A sexta-feira, dia seguinte à validação da eleição de Jorge Salgado, foi de articulação. Integrantes do grupo Mais Vasco se reuniram para afinar o discurso, e o próximo presidente fez contato com Alexandre Campello, atual mandatário.
Tudo para pavimentar o caminho para a implementação das propostas de campanha, dar continuidade à difícil negociação para a permanência de Benítez e ajudar na luta contra o rebaixamento no Brasileirão. Salgado recebeu sinal verde de Campello para conversar com Adrian Castellano, representante do meia, e o Independiente. Por ora, porém, não há novidades.
O presidente eleito respeitará a posição de Campello, que, ao iniciar a transição, deixou claro que continuará administrando o futebol. Porém, há uma ideia, ainda em maturação, de que Salgado converse com o elenco e comissão técnica para passar tranquilidade e oferecer ajuda na luta pela manutenção na Série A.
Neste contexto, o ge apresenta abaixo 15 propostas de Salgado para os três anos de mandato em São Januário. Elas foram retiradas de duas entrevistas dele ao ge e da "Declaração de Compromissos" assinada pelo então candidato.
R$ 70 milhões para capital de giro
Dinheiro imediato para pagar salários e impostos atrasados é considerado essencial por Salgado e companhia. Para resolver o problema do fluxo de caixa, algo comum nos últimos anos e que gera a constante falta de pagamento de funcionários e obrigações, a ideia é captar R$ 70 milhões via Cédula de Crédito Bancários (CCB).
Posteriormente, o plano é fazer uma nova captação, de até R$ 100 milhões via Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Neste caso, o objetivo é mudar uma dívida com juros altos por outro com juros mais baixos.
São dois empréstimos. Nos dois casos, segundo Salgado, haverá a necessidade de pagar juros. E, claro, garantias teriam de ser oferecidas pelo Vasco, como provavelmente contratos de televisão e arrecadação de Sócio Torcedor.
Aumentar a receita para R$ 400 milhões ao fim do mandato
Ao final dos seus três anos de administração, Salgado quer entregar o Vasco com a quinta maior receita entre os clubes Brasileiros - é o atual 12º. Falou em subir para R$ 350 milhões ou até R$ 400 milhões.
- O Vasco virou um clube médio. Do ponto de vista financeiro, o Vasco é um clube médio para pequeno na Série A. Temos que modificar isso radicalmente, reduzir a dívida e aumentar nossas receitas. Precisamos ter um pouco mais de inteligência na locação de nossos recursos e aumentar nossas receitas. Vamos aumentar, com diversas ações de marketing que estão sendo desenvolvidas - afirmou Salgado.
Em 2019, a arrecadação bruta foi de R$ 208 milhões. O orçado para 2020 foi de R$ 324 milhões - até o fechamento do terceiro trimestre, esses valores chegaram a R$ 124,6 milhões.
Redução da dívida para R$ 400 milhões ao fim do mandato
Ao final de 2019, a dívida do Vasco era de R$ 645 milhões. Salgado afirmou planejar entregar o clube com o endividamento na casa dos R$ 400 milhões. Como? Aumentando receita e mudando o perfil da dívida.
- A gente vai utilizar esse recurso (captação externa) para destruir uma dívida cara, colocar uma dívida mais barata ali dentro. Isso significa dizer que a gente vai diminuir o endividamento através da captação de recursos mais baratos. Nas simulações que temos, o Vasco deve mais ou menos R$ 650 milhões, e 80% dessa dívida é trabalhista e fiscal. Com recurso na mão, se consegue deságio muito grande nessa dívida. Com isso, começa a liberar recurso que está em garantia - afirmou.
Aumentar a folha do futebol em R$ 2 milhões
Salgado sempre criticou a gestão de futebol na administração Campello. Para o novo presidente, é preciso contratar melhor. Ser mais eficiente. Segundo ele, com uma reformulação, com a saída de atletas em final de contrato e buscando renegociação, é possível diminuir a folha em R$ 1,5 milhão. Ela atualmente bate na casa dos R$ 4 milhões. Além disso, Salgado, com o aumento de receita, afirmou que haverá aumento da investimento na folha de mais R$ 2 milhões.
- Alguns jogadores estão acabando no final do ano, no meio do ano, vamos tentar alguma negociação para esse tipo de jogador. Fora isso, devemos ter incremento de mais ou menos R$ 2 milhões por mês. Se fizer conta simples, de investimento de R$ 2 milhões a mais na folha, mais R$ 1,5 milhão de redução de despesas de salários de jogadores, você tem mais ou menos R$ 3 milhões e pouco de incremento no futebol. Multiplicado por três anos, a gente vai ter algo perto de R$ 100 milhões a mais investido no futebol em três anos - acrescentou Salgado.
