Iniciando mais uma crônica, desta vez é impossível me limitar apenas ao que aconteceu dentro das quatro linhas. Falando de futebol, o Vasco conseguiu arrancar um empate contra o Sport jogando fora de casa em uma partida de pouca técnica. Jorginho fez força para conseguir perder o jogo mas no fim, literalmente, conseguimos encontrar um pênalti indiscutível e voltamos com não apenas um ponto na bagagem, mas com a manutenção da distância para o time pernambucano. Porém, quem viu o jogo ou leu qualquer notícia a respeito, sabe que esta partida contou com muitos ingredientes que começaram antes mesmo da bola rolar.
Desde o início da semana passada, que estava sendo criado um clima tenso e hostil para nos intimidar, afinal, era o Sport que precisava vencer desesperadamente. No campo, jogadores tentando pressionar o árbitro em cada lance, mas tudo ficou mais tranquilo quando o time da casa abriu o placar. Só que ai, coube ao destino escrever mais uma peça daquelas que só o futebol sabe proporcionar: Raniel, que entrara no intervalo, teria em suas mãos (no caso, em seus pés) a oportunidade em forma de cobrança de pênalti que faria o Vasco dar um passo gigantesco em direção ao acesso, deixando outro adversário mais distante da briga. Quem não lembrou daquele fatídico penal desperdiçado por Germán Cano contra o Guarani em 2021? Só que o camisa 9, um dos jogadores mais criticados do elenco, cobrou com perfeição, empatou o jogo e tirou todo peso que aquele lance deixava em suas costas. O auge. O momento mais esperado. O gol.
No futebol, a alegria de um lado se equipara a tristeza de outro. Só que o torcedor do Sport, um clube acostumado a tentar ganhar tudo na marra, ficou tristinho com a “provocação” de Raniel na comemoração e começou mais uma lamentável cena que infelizmente estamos acostumados a ver no futebol: invasão de campo, tumulto, agressão, covardia e tudo aquilo que não cabe mais em um estádio de futebol. Mas pra mim, quase tão grave quanto a postura dos “torcedores” rubro-negros, foi a tentativa de nomear Raniel como o culpado pela confusão. Tudo bem… Correr em direção da torcida adversária e provocar colocando a mão no ouvido é algo errado, certo? NÃO! Quantos Romários, Edmundos, Túlios, e até mesmo Gabriéis atualmente faziam e fazem o mesmo? Só que ai é legal… É irreverente… Mas quando é com um atleta do Vasco é feio e errado? Raniel fez o gol que vai deixar o Sport mais um ano na Série B e acabou. Aceita que dói menos. Agora querer responsabilizar o jogador vascaíno pela incompetência de montar um time fraco que toma o empate aos 49 do segundo tempo? Por “torcedores” covardes que batem em uma bombeira caída no chão e colocam em risco a vida de diversos profissionais? Pra finalizar, gostaria também de pontuar a estúpida e vergonhosa entrevista do senhor Claudinei Oliveira, treinador do adversário. Ou melhor, deixo a recomendação do brilhante vídeo feito por Flávio Dias para o canal AV Mais:
O JOGO
Falando agora de bola, aquilo que deveria ser a prioridade discutida após um jogo de futebol. A principal novidade no time titular foi a escalação de Miranda na lateral-direita substituindo Léo Mattos, suspenso. O zagueiro de 22 anos não entrava em campo há 13 meses, devido suspensão por dopping estipulada pela Conmebol. Com isso, os 11 escolhidos foram: Thiago Rodrigues; Miranda, Anderson Conceição, Danilo Boza e Edimar; Yuri Lara, Andrey Santos, Marlon Gomes e Nenê; Figueiredo e Eguinaldo.
O Sport, que precisava vencer a qualquer custo (!), começou tentando pressionar, mas tivemos um primeiro tempo pouquíssimo inspirado pelos dois lados. Víamos um jogo movimentado mas controlado, até que Jorginho decide dar um grande toque de emoção no intervalo e o time volta para o segundo tempo com duas mudanças: Alex Teixeira entra no lugar de Nenê e Miranda sai para entrada de Raniel, deslocando Figueiredo para a lateral. Vendo de fora, a mudança tática dava a suspeita que que perderíamos movimentação ofensiva, deixando de fazer a mesma pressão na saída de bola adversária, além de facilitarmos o ataque do time pernambucano principalmente pelo lado esquerdo, já que passaríamos a ter um atacante responsável pela marcação no setor. E para a surpresa de um total de 0 pessoas, foi exatamente isso que aconteceu. O Sport cresceu no jogo e abriu o placar com o gringo Labandeira aos 19 minutos, aproveitando rebote vindo de grande defesa de Thiago Rodrigues. O Vasco chegou a ter duas grandes chances, ambas de cabeça, sendo uma por cada zagueiro: Anderson Conceição acertou a trave e Danilo Boza não conseguiu alcançar uma bola livre na pequena área. Mas outras substituições dificultariam ainda mais as coisas: Gabriel Pec no lugar de Marlon Gomes que precisou ser substituído devido um choque de cabeça; Erick no lugar de Eguinaldo e Palácios voltando a jogar substituindo Yuri Lara. Perdemos de uma vez só qualidade técnica, velocidade e pegada na marcação. Com um time jogando ainda pior, o jogo caminhava para o final até o derradeiro momento. Gabriel Pec chuta de fora e o goleiro Saulo espalma pros pés de Alex Teixeira que é derrubado pelo próprio arqueiro. Pênalti claro que não foi marcado em campo mas foi devidamente assinalado após análise do VAR. Raniel foi pra batida já aos 49 e guardou após cobrança perfeita. A partir daí começou toda a confusão, o jogo ficou paralisado por quase 1 hora, até que o árbitro Raphael Claus decidiu encerrar o jogo por falta de segurança, mesmo sendo pressionado pela Polícia Militar, Federação de Pernambuco e todos os integrantes do Sport, que claramente não demonstraram se importar nem mesmo com torcedores machucados que eram atendidos dentro do campo de jogo.
Com o empate o Vasco chegou aos 56 pontos, no quarto lugar, com 3 de vantagem sobre o próprio Sport, primeiro time fora do G4. No próximo sábado (22) o Cruzmaltino recebe o Criciúma em São Januário já com todos os ingressos esgotados. Vale ficar de olho nas partidas entre Londrina x Sport e Ituano x Sampaio Corrêa, que acontecem no mesmo dia.
NOTAS
Thiago Rodrigues: Menos exigido do que o esperado, se saiu bem desta vez. Não teve culpa no gol após ter feito grande defesa em primeiro momento. Nota 6,5
Miranda: Começou a partida nervoso e demonstrando a já esperada falta de ritmo de jogo, mas conseguiu ter uma atuação aceitável pra que jogou improvisado e não entrava em campo por tanto tempo. Nota 6 – Raniel: Errou tudo que tentou e piorou o time, mas foi decisivo na hora em que mais precisou, marcando o gol de pênalti em uma cobrança perfeita. Nota 6,5
Anderson Conceição: Impecável nas bolas aéreas defensivas, ganhando tudo que disputou. Quase marcou um gol na segunda etapa acertando cabeçada na trave. Nota 7,5
Danilo Boza: Também foi bem fazendo uma partida segura e foi outro que teve chance de marcar em lance que por muito pouco não alcançou a bola. Nota 7,5
Edimar: Como sempre, muito mais feliz na defesa do que no ataque. Atrás, grande número de desarmes. Na frente, praticamente nenhuma colaboração. Nota 6,5
Yuri Lara: Sempre a peça mais importante pra marcação, cumpriu seu papel e errou menos passes que de costume. Nota 7 – Palácios: Voltou a jogar depois de breve período lesionado e pouco agregou na armação, participando pouco. Nota 5,5
Andrey Santos: Ajudou na marcação mas contribuiu pouco na parte ofensiva, fazendo o time sentir sua ausência na criação. Fez uma partida ok, abaixo do seu nível. Nota 6
Marlon Gomes: Sempre muito participativo, apareceu em diversos setores do campo, trazendo sempre mobilidade e criatividade para o time. Saiu após um choque de cabeça. Nota 7,5– Gabriel Pec: Não que ainda se espere muito de Gabriel Pec. Muita correria e pouca inteligência. Apareceu dando o chute que culminou no lance do pênalti. Nota 5,5
Nenê: Participou pouco do jogo, principalmente devido o pouco auxílio de Andrey Santos, que dificultou a criação pelo meio campo e gerou mais número de ligação direta. Acertou um escanteio mas errou a maioria dos poucos passes que tentou. Nota 5,5 – Alex Teixeira: Apresentou uma intensidade maior que Nenê, o que não é difícil. Foi engolido pela forte marcação adversária na maioria dos lances mas teve o mérito que sofrer o pênalti decisivo ao não desistir da jogada. Nota 6
Figueiredo: Tentou contribuir no primeiro tempo, quando o time se preocupou mais em não ser pressionado pelo adversário. Na segunda etapa jogou de lateral-direito e se saiu melhor do que o esperado, com bastantes desarmes. Nota 6,5
Eguinaldo: Uma das partidas de menos destaque do jovem, mas não por erros e sim por poucas oportunidades. Foi pouco acionado ofensivamente e tentou contribuir com a marcação, mas não apareceu muito. Nota 5,5 – Erick: Escolhido como talismã de Jorginho nesta reta final de Série B, ainda não justificou seu ressurgimento após longo período no limbo. Praticamente não participou do jogo. Nota 5
Jorginho: Montou uma equipe de acordo com o contexto da partida e conseguiu se manter no primeiro tempo, mas pôs tudo a perder já no intervalo fazendo substituições que pioraram o time ao longo do segundo tempo. Nota 4