O segundo turno da Série B, "onde a onça bebe água", como costuma dizer Lisca, começa para o Vasco no sábado, contra o Operário, às 19h (de Brasília), no Paraná. Mas, antes de iniciar a desesperada reta final da luta pelo acesso, é interessante revisitar os muitos erros cometidos nos últimos 19 jogos.
Nível de atuações, trabalho dos técnicos, montagem de elenco e poucas explicações estão no pacote. Nesta sexta, às 11h, a Diretoria Administrativa concederá entrevista coletiva para tratar do momento atual do clube, mas a verdade é que o comando vascaíno tem adotado o silêncio e pouco se manifesta após tropeços marcantes, por exemplo. A estratégia de trabalhar sem alarde passou a ser criticada nas redes sociais por torcedores em um contexto de má campanha na segunda divisão: o time ocupa o décimo lugar, três pontos atrás do G-4.
O presidente Jorge Salgado, o segundo vice Roberto Duque Estrada, o CEO Luiz Mello e o diretor executivo de futebol Alexandre Pássaro estarão à disposição da imprensa. Entre os temas, a eventual necessidade de reforçar o elenco, algo presente nas manifestações da torcida, certamente será abordada. Há pouco tempo. O regulamento da Série B permite novas inscrições até 30 de setembro. A janela para atletas vindos do exterior fecha em 30 de agosto.
O ge listou alguns problemas. Confira abaixo:
Ataque que pouco machuca
Dono de um dos melhores elencos da Série B, o Vasco tem números paupérrimos no setor ofensivo. Marcou apenas 23 gols em 19 jogos, o que corresponde a uma média de 1,21 por partida. É o sexto mais eficiente dentre os 20 times do torneio.
Único goleador do elenco, Cano tem sofrido com um setor de criação que pouco cria. Diante disso e também de uma queda técnica na questão individual, a média de gols do argentino no Campeonato Brasileiro caiu.
Na Série A 2020, marcou 14 gols em 34 partidas (0,41 por jogo). Já na Série B 2021, competição na qual o nível técnico é obviamente inferior ao da Primeira Divisão, anotou seis em 18 confrontos (0,33).
Atuações ruins até nas vitórias
Nas oito vitórias conquistadas, menos da metade do número de jogos disputados, o Vasco teve como resumo delas uma velha máxima conhecida no mundo da bola: venceu, mas não convenceu. Foi assim com Marcelo Cabo, tem sido assim com Lisca. Nos triunfos sobre Brasil de Pelotas, Confiança, Brusque e Vila Nova, o time teve atuações sofríveis.
Nem mesmo no duelo com o CRB, em que conseguiu um elástico 3 a 0, ou diante do Guarani, que goleou por 4 a 1, o time conseguiu ser sólido durante os 90 minutos.
Diante dos alagoanos, só resolveu a parada na reta final do jogo depois de levar duas bolas na trave. Frente ao Bugre, em que, justiça seja feita, fez sua melhor atuação, o Vasco sofreu muito no primeiro tempo do jogo.
Já em relação às derrotas, sem dúvidas as mais feias foram contra Operário-PR, Avaí, Botafogo, Remo e Londrina. Foi dominado nos cinco jogos, e curiosamente três destes foram disputados em São Januário.
Problemas físicos de reforços e do capitão
Dois dos nove reforços do Vasco para 2021 jogaram menos do que 50% das partidas da equipe na Série B. São eles Michel e Romulo. O último, porém, também testou positivo para a Covid-19 no período.
O caso de Michel é o que chama mais atenção. Por conta de um desconforto muscular, não entra em campo desde 3 de julho, quando o Vasco venceu o Confiança por 1 a 0. Jogou apenas seis jogos na Série B e não ficou disponível em outros 12.
Romulo, por sua vez, deu resposta positiva recente e participou duas últimos quatro jogos. O início dele no retorno à Colina, porém, teve interrupções de sequências por conta de problemas físicos. Soma oito partidas na Série B.
Morato jogou mais do que a dupla (12 vezes), mas também perdeu jogos por lesão. Um problema na musculatura posterior da coxa direita o tirou dos duelos com Confiança, Sampaio Corrêa e Coritiba. Depois de virar titular com Lisca, perdeu as últimas três rodadas por conta da Covid-19. Outro atleta contratado, Marquinhos Gabriel perdeu cinco partidas por conta de um problema na coxa esquerda.
Leandro Castan, melhor zagueiro e principal líder do Vasco, também já perdeu seis jogos por conta de duas lesões na coxa direita. A primeira sofreu na decisão da Taça Rio, contra o Botafogo. A mais recente se deu no primeiro tempo da vitória sobre o Vila Nova.
Gols na bola aérea
O interminável problema na bola aérea também deu as caras na Série B. Dos 21 gols sofridos, oito foram pelo alto. Ou seja, mais de um terço do total.
Geralmente adotando a marcação por zona em detrimento da individual, o Vasco foi vazado no jogo aéreo por Avaí, Cruzeiro, Brusque, Coxa, Náutico, Guarani e Remo (duas vezes).
Primeiros três reforços caem após o Carioca; garotos oscilam
Anunciados na mesma semana, Marquinhos Gabriel, Zeca e Ernando não conseguiram manter o nível apresentado no Carioca.
Marquinhos é o vice-artilheiro do time na temporada, com sete gols (quatro na Série B), mas a falta de intensidade o torna alvo da torcida. Zeca, depois de bom Carioca, vem em queda vertiginosa e acumula atuações ruins.
Ernando não comprometeu muito durante o Carioca, mas faz uma Série B bem abaixo da média. É outro que a torcida não quer ver nem pintado de ouro.
Entre os garotos, Galarza e MT, que surgiram bem no Carioca, também caíram bastante. Andrey e Juninho seguem alternando boas e más atuações, o que configura um início de carreira bem irregular da dupla. Mais velho, o camisa 6 já vem nessa gangorra desde 2018.