceu o Vasco na semifinal.
A 13ª rodada do Brasileirão será finalizada no domingo, às 20h30 (de Brasília), com um grande jogo. O Atlético-MG (líder) vai receber o Vasco (5º colocado), no Mineirão, em um duelo que vale muito para os dois times que brigam no pelotão de cima da tabela. A partida é mais um capítulo da curiosa relação entre Jorge Sampaoli e o Cruzmaltino, que começou muito antes de o argentino se tornar treinador.
Em 2017, a TyC Sports, emissora argentina de televisão, veiculou um documentário chamado "El origen" (A origem, em português), sobre a trajetória de Sampaoli. Nele, logo nos primeiros minutos, uma foto chama atenção. O jovem Jorge, em algum momento da década de 1980, vestia uma camisa do Vasco. (veja a foto abaixo)
O ge foi atrás dessa história. Quem explicou a foto foi Pablo Paván, jornalista, amigo e biógrafo do treinador argentino. Pablo revelou que a camisa foi adquirida por Sampaoli em uma viagem dele com seu pai às Cataratas do Iguaçu (na fronteira entre Brasil e Argentina). O então jovem de 20 e poucos anos gostou do uniforme, comprou e usava com frequência em Casilda, sua cidade natal.
- A respeito da história que me consultam, Jorge estava com uma camisa do Vasco da Gama nessa foto. Comprou em uma viagem que fez às Cataratas do Iguaçu com seu pai. Gostou da camisa, comprou e usava às vezes em Casilda, na década de 80. Por isso existe esse registro de Sampaoli com a camisa do Vasco da Gama.
O modelo da camisa não era de jogo, e o fato de ela ter o escudo do Vasco é a maior prova disso. O clube carioca usa, nos uniformes oficiais dos atletas, a Cruz de Malta no lugar do escudo. Paulo Pires, colecionador de itens do clube e especialista na história do Vasco, estima que a camisa era uma versão para o torcedor, provavelmente produzida na década de 1970.
- Muita gente pergunta sobre o Vasco não usar o escudo na camisa. A resposta é que o escudo não é o símbolo principal do Vasco, o símbolo é a Cruz de Malta. O Vasco sempre usou a Cruz de Malta no uniforme. Não há registro de o Vasco ter jogado um dia sequer com o escudo. Pode aparecer? Claro. Mas a informação é que nunca usou em jogo, só em camisas de goleiro. Nas camisas de linha, em jogo, nunca utilizou. Esse modelo que o Sampaoli traja é uma versão para torcedor. Pelo modelo da gola, é correspondente ao que o Vasco utilizou entre 1973 e 1978. Eu chutaria 74 ou 75.
A relação entre Jorge Sampaoli e o Vasco teve um capítulo relevante em 2011. Naquele ano, o técnico foi campeão da Sul-Americana com a Universidad de Chile. Esse é, até hoje, o maior título conquistado pelo argentino como comandante de um clube. O confronto com os cariocas foi na semifinal. No Rio, empate por 1 a 1. No Chile, vitória da equipe de Sampaoli por 2 a 0 (veja os dois vídeos abaixo). A final foi contra a LDU, do Equador. O time chileno venceu os dois jogos (1 a 0 e 3 a 0) e ficou com a taça.
Aquela equipe campeã com a Universidad de Chile (sob comando de Jorge Sampaoli) tinha jogadores que, hoje, são conhecidos pelos brasileiros. Eduardo Vargas, por exemplo, fez gol no segundo jogo. Ele defendeu o Grêmio em 2013 e, atualmente, defende o Tigres, do México. Vargas está na mira do Atlético para a janela internacional de outubro. É um jogador indicado/pedido por Jorge Sampaoli.
Outro conhecido daquela La U é Charles Aránguiz. O meia jogou os 90 minutos nas duas partidas contra o Vasco. Em 2014 e 2015, defendeu o Inter. Hoje, joga no Bayer Leverkusen, da Alemanha.
O time do Vasco, eliminado pela La U de Sampaoli em 2011, teve, no primeiro jogo da semifinal: Fernando Prass; Fagner, Dedé, Renato Silva e Jumar; Allan (Leandro), Rômulo, Juninho Pernambucano, Felipe (Fellipe Bastos) e Bernardo; Elton (Alecsandro). A escalação da segunda partida, vencida pelos chilenos, teve: Fernando Prass; Fagner, Dedé, Renato Silva e Jumar; Rômulo, Nilton, Allan (Bernardo), Juninho Pernambucano (Leandro) e Diego Souza (Diego Rosa); Alecsandro.
No domingo...
O Atlético está com a motivação em alta para vencer mais uma e se sustentar como líder isolado do Brasileirão. O Galo venceu os cinco jogos que fez no Mineirão na competição. Contando o Campeonato Mineiro, são 10 vitórias seguidas no estádio.
Quem vai tentar atrapalhar a ótima sequência atleticana é o Vasco de Ramon Menezes, que tem o argentino Cano, conterrâneo de Jorge Sampaoli, como principal destaque individual. O treinador da equipe carioca comentou a dificuldade do jogo, mas mostrou confiança: "Temos que respeitar, mas somos Vasco da Gama". Do outro lado é o Galo de Sampaoli, que, desta vez, ao contrário dos tempos de garoto, tem a camisa cruzmaltina como adversária.