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Auremir conta as mudanças que ocorreu em sua vida

Auremir parece aquele vizinho que ganhou na loteria. Carro zero, casa reformada, roupa de grife e penteado novo, todo moderno. O volante, revelado no Náutico, ralou bastante quando começou na carreira. Só para ir aos Aflitos, uma verdadeira aventura: tinha que encarar uma ladeira gigantesca, pegar o ônibus e caminhar 15 minutos até a sede alvirrubra. Mas o \"calvário\" não existe mais. Os cinco meses defendendo o Vasco mudaram a vida do jogador, que começa a realizar seus sonhos e dar o conforto esperado para a família. Uma realidade diferente da contada pelo GLOBOESPORTE.COM em março, quando ainda engatinhava na carreira futebolística.

- Antes tinha como o meu primeiro objetivo comprar um carro, mas quando as coisas foram acontecendo, mudei de ideia e preferi arrumar a casa da minha mãe primeiro. Se eu não estava sofrendo no Rio de Janeiro, por que ela e minha irmã sofreriam em Paulista?

A frase acima foi dita entre cimento, tijolos e os fios descobertos da reconstrução da casa de Auremir, no bairro de Torres Galvão, em Paulista, no região metropolitana do Recife. A simples residência agora é um duplex, onde terá três suítes, duas salas, uma grande cozinha e duas varandas, com previsão de entrega para janeiro. De férias no Vasco, ele está acompanhando a finalização da obra.

- Minha vida mudou bastante. Agora estou num grande clube, maior do que o Náutico e com pespectivas mais amplas para a minha carreira. Estou podendo dar o conforto que meu pai não conseguiu nos dar - disse, lembrando do pai, que morreu de um AV, há quatro anos.

Morando no bairro do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, Auremir não gosta muito de sair pelo Rio e apesar de conhecer os pontos turísticos da Cidade Maravilhosa, prefere ficar em casa.

- Conheço o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, o Jardim Botânico.... Levei a minha mãe para dar uma passeada, mas prefiro ficar em casa. Até Juninho Pernambucano me aconselha muito a não cair na noite carioca, pois tem muito jogador que se perde por lá.

Por serem conterrâneos, Juninho Pernambucano e Auremir se tornaram amigos,numa relação de mestre e pupilo. Mais experiente, nos últimos anos de carreira, Juninho vai dando toques ao jovem de 21 anos.

- É um cara que me orienta, que me cobra, me critica, pois é no mínimo 15 anos mais velho do que eu. É um dos jogadores que mais admiro e sinto orgulho de poder trabalhar.

A vida no Rio de Janeiro está melhor de quando Auremir morava no Recife, mas algumas coisas da sua terra o fazem ter saudade.

- Sinto falta dos meus familiares e também da comida pernambucana. Um feijão com carne de charque, verdura. No Rio só tem feijão preto. Nenhum pernambucano gosta. Sem contar que as coisas por lá são muito caras.

Titular do Vasco de forma meteórica, Auremir chegou de mansinho, sem muita mídia e conquistou a posição após quatro rodadas em São Januário. Vindo de um bom primeiro semestre no Náutico, ele é tido como referência para clube da Rosa e Silva. Com o exemplo Auremir, as categorias de base viraram prioridade.

- Fico feliz por isso. O Náutico é o clube onde eu comecei, dei os meus primeiros passos e espero poder voltar a jogar.

Da linha de ônibus para um carro que custa R$ 63 mil, Auremir batalhou bastante. Quase largou o futebol com a morte do pai, que ficou aproximadamente dois meses na UTI, sob cuidados do filho. Teve que superar a falta de tradição nas categorias de base do Náutico e provar que tinha futebol para atuar com a camisa alvirrubra. E agora, distante de casa, o volante de formação, mas lateral por oportunidade, é dono da camisa 2 de uma das principais agremiações do País. Um 2012 fulminante que não mudou o íntimo do Auremir conhecido da comunidade Torres Galvão.

- Auremir continua o mesmo, não mudou muito. Lógico que está mais solto, mas mantêm a simplicidade que sempre teve. É humilde e assim ele continuará crescendo. Merece muito e é uma referência para a gente, um vencedor que serve como espelho para a vizinhança, aqui, em Paulista - afirmou o auxiliar de cozinha e um dos colegas de infância do lateral, Aleudo Ferreira.

A admiração da vizinhança parece ser condizente com o pensamento do jogador. Para quem passava dificuldades financeiras e de uma hora para outra mudou de estilo de vida, o sucesso não o cegou. Mesmo sem caminhar para ir ao trabalho, os pés no chão continuam.

- Agora é trabalhar e juntar dinheiro para investir. A carreira de jogador de futebol é curta e estou com apenas 14 ou 15 anos de profissional pela frente. Passa muito rápido e tenho que aproveitar que as coisas estão acontecendo para não sofrer depois.

Fonte: ge
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