Um dos jogadores mais emocionados após a goleada sofrida pelo Vasco era o meia Nenê. Contratado neste ano com a esperança de ser a salvação do time no segundo turno da Série B, foi abraçado pela torcida e chegou a liderar um esboço de reação na competição. No fim das contas, não passou de esboço mesmo.
Ainda no gramado, ele chorou e disse ter feito de tudo para subir com o cruz-maltino. Seu contrato com o clube vai até dezembro de 2022, e ele afirmou que pretende seguir no Vasco, mesmo sem o retorno sonhado à primeira divisão.
— Temos que ter vergonha na cara mesmo. Eu estou assim porque é a segunda vez que vim ajudar e sinto que falhei — afirmou.
Nenê pode ser considerado uma das poucas certezas do Vasco para a próxima temporada. A confirmação de mais um ano na segunda divisão antes do fim da competição antecipa a discussão interna a respeito do planejamento para 2022. E na mesa não faltam pontos de interrogação.
Um exemplo: Nenê foi um dos poucos poupados pela torcida em São Januário. Ainda no primeiro tempo, as principais vaias foram direcionadas ao técnico Fernando Diniz e ao atacante Morato. Ambos têm contrato com o clube até dezembro e dificilmente devem renovar.
Depois que a goleada se confirmou, a torcida cantou “time sem vergonha”. No total, são 15 jogadores com contrato profissional cujo término será em dezembro. O nome de maior peso é o de Cano.
Pela primeira vez na sua história, o Vasco jogará duas edições da Série B seguidas. O placar de 4 a 0 para o Botafogo representou a maior derrota do cruz-maltino para um dos três rivais cariocas em São Januário na História.
Futuro aberto
O presidente Jorge Salgado também não escapou dos xingamentos na Colina. Com o fracasso na tarefa de recolocar o Vasco na elite, agora ele se junta aos outros três presidentes que o antecederam, todos eles com a responsabilidade de ao menos uma temporada na Série B na conta — Roberto Dinamite (2009 e 2014), Eurico Miranda (2016), Alexandre Campello (2021) e, agora Salgado, em 2022.
Chamou a atenção sua ausência na entrevista coletiva depois do jogo. Coube apenas ao diretor de futebol Alexandre Pássaro a tarefa de representar a diretoria na primeira coletiva em que o clube reconheceu que não tem mais chances de voltar para a primeira divisão no ano que vem.
Responsável pela montagem do elenco deste ano e um dos mais criticados pela torcida, Pássaro afirmou que seguirá no cargo ao menos até o fim da Série B, mas deixou aberta a possibilidade de sair na sequência.
— Depois, se o Vasco entender ou eu mesmo vir que os projetos são muito distintos, o meu e o do clube, serei o primeiro a sair — afirmou o executivo.
Na entrevista, Fernando Diniz mostrou abatimento com a goleada. O treinador defendeu a qualidade do elenco e afirmou que não faltou dedicação dos envolvidos para que o Vasco subisse. Sobre uma possível permanência no clube para a próxima temporada, afirmou que ainda não conversou com a diretoria.