Wendel era apenas um garoto de 17 anos quando Paulo Autuori o convocou para treinar entre os profissionais. O meia canhoto foi agradando e logo teve sua chance. No primeiro jogo como profissional com o técnico, já então campeão Brasileiro, pelo Botafogo, e da Libertadores, pelo Cruzeiro, saiu o primeiro gol da carreira de Wendel.
Ao contar a história, o mineiro de Mariana, hoje com 30 anos, casado e com dois filhos (Diogo, de 8 anos, e Sophia, 4), não deixa faltar nem o clássico lembro como se fosse hoje. A passagem de Paulo, como ele gosta que o chamem (e Wendel já aprendeu isso desde garoto, embora tenha \"escorregado\" esta semana), foi realmente marcante para o jogador.
- Foi um amistoso em março de 2000 no Mineirão, contra um time chamado Universal. Entrei no segundo tempo e fiz o gol, acabou 2 a 0. Quem deu o passe foi meu tio! - lembra Wendel.
O tio de Wendel, dois anos mais velho que o meia do Vasco, é Geovanni, meia-atacante com passagem vitoriosa pelo Cruzeiro, que também atuou pelo Barcelona, Manchester City e hoje joga pelo América-MG. O tio era a ponte quando Autuori queria chamar o canhoto, de futebol elegante, para treinar com os profissionais.
- Treinava em cima (com os profissionais) e no fim de semana jogava nos juniores. Quando tinha alguma chance ele me chamava. Sempre dizia para ter tranquilidade, jogar exatamente o mesmo que jogava na base. Passaram 13 anos, mas graças ao Paulo que comecei a mostrar um pouco a minha cara no futebol - diz Wendel.
Wendel também pode agradecer a Paulo que os tempos improvisados na lateral por enquanto terminaram. Thiago Feltri será o titular no setor na partida contra o Olaria, nesta quarta-feira, às 16h, e Wendel retoma sua condição de meia. Não é coincidência. É antiga percepção de onde ele pode render melhor. Ainda mais aos 30 anos.
- Lembro do Wendel quando começou comigo no Cruzeiro. Sei que ele pode me ajudar muito - disse, ainda na apresentação, o técnico do Vasco.
- O Paulo sabe que minha posição de origem é no meio de campo. Já deu para ver que ele quer isso de mim - afirma o jogador do Vasco.
Dupla afinada
Embora passe por fase irregular, assim como o time do Vasco, Wendel acredita que a nova dupla fora de campo possa conseguir elevar o nível de cada jogador no elenco.
- Ricardo e Paulo têm jeito muito parecido. São dois grandes entendedores de futebol, de tática, com a conduta muito parecida. Eles conseguem se impor e cobrar sem terem a necessidade de alterar a voz - diz Wendel.
Coincidentemente, foi com Ricardo Gomes que a trajetória de Wendel no futebol decolou um pouco mais. Com o diretor técnico do Vasco, o meia teve convocações para seleção pré-olímpica na mesma época em que se destacava no Cruzeiro e depois foi jogar no futebol francês.
Com seu estilo mineirinho, de fala mansa, Wendel, o garoto de 17 anos que uma vez Autuori pediu para deixar as férias em Salvador para treinar com os profissionais, também mostra sua postura de líder num time que perdeu grande parte de suas referências. No início do ano, os jogadores foram à diretoria e combinaram uma nova postura com relação aos salários atrasados, ainda uma constante em São Januário.
- Nos reunimos na pré-temporada e pedimos mais transparência este ano. Até agora estamos sendo correspondidos. A gente sabe que o clube tem seus problemas, todos aqui sabem, mas nunca vamos deixar de lutar em campo.