Alcançar 150 mil sócios torcedores
Após o sucesso da campanha do ano passado, quando chegou a 185 mil sócios, o Vasco conseguiu renovar muitos planos. Porém, com a pandemia, o número caiu para 87.495. Salgado deseja, com campanhas, valorizando o torcedor de fora do Rio, alcançar 150 mil sócios.
Ter 40 mil sócios votando na próxima eleição, de forma eletrônica
Outra promessa é ter 40 mil sócios aptos a foto na próxima eleição, que poderá ser feita de forma online. Para tal, Salgado entende ser possível criar as condições para o sócio torcedor virar em sócio proprietário, com abatimento da joia.
- Aquele sócio que quiser votar ele pode sair de sócio torcedor para proprietário com abatimento da joia. Com isso, vamos ampliar e muito nosso quadro social. Possivelmente, fazendo alguns exercícios, a gente pode chegar a 40 mil sócios na próxima eleição - destacou.
Manter canal de diálogo com os candidatos derrotados
Salgado tem o perfil de ser conciliador. Ao comentar a decisão judicial, fez questão de agradecer Leven Siano, que momentos antes havia dito acatar o resultado. Na campanha, prometeu manter diálogo com todos os derrotados para o bem do Vasco:
- Se algumas das ideias forem viáveis, vamos conversar e vamos avançar nelas.
Pacificar a política do clube
- Quero fazer gestão da paz. Acho que tenho toda a condição para isso.
Foi assim que Salgado disse que pretende mudar a política do Vasco. Mudar o cenário de brigas para o de união passa por melhor relacionamento com o Conselho Deliberativo. Em tese, com os 150 eleitos da sua chapa a tarefa fica mais fácil - Julio Brant, da Sempre Vasco, ficou com 30 cadeiras.
- O que interessa dizer é que vamos manter bom relacionamento com candidatos que perderem, com presidentes de outro conselhos, com o sócio vamos manter canal aberto. Vamos falar a verdade, enfrentar os momentos difíceis de frente, de cara limpa.
Vasco na palma da mão
Salgado repetiu, mais de uma vez, que deseja que o torcedor tenha o Vasco na palma da mão. Desta forma, a direção desenvolveria um aplicativo de celular. A ideia é a convergência: que o torcedor possa acessar a Vasco TV, comprar produtos e pagar a mensalidade do plano de sócios, entre outros.
Crescimento do futebol feminino
A Mais Vasco convidou Pretinha, ex-jogadora da Seleção, para ajudar a construir o projeto do futebol feminino. Na "Declaração de Compromissos", está a promessa: "Queremos que nossas atletas possam ter uma carreira da mesma forma que os atletas do Futebol masculino tem. Não trataremos a modalidade como um subproduto imposto pelas federações para participação de competições estratégicas. Queremos trazer parceiros para essa modalidade e dar a mesma condição de trabalho que o futebol masculino tem para o melhor desempenho esportivo das nossas atletas."
Implantar a reforma de São Januário
Salgado prometeu realizar a reforma de São Januário com uma condição: se houver recursos e que eles não saiam do caixa do clube. Definiu o projeto apresentado por Campello como interessante:
- Atende ao torcedor, vai nos trazer maior conforto e mais receita. Acho que a gente deve seguir com esse projeto, talvez aperfeiçoando ou discutindo algum outro detalhe.
Concluir os CTs
Salgado afirmou que deseja concluir o CT do profissional e do da base, em Duque de Caxias:
- Também quero continuar com as outras fases do CT, assim como o da base, que eu sei que está andando. Não é porque não comecei que não vou impedir o fim da construção. Pelo contrário. Os projetos são importantes e viáveis. É tocar os projetos.
Reforma do Estatuto
Datado de 1979, o estatuto do Vasco teve uma reforma que fracassou em 2020. Gerou muita briga no Conselho Deliberativo. A única mudança aprovada foi o voto direto. A Mais Vasco prometeu institucionalizar processos modernos de governança e complience e eleições online.
Tornar o clube mais inclusivo para mulheres, negros e público LGBTQIA+
A Mais Vasco, na época da campanha, tinha 19 grupos de trabalho para discussão técnica dos pilares da chapa. Três dos grupos são dedicados às pautas de representatividade: o Feminino, o de Valorização da História e o LGBTQIA+.
Assim, a ideia é tornar o Vasco mais inclusivo para mulheres, negros e público LGBTQIA+. Há o debate para criar medidas de combate à discriminação nesta temática.
Recuperar tradição em esportes olímpicos
Há a promessa de regularização de impostos para, com a retirada da CND, poder ter acesso a recursos da Lei de Incentivo. Desta forma, espera-se fomentar os esportes olímpicos e paralímpicos. Recentemente, por conta da crise financeira, o Vasco fechou o departamento de basquete.