Presidente tomou posse no fim de janeiro e agora tenta construir pontes em meio às formalidades Com o fim da janela de transferências se aproximando, na quinta-feira, a SAF do Vasco inicia o ano sob um panorama mais tranquilo em relação ao da temporada passada.
Com os resultados em campo se desenvolvendo positivamente, aliviou-se a pressão que se ensaiava sobre o futebol cruz-maltino no início da temporada. Agora, o clube entra na reta final de estadual em um ano que promete ser crucial para seu futuro, o que passa pela construção de uma boa relação da própria SAF com a face associativa do cruz-maltino.
A gestão Pedrinho tomou posse no fim de janeiro e tem como missão resguardar os direitos do clube por meio das 30% das ações do futebol, além de gerir todo o patrimônio, esportes olímpicos e tudo relacionado ao Vasco fora do futebol. O ídolo e presidente ainda se assenta no cargo, mas uma necessidade de decisão segue batendo na porta: a escolha de quem ocupará a segunda cadeira do conselho administrativo da SAF, no qual o associativo tem dois representantes (o presidente e mais um).
Por enquanto, o contato entre as duas faces do Vasco é mais formal nesta gestão. Houve conversas e aproximação após a eleição, mas a tomada de decisões no futebol segue fortemente concentrada na SAF, como acionista majoritária quem é. Em alguns momentos, por exemplo, a SAF enviou ofícios ao atual presidente para alinhar questões públicas. Essa formalidade é o que torna tão importante essa segunda cadeira. As reuniões são o momento em que a gestão associativa será ouvida de forma oficial. Há esse entendimento de interesses e poderes entre as duas partes.
Pedrinho, eleito sob a bandeira da fiscalização e da transparência em relação ao contrato com a 777 Partners, pediu para ser mais ouvido no futebol em sua posse. A SAF, de cultura empresarial, segue o caminho das formalidades e processos. Essa característica do projeto foi ressaltada em várias oportunidades por Alexandre Mattos, diretor de futebol que já trabalhou com os mais variados perfis de cartolas no futebol brasileiro. Até aqui, houve uma primeira reunião do conselho administrativo, com Paulo Salomão, primeiro vice-presidente geral, ocupando a segunda cadeira interinamente, o que encerrou alguns ruídos na relação. Mas o nome final segue indefinido.
Julio Brant, figura carimbada na política do Vasco, abriu mão da candidatura para apoiar Pedrinho durante a eleição e circulou nas bastidores como um dos nomes cogitados, apoiado por algumas correntes que também se uniram ao ídolo. O empresário e Lucio Barbosa, CEO da SAF, têm proximidade e conversam diretamente. Ano importante Flavio Lopes, presidente da Comlurb, foi outro nome cotado. Por sua vez, ele e seu grupo político, a Confraria Vasco, apoiam a indicação de Brant para a cadeira. Em meio à indefinição, há a possibilidade até que Salomão seja efetivado como o segundo nome. Na gestão passada, de Jorge Salgado, a cadeira coube a Roberto Duque Estrada, segundo vice-geral. A indicação do nome cabe a Pedrinho, mas precisará passar pelo Conselho Deliberativo, em reunião a ser marcada.
Enquanto isso, o ano promete ser o mais importante para o futebol do Vasco desde a transformação em SAF. Em 2024, o futebol recebe o maior dos aportes acordados com a 777 até aqui: R$ 270 milhões, que chegam em setembro. É um momento em que a gestão Pedrinho poderá acompanhar e fiscalizar de perto. Ao ídolo vascaíno também cabe tocar a importantíssima reforma do estádio de São Januário, que passa pela aprovação da transferência de potencial construtivo.
O projeto promete ter tramitação lenta na Câmara dos Vereadores em meio ao ano de eleição. O segundo VP geral, Renato Brito, é um dos que lideram o assunto, que une interesses do associativo e da SAF. A ampliação e modernização do estádio é o maior dos atalhos para ampliar as receitas do clube. Enquanto isso, nesta terça-feira, o Governo do Estado abre os envelopes de propostas técnicas para a licitação do Maracanã, com a SAF vascaína no páreo.