A limitação financeira não pode servir de empecilho para o Vasco desenvolver um bom trabalho na base. Esta é a ideia de Paulo Autuori, que teve como um dos principais motivos para trabalhar no Vasco a possibilidade de colocar em prática seus métodos e seu pensamento em todo o futebol do clube. O treinador lamenta que ainda não tenha encontrado tempo para se dedicar como gostaria às categorias inferiores - ele só esteve com o diretor da base, Mauro Galvão, uma vez, há mais de uma semana -, mas compensa dando atenção especial aos recém-promovidos dos juniores.
O técnico manteve o rodízio de atletas da base no profissional e ainda levou três garotos para a intertemporada em Juiz de Fora. O volante Baiano, o meia Fabio Lima e o atacante Thalles foram integrados aos profissionais. No elenco, ainda há outros sete. Entre eles, dois meias que despontaram nos juniores, mas que ainda não tiveram sucesso no profissional: Marlone e Jhon Cley. O último, mais novo, eventualmente ainda reforça o time de juniores, enquanto o Russo, como também é chamado Marlone, por pouco não foi emprestado no início do ano. Essa possibilidade de empréstimo foi logo cortada por Paulo Autuori.
- Não tem nenhuma chance de o Marlone sair. O Marlone está aqui dentro, vai crescer e terá o período certo para atuar. Ele, Jhon Cley e outros. Os mais jovens não vão entrar jogando. Vão trabalhar, vão crescer e, se mostrarem que podem jogar e no jogo fizerem o mesmo que nos treinos, terão oportunidade - disse Autuori
O treinador afirmou que pretende emprestar vídeos de grandes jogadores de meio de campo para os garotos vascaínos.
- É importante eles terem referências. O trabalho do jogador não termina quando acaba o treino. Principalmente para os mais novos. É importante pensar o futebol, pegar algumas referências. Mas não para imitar, e sim para ver a efetividade do jogo, dos movimentos. Isso tudo é um trabalho meu também, que eu tenho que fazer, tenho que gerar condições de o jogador crescer - explica o técnico.
Paulo não se mostrou preocupado com os maus resultados do clube na base nos últimos tempos.
Na categoria de juniores, o último título foi em 2010. Nos últimos anos, o Vasco teve eliminações precoces em torneios nacionais e ainda mau resultado no Carioca deste ano - quando não chegou nem às semifinais nos dois turnos.
- Quando se desenvolve um bom trabalho na base, a tendência é você ganhar. Agora, isso não deve ser a primeira preocupação. O resultado tem que vir de forma natural, como coroação do trabalho - diz Paulo Autuori.
Se as dificuldades financeiras impedem contratações no profissional, elas também limitam o trabalho nas divisões inferiores, reconhece Autuori. Mas o treinador acredita que muita coisa pode ser feita, principalmente com criatividade.
- Para ter ideias, não precisa de dinheiro. Claro que para colocá-las em prática há limitações. Mas aí precisa usar a criatividade. As ideias têm que permanecer, mesmo na dificuldade. Tenho convergências de pensamento com René Simões, e vamos colocar nossas ideias em prática assim que possível